São Paulo, quinta-feira, 29 de abril de 2004

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DIVÃ

Ministro diz que pessimismo "tem fundo psicológico" por não considerar fatos concretos; para industrial, problema é mercado interno

Empresários vivem "baixo astral", diz Furlan

LUIS RENATO STRAUSS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) afirmou ontem que o "baixo astral" do empresariado brasileiro "tem um fundo psicológico", pois não seria baseado em fatos concretos.
Segundo ele, o país tem uma boa situação no mercado externo, e o governo está tomando medidas para superar as dificuldades do mercado interno.
"No fundo, há o trabalho de convencimento, porque uma boa parte desse baixo astral tem um fundo psicológico. Não vamos dizer aqui que sou um especialista nisso, mas o ânimo das pessoas mudou não necessariamente baseado em fatos e dados. É um momento passageiro", disse Furlan na manhã de ontem, quando anunciou a jornalistas os membros do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial.
Pesquisa da CNI (Confederação Nacional da Indústria) mostra que a confiança da indústria brasileira caiu nos três primeiros meses do ano. O Índice de Confiança do Empresariado baixou de 62,4 pontos em janeiro para 56,3 pontos em abril. O de avaliação da economia recuou de 56,1 para 39,0. Os dados da CNI, coletados entre 29 de março e 19 de abril, variam de 0 a 100 pontos, sendo que os números acima de 50 indicam empresários confiantes.
"É conhecido que há uma reversão de expectativa de janeiro a abril. Nós temos feito um trabalho de diálogo com diversos setores, no sentido de mostrar que essa reversão de expectativa não tem substância nos fatos", afirmou.
Para ele, "o front externo está tranqüilo", pois o governo conseguiu uma flexibilização das regras de gastos das estatais com o FMI (Fundo Monetário Internacional), o que possibilitará maiores investimentos. Outro fator positivo são as exportações, que têm "mostrado uma vitalidade muito grande". Além disso, o governo estaria tentando mudar panorama no mercado interno.

"Dois países"
"Não sei se o baixo astral é assim tão forte. No setor exportador, está havendo investimento e crescimento. O mercado interno é que vive uma situação desfavorável. São praticamente dois países. Mas, com o tempo, o dinamismo do setor exportador tende a favorecer o mercado interno", disse Jorge Gerdau Johannpeter, presidente do Grupo Gerdau. O empresário foi nomeado para o Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial.
O ministro Furlan ainda destacou a estabilidade do câmbio como um dos fatores positivos da economia brasileira.
"Nós estamos aí há seis a oito meses com a taxa de câmbio praticamente estabilizada ao redor de R$ 2,90. E o crescimento econômico deste ano está praticamente assegurado pelos dados que a gente já dispõe dos 3,5%."
No total, o conselho será composto por 11 ministros, incluindo Antonio Palocci Filho (Fazenda), Guido Mantega (Planejamento) e José Dirceu (Casa Civil), nove empresários e dois sindicalistas. Sua criação está prevista na proposta de política industrial do governo.


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