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ANO DO DRAGÃO
Nas próximas semanas, o tomate, grande causador da alta do custo de vida, desaparecerá da lista de aumentos
Vilão da inflação pára de pressionar o índice
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
O tomate, o principal vilão da
inflação neste ano, vai desaparecer da lista das altas nas próximas
semanas. A pressão do produto
foi tão elevada nas últimas semanas, no entanto, que neste mês o
tomate assume a liderança das
maiores altas do índice desde o
início do Plano Real, posto que será roubado dos aluguéis.
O tomate, que chegou a registrar alta de 63% no início deste
mês, deverá terminar abril com
reajuste médio de 20%, o que elevaria o acumulado do Real para
633%, deixando para trás os aluguéis, que acumulam alta de
538%.
A pressão menor do tomate,
que permitiu o recuo nos preços
médios dos alimentos, e a queda
generalizada nos demais setores
-à exceção de vestuário-, fizeram a Fipe (Fundação Instituto de
Pesquisas Econômicas) manter a
previsão de aumento de 0,60% na
inflação para este mês na cidade
de São Paulo, "mas com viés de
baixa", disse Heron do Carmo,
coordenador do Índice de Preços
ao Consumidor.
O coordenador da Fipe diz que
o tomate deverá dar um alívio na
taxa de inflação já a partir de
maio, quando a queda, que já
ocorre no atacado, for refletida
pelos índices de preços pagos pelos consumidores.
No início deste mês, uma caixa
de tomate de melhor qualidade
para salada era negociada a R$ 47
na Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do
Estado de São Paulo). Na semana
passada, o produto já havia recuado para R$ 26.
Queda ao consumidor
Essa queda no atacado reflete o
recuo nos preços pagos aos produtores. Acompanhamento do
Instituto de Economia Agrícola
indicava alta de 100% nos preços
do tomate em março em relação a
fevereiro.
A pesquisa que será divulgada
na próxima sexta-feira, referente
aos preços finais de abril, já vai
mostrar queda nominal, diz Nelson Martin, coordenador da pesquisa do IEA.
Para Martin, a queda ocorre
porque "a oferta de tomate está se
normalizando, o clima atual é
mais favorável à produção e, além
disso, os preços anteriores eram
insustentáveis".
Sem o tomate, restam os preços
oligopolizados, que devem liderar
as principais pressões nas próximas semanas. Heron acredita, no
entanto, que essa pressão também deverá diminuir porque esses produtos só estão elevados devido ao repique do dólar em fevereiro e março.
O atual recuo da moeda norte-americana para cerca de R$ 3 (ontem fechou em R$ 2,962) vai permitir um ritmo bem menor de aumentos nesses itens.
Cenário favorável
O cenário inflacionário volta a
ser mais favorável, na avaliação de
Heron. Os preços subiram 0,71%
na terceira quadrissemana deste
mês (período de 24 de março a 22
deste mês em relação às quatro semanas imediatamente anteriores), abaixo do 0,84% da anterior.
A pressão dos alimentos está diminuindo, o setor de serviços já
registra ritmo menor de reajustes
e os preços da gasolina e do álcool
começam a cair. "Maio e junho
serão meses de taxas baixas", diz o
economista da Fipe.
Heron diz que a única pressão
prevista para o próximo mês será
no setor de vestuário, devido ao
Dia das Mães. A tendência de alta
já foi iniciada e os preços subiram
1,15% nos últimos 30 dias. Em
março, a alta tinha sido de 0,73%.
Industrializados
O economista da Fipe diz que
em maio os preços de alguns alimentos industrializados e semi-elaborados ainda vão se destacar,
como os do leite e os do feijão, devido à entressafra. Esses aumentos serão anulados, no entanto,
pela tendência de queda nos demais setores.
Apesar da redução da taxa de
inflação, os preços oligopolizados
ainda mantêm forte pressão no
índice. A pesquisa da Fipe registrou aumentos de 4,2% nos preços do sabão em barra; 2,97% nos
do sabão em pó; 4,9% nos de
amaciante; 5,3% nos do sabonete;
e 8,5% nos de creme para pele.
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