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São Paulo, terça-feira, 29 de abril de 2003

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ANO DO DRAGÃO

Nas próximas semanas, o tomate, grande causador da alta do custo de vida, desaparecerá da lista de aumentos

Vilão da inflação pára de pressionar o índice

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

O tomate, o principal vilão da inflação neste ano, vai desaparecer da lista das altas nas próximas semanas. A pressão do produto foi tão elevada nas últimas semanas, no entanto, que neste mês o tomate assume a liderança das maiores altas do índice desde o início do Plano Real, posto que será roubado dos aluguéis.
O tomate, que chegou a registrar alta de 63% no início deste mês, deverá terminar abril com reajuste médio de 20%, o que elevaria o acumulado do Real para 633%, deixando para trás os aluguéis, que acumulam alta de 538%.
A pressão menor do tomate, que permitiu o recuo nos preços médios dos alimentos, e a queda generalizada nos demais setores -à exceção de vestuário-, fizeram a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) manter a previsão de aumento de 0,60% na inflação para este mês na cidade de São Paulo, "mas com viés de baixa", disse Heron do Carmo, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor.
O coordenador da Fipe diz que o tomate deverá dar um alívio na taxa de inflação já a partir de maio, quando a queda, que já ocorre no atacado, for refletida pelos índices de preços pagos pelos consumidores.
No início deste mês, uma caixa de tomate de melhor qualidade para salada era negociada a R$ 47 na Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo). Na semana passada, o produto já havia recuado para R$ 26.

Queda ao consumidor
Essa queda no atacado reflete o recuo nos preços pagos aos produtores. Acompanhamento do Instituto de Economia Agrícola indicava alta de 100% nos preços do tomate em março em relação a fevereiro.
A pesquisa que será divulgada na próxima sexta-feira, referente aos preços finais de abril, já vai mostrar queda nominal, diz Nelson Martin, coordenador da pesquisa do IEA.
Para Martin, a queda ocorre porque "a oferta de tomate está se normalizando, o clima atual é mais favorável à produção e, além disso, os preços anteriores eram insustentáveis".
Sem o tomate, restam os preços oligopolizados, que devem liderar as principais pressões nas próximas semanas. Heron acredita, no entanto, que essa pressão também deverá diminuir porque esses produtos só estão elevados devido ao repique do dólar em fevereiro e março.
O atual recuo da moeda norte-americana para cerca de R$ 3 (ontem fechou em R$ 2,962) vai permitir um ritmo bem menor de aumentos nesses itens.

Cenário favorável
O cenário inflacionário volta a ser mais favorável, na avaliação de Heron. Os preços subiram 0,71% na terceira quadrissemana deste mês (período de 24 de março a 22 deste mês em relação às quatro semanas imediatamente anteriores), abaixo do 0,84% da anterior.
A pressão dos alimentos está diminuindo, o setor de serviços já registra ritmo menor de reajustes e os preços da gasolina e do álcool começam a cair. "Maio e junho serão meses de taxas baixas", diz o economista da Fipe.
Heron diz que a única pressão prevista para o próximo mês será no setor de vestuário, devido ao Dia das Mães. A tendência de alta já foi iniciada e os preços subiram 1,15% nos últimos 30 dias. Em março, a alta tinha sido de 0,73%.

Industrializados
O economista da Fipe diz que em maio os preços de alguns alimentos industrializados e semi-elaborados ainda vão se destacar, como os do leite e os do feijão, devido à entressafra. Esses aumentos serão anulados, no entanto, pela tendência de queda nos demais setores.
Apesar da redução da taxa de inflação, os preços oligopolizados ainda mantêm forte pressão no índice. A pesquisa da Fipe registrou aumentos de 4,2% nos preços do sabão em barra; 2,97% nos do sabão em pó; 4,9% nos de amaciante; 5,3% nos do sabonete; e 8,5% nos de creme para pele.


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