|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SEM ACORDO
Líder do movimento diz que nas primeiras 48 horas da paralisação haverá desabastecimento no país
Caminhoneiros decidem parar na 2ª
VALÉRIA DE OLIVEIRA
free-lance para a Folha
Depois de mais de nove horas
de reunião e sem chegar a um
acordo com os ministros Eliseu
Padilha (Transportes) e José Gregori (Justiça), os caminhoneiros
decidiram manter a paralisação
marcada para segunda-feira.
Uma das principais reivindicações dos caminhoneiros é a isenção do pagamento de pedágio. Na
quinta-feira, o governo também
tentou um acordo, mas não obteve sucesso. Padilha chegou a falar
que o governo poderia usar a força para garantir o direito de ir e vir
nas estradas.
O governo ofereceu um vale-pedágio que deveria ser pago pelo
dono da carga. A proposta não foi
aceita. Nélio Botelho, presidente
do MUBC (Movimento União
Brasil Caminhoneiro), disse que
essa solução foi usada, sem sucesso, em São Paulo.
Botelho disse que nas primeiras
48 horas de paralisação dos caminhões haverá problemas de desabastecimento no país. Ele estima
que entre 800 mil e 1 milhão de caminhões ficarão parados até que
o governo atenda a reivindicação
relativa aos pedágios e outras cinco questões.
Os caminhoneiros querem o tabelamento do frete baseado numa
planilha de custos, fim da exigência de distribuição da carga pelo
número de eixos do caminhão,
medidas para acabar com a violência nas estradas, direito à aposentadoria e também de ter mais
pontos na carteira de motorista.
O ministro Eliseu Padilha procurou minimizar o movimento.
Ele acha que a paralisação não terá adesão da maioria da categoria,
porque entidades representativas
dos empresários e outras que
também congregam caminhoneiros não aprovam a paralisação.
Botelho disse que as rodovias
não serão bloqueadas, como
aconteceu em 99. Os panfletos
distribuídos pelas lideranças do
movimento convocam os caminhoneiros para se juntar aos colegas nos postos e acostamentos
das estradas mais próximas às cidades em que moram.
"É questão de honra para nós
não haver qualquer transtorno
em rodovia", afirmou Botelho.
Ele disse que o movimento está
orientando os caminhoneiros a
não carregar seus caminhões, a
partir de anteontem, para não ficarem parados no meio do caminho. Segundo Botelho, haverá um
tráfego "diminuto", e a paralisação será "pacífica e ordeira".
Botelho disse que quer a opinião pública a favor do movimento. Ele disse que o governo alegou
problemas nos contratos firmados com empresas concessionárias de rodovias para não aceitar a
isenção das tarifas de pedágio.
Desde a última paralisação dos
caminhoneiros, ano passado, um
grupo de trabalho, formado pelos
trabalhadores e por representantes de seis ministérios estudam
soluções para o setor.
Botelho disse que, mesmo com
a paralisação, os caminhoneiros
continuam negociando com o governo. Ele foi enfático ao dizer,
entretanto, que ""a única forma
que teríamos de resolver o problema seria liberar os caminhões
de pagamento de pedágio em todas as rodovias brasileiras".
Botelho informou que chegou a
fazer uma contraproposta de que
o pedágio fosse cobrado "na fonte", antes do embarque da carga,
para que os caminhões pudessem
ser liberados da tarifa. Mesmo assim, não saiu um acordo.
Texto Anterior: Telecomunicações: Light entra no mercado de telefonia Próximo Texto: Líder diz que MG e PR não vão parar Índice
|