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É difícil apontar tendência, diz IBGE
DA SUCURSAL DO RIO
A resistência dos técnicos do IBGE em apontar uma tendência
à recuperação da economia como, teoricamente, mostra o crescimento de 1,34% do PIB do primeiro trimestre deste ano em relação ao trimestre anterior é baseada na forma como o indicador é calculado.
Para comparar o trimestre contra o anterior é preciso, primeiramente, retirar os fatores típicos de cada período (sazonais). Isso dá comparabilidade a períodos distintos. Por exemplo, no verão o consumo de sorvete é bem maior
do que no inverno. É um fator sazonal.
O IBGE retira os fatores sazonais e deixa apenas a tendência normal do PIB e os fatos inesperados (irregularidades) que ocorrem no período, como o racionamento de energia, por exemplo.
Isso é feito com o uso de um modelo chamado X-12 Arima. Há outros modelos, mas, segundo o IBGE, esse é o mais aceito internacionalmente. Para calcular o PIB
sem a sazonalidade, o modelo usa médias de períodos mais longos
(geralmente, de três a cinco trimestres cada).
Como no cálculo da média se perdem os números das pontas, o modelo projeta esses números. A projeção chega a abranger oito trimestre para a frente e para trás.
Se a tendência do momento for de queda, a projeção é para baixo. Se é de crescimento, é ascendente.
Depois, quando sai o número real, a projeção é substituída,
obrigando o IBGE a fazer revisões dos números dessazonalidados a
cada trimestre.
Por exemplo, na divulgação original, o PIB do último trimestre
do ano passado havia caído 1,67%
em relação ao trimestre anterior.
Agora ele foi revisado para mais
0,09%.
Mesmo quando a projeção do
modelo é muito boa, há diferença.
O risco de uma diferença grande é
tanto maior quanto menos estável
seja o desempenho econômico
que está sendo analisado, como é
o caso do brasileiro. Por isso, os
técnicos preferem esperar mais
para tirar conclusões
Petróleo
Dos quatro subsetores nos quais se divide a indústria para efeito de cálculo do PIB, apenas a indústria extrativa mineral, comandada pela produção de petróleo, cresceu (8%). A indústria de transformação caiu 2%, puxada por uma redução de 23,4% na produção de veículos.
A construção civil teve queda de 8,9% em relação ao mesmo trimestre de 2001. Segundo Eduardo Nunes, do IBGE, a queda na construção é emblemática. Ela estaria
refletindo diretamente a redução de 4,4% na renda da população e
de 55,6% nas operações de crédito habitacional no período. Em consequência, o emprego na construção caiu 7,1%.
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