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São Paulo, quinta-feira, 29 de maio de 2003

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Instituto estima que PIB tenha ficado estável sobre outubro/dezembro de 2002; dado oficial sai hoje

Economia não anda no 1º trimestre com Lula, prevê o Ipea

GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.

A economia brasileira ficou estagnada nos primeiros três meses do governo Lula. O PIB (Produto Interno Bruto) no primeiro trimestre deste ano ficou estável em relação ao período de outubro a dezembro de 2002, segundo estimativa do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). O resultado oficial será divulgado hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Já em relação ao primeiro trimestre de 2002, o Ipea prevê crescimento de 2,3% do PIB. No primeiro trimestre do ano passado, a economia brasileira estava muito deprimida.
O mais preocupante em relação à estagnação do PIB neste primeiro trimestre é que as exportações, que no ano passado foram o principal fator de crescimento da economia, não são mais suficientes para impulsionar o país.
Em 2002, o crescimento de 1,5% do PIB se deveu basicamente ao desempenho extremamente positivo das exportações brasileiras, apesar do comportamento fraco do mercado interno. Já neste início de ano as exportações, apesar de continuarem altas, não desempenham mais o papel de motor da economia.
Depois de quatro trimestres de crescimento no ano passado devido às exportações, o PIB pode até ter registrado pequena queda nestes primeiros três meses do ano. A consultoria Tendências, por exemplo, aposta no encolhimento de 0,4% do PIB no primeiro trimestre em relação ao período de outubro a dezembro de 2002.
O economista Juan Pedro Jensen, da Tendências, diz que, "para a economia voltar a crescer a partir de agora, só mesmo se houver uma recuperação do mercado interno. O setor exportador já atingiu o estágio de plena capacidade e não tem mais condições de puxar o crescimento", diz Jensen.
O problema é que não há nenhum sinal de recuperação do mercado interno no curto prazo. "Os juros altos e a inflação ainda elevada são fatores que impedem a possibilidade de recuperação do consumo. Para a economia voltar a crescer será necessária uma queda sustentável dos juros", diz Jensen.

Agora, pior
As perspectivas para o segundo trimestre são piores para a atividade econômica, de acordo com o economista Paulo Levy, coordenador do grupo de conjuntura do Ipea. Segundo ele, o PIB do primeiro trimestre do governo Lula não irá refletir, ainda, os efeitos da alta dos juros promovida pelo Banco Central no início do ano.
Há um intervalo de tempo para a política monetária surtir efeitos sobre a atividade econômica. Esse tempo pode durar de um a dois trimestres.
Dessa forma, Levy prevê desaceleração mais forte na economia neste segundo trimestre. O primeiro sinal foi o comportamento da indústria em abril. De acordo com estimativas do Ipea, a produção industrial do país registrou queda de 3% em relação ao mesmo mês do ano passado.
Já em relação ao mês imediatamente anterior, o Ipea estima que a indústria deve ter registrado em abril um crescimento de apenas 0,60%, apesar de março ter tido menos dias úteis devido ao Carnaval.


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