LEONARDO SOUZA
da Reportagem Local

Os controladores do banco Boavista, que estão vendendo a instituição ao Bradesco, receberão como pagamento ações do próprio Bradesco. As duas partes não deram mais detalhes sobre o processo de venda, mas enviaram "fato relevante" ontem à Bolsa de Valores de São Paulo comunicando a operação.
O termo, assinado pelo banco Bradesco e pelos grupos banco Espírito Santo, Caisse Nationale de Crédit Agrícole e Monteiro Aranha (acionistas do Boavista), é um protocolo de intenção de compra. O documento prevê a aquisição de 100% do controle do Boavista.
O "fato relevante" informa que a compra se dará "mediante a incorporação do Boavista pelo Bradesco e atribuição de ações deste último aos atuais acionistas do Boavista".
O Boavista interessa ao Bradesco por sua forte presença no Rio de Janeiro, onde a instituição já tinha planos de reforçar atuação. O Boavista conta hoje com 73 agências e tem permissão do Banco Central para abrir mais cem agências.
Segundo números de dezembro do ano passado, os ativos totais do Boavista somavam R$ 5 bilhões, apenas 6,5% dos R$ 80 bilhões de ativos do Bradesco. A proporção é pequena, mas a incorporação da instituição contribui para os planos do Bradesco, maior banco do país, de ganhar escala.
A notícia de aquisição do Boavista teve impacto positivo nas bolsas para o Bradesco. As ações preferenciais do banco subiram ontem 7,75% e as ordinárias, 4,61%.
O documento destaca ainda que a concretização da operação depende de aprovação das autoridades competentes, assinatura do documento contratual e auditoria ("due dilligence") nas contas do Boavista.
O Boavista foi comprado pelos atuais controladores em 97. De lá para cá, já investiram quase R$ 1 bilhão na instituição. O banco atende basicamente o chamado "middle market" (mercado médio), centrado em clientes de rendimento médio de R$ 5 mil.

Lucro pequeno
O banco não vinha apresentando bons resultados. No primeiro semestre de 99, a instituição registrou prejuízo de R$ 37 milhões. No ano, o lucro foi de apenas R$ 11 milhões.
A imagem do Boavista sofreu sério desgaste no começo de 99. Com a desvalorização do real, muitos fundos de investimento do banco tiveram grandes perdas e a instituição resolveu ressarcir parte dos prejuízos dos cotistas.
A área de administração de recursos era uma das principais atividades do banco.


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