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TRIBUTOS
Cobrança do PIS/Cofins passa no Senado por 49 votos a 21 em troca de benefício a setores que se sentiam prejudicados
Governo cede para poder taxar importados
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo conseguiu aprovar
ontem no Senado Federal, por 49
a 21, a cobrança de contribuições
sociais sobre bens e serviços importados. Mas antes teve que conceder uma série de benefícios para setores que se sentiram prejudicados pela nova cobrança e pelo
fim da cumulatividade dessas
contribuições.
A cobrança do PIS (Programa
de Integração Social) e da Cofins
(Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) sobre importados começa em maio
para pagamento em 15 de junho.
O governo estima arrecadar cerca
de R$ 90 bilhões com os dois tributos sobre produtos nacionais e
importados neste ano, quase 30%
do total da receita prevista para
2004.
A votação da medida na Câmara deverá acontecer hoje para que
alguns benefícios já entrem em vigor em maio. A Receita Federal
deverá regulamentar as mudanças amanhã.
Apesar de o fim da cumulatividade ser uma reivindicação de todos os empresários, vários setores
reclamam que as novas alíquotas
elevarão muito a carga tributária
das empresas que têm poucas etapas produtivas. Ou seja, que não
eram tão prejudicadas pelo sistema anterior. Ontem, os senadores
da oposição lembraram que a Receita Federal divulgou um aumento de arrecadação de 13,4%
da nova Cofins em março em relação ao mesmo mês do ano passado.
Monstrengo
Os oposicionistas elogiaram algumas concessões feitas pelo governo, mas ressaltaram que muitos setores ficaram de fora e poderão aumentar seus preços. "Virou
um mostrengo. O governo foi
atendendo vários setores e o resultado é que ninguém sabe o que
vai votar", disse o senador Tasso
Jereissati (PSDB-CE).
Ainda ontem, poucas horas antes da votação, o governo, pressionado pelos produtores rurais,
resolveu conceder alíquota zero
para os insumos agrícolas comprados no mercado interno ou
externo. Mas a medida, que mudará o regime de cobrança no setor, só deverá entrar em vigor em
agosto devido à necessidade de
noventena.
Na regra antiga
Alguns setores conseguiram o
benefício de permanecer no sistema cumulativo, que acabou em
fevereiro. Entre eles estão quase
todas as empresas do setor de saúde, a aviação civil e a construção
civil.
No caso da construção civil, o
setor ficará no sistema antigo com
alíquota geral (PIS e Cofins) de
3,65% sobre o faturamento por
dois anos. O sistema não-cumulativo tem alíquota de 9,25%. O governo já havia retirado alguns empreendimentos das novas regras,
mas a medida foi considerada insuficiente pelo setor.
De acordo com técnicos da Receita, alguns setores que quiseram
permanecer no sistema cumulativo poderão ter prejuízo. Isso porque nas compras feitas por eles estará embutida a alíquota nova de
9,25%. Como estarão no regime
antigo, não poderão pedir crédito
por esses tributos pagos. Isso só
será permitido nas novas regras.
Também de última hora, o setor
de turismo, que já havia conseguido permanecer no sistema cumulativo por meio dos transportes
coletivos, parques temáticos, feiras e eventos, recebeu a companhia dos hotéis.
Para adequar o setor automotivo às novas regras das contribuições sociais, o governo modificou
as alíquotas das montadoras.
Mas, para evitar reajustes nos preços dos carros, deve reduzir o Imposto sobre Produtos Industrializados desses produtos. A Folha
apurou que a redução deve ser de
dois pontos percentuais.
O relator da MP, senador Romero Jucá (PMDB-RR), disse que
não foram feitos cálculos sobre o
impacto fiscal das mudanças.
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