São Paulo, sábado, 29 de abril de 2000


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SEM ACORDO
Líder do movimento diz que nas primeiras 48 horas da paralisação haverá desabastecimento no país
Caminhoneiros decidem parar na 2ª


VALÉRIA DE OLIVEIRA
free-lance para a Folha

Depois de mais de nove horas de reunião e sem chegar a um acordo com os ministros Eliseu Padilha (Transportes) e José Gregori (Justiça), os caminhoneiros decidiram manter a paralisação marcada para segunda-feira.
Uma das principais reivindicações dos caminhoneiros é a isenção do pagamento de pedágio. Na quinta-feira, o governo também tentou um acordo, mas não obteve sucesso. Padilha chegou a falar que o governo poderia usar a força para garantir o direito de ir e vir nas estradas.
O governo ofereceu um vale-pedágio que deveria ser pago pelo dono da carga. A proposta não foi aceita. Nélio Botelho, presidente do MUBC (Movimento União Brasil Caminhoneiro), disse que essa solução foi usada, sem sucesso, em São Paulo.
Botelho disse que nas primeiras 48 horas de paralisação dos caminhões haverá problemas de desabastecimento no país. Ele estima que entre 800 mil e 1 milhão de caminhões ficarão parados até que o governo atenda a reivindicação relativa aos pedágios e outras cinco questões.
Os caminhoneiros querem o tabelamento do frete baseado numa planilha de custos, fim da exigência de distribuição da carga pelo número de eixos do caminhão, medidas para acabar com a violência nas estradas, direito à aposentadoria e também de ter mais pontos na carteira de motorista.
O ministro Eliseu Padilha procurou minimizar o movimento. Ele acha que a paralisação não terá adesão da maioria da categoria, porque entidades representativas dos empresários e outras que também congregam caminhoneiros não aprovam a paralisação.
Botelho disse que as rodovias não serão bloqueadas, como aconteceu em 99. Os panfletos distribuídos pelas lideranças do movimento convocam os caminhoneiros para se juntar aos colegas nos postos e acostamentos das estradas mais próximas às cidades em que moram.
"É questão de honra para nós não haver qualquer transtorno em rodovia", afirmou Botelho. Ele disse que o movimento está orientando os caminhoneiros a não carregar seus caminhões, a partir de anteontem, para não ficarem parados no meio do caminho. Segundo Botelho, haverá um tráfego "diminuto", e a paralisação será "pacífica e ordeira".
Botelho disse que quer a opinião pública a favor do movimento. Ele disse que o governo alegou problemas nos contratos firmados com empresas concessionárias de rodovias para não aceitar a isenção das tarifas de pedágio.
Desde a última paralisação dos caminhoneiros, ano passado, um grupo de trabalho, formado pelos trabalhadores e por representantes de seis ministérios estudam soluções para o setor.
Botelho disse que, mesmo com a paralisação, os caminhoneiros continuam negociando com o governo. Ele foi enfático ao dizer, entretanto, que ""a única forma que teríamos de resolver o problema seria liberar os caminhões de pagamento de pedágio em todas as rodovias brasileiras".
Botelho informou que chegou a fazer uma contraproposta de que o pedágio fosse cobrado "na fonte", antes do embarque da carga, para que os caminhões pudessem ser liberados da tarifa. Mesmo assim, não saiu um acordo.


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