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DIVÃ
Ministro diz que pessimismo "tem fundo psicológico" por não considerar fatos concretos; para industrial, problema é mercado interno
Empresários vivem "baixo astral", diz Furlan
LUIS RENATO STRAUSS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) afirmou
ontem que o "baixo astral" do
empresariado brasileiro "tem um
fundo psicológico", pois não seria
baseado em fatos concretos.
Segundo ele, o país tem uma
boa situação no mercado externo,
e o governo está tomando medidas para superar as dificuldades
do mercado interno.
"No fundo, há o trabalho de
convencimento, porque uma boa
parte desse baixo astral tem um
fundo psicológico. Não vamos dizer aqui que sou um especialista
nisso, mas o ânimo das pessoas
mudou não necessariamente baseado em fatos e dados. É um momento passageiro", disse Furlan
na manhã de ontem, quando
anunciou a jornalistas os membros do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Industrial.
Pesquisa da CNI (Confederação
Nacional da Indústria) mostra
que a confiança da indústria brasileira caiu nos três primeiros meses do ano. O Índice de Confiança
do Empresariado baixou de 62,4
pontos em janeiro para 56,3 pontos em abril. O de avaliação da
economia recuou de 56,1 para
39,0. Os dados da CNI, coletados
entre 29 de março e 19 de abril, variam de 0 a 100 pontos, sendo que
os números acima de 50 indicam
empresários confiantes.
"É conhecido que há uma reversão de expectativa de janeiro a
abril. Nós temos feito um trabalho
de diálogo com diversos setores,
no sentido de mostrar que essa reversão de expectativa não tem
substância nos fatos", afirmou.
Para ele, "o front externo está
tranqüilo", pois o governo conseguiu uma flexibilização das regras
de gastos das estatais com o FMI
(Fundo Monetário Internacional), o que possibilitará maiores
investimentos. Outro fator positivo são as exportações, que têm
"mostrado uma vitalidade muito
grande". Além disso, o governo
estaria tentando mudar panorama no mercado interno.
"Dois países"
"Não sei se o baixo astral é assim
tão forte. No setor exportador, está havendo investimento e crescimento. O mercado interno é que
vive uma situação desfavorável.
São praticamente dois países.
Mas, com o tempo, o dinamismo
do setor exportador tende a favorecer o mercado interno", disse
Jorge Gerdau Johannpeter, presidente do Grupo Gerdau. O empresário foi nomeado para o Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial.
O ministro Furlan ainda destacou a estabilidade do câmbio como um dos fatores positivos da
economia brasileira.
"Nós estamos aí há seis a oito
meses com a taxa de câmbio praticamente estabilizada ao redor de
R$ 2,90. E o crescimento econômico deste ano está praticamente
assegurado pelos dados que a
gente já dispõe dos 3,5%."
No total, o conselho será composto por 11 ministros, incluindo
Antonio Palocci Filho (Fazenda),
Guido Mantega (Planejamento) e
José Dirceu (Casa Civil), nove empresários e dois sindicalistas. Sua
criação está prevista na proposta
de política industrial do governo.
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