|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Instituto estima que PIB tenha ficado estável sobre outubro/dezembro de 2002; dado oficial sai hoje
Economia não anda no 1º trimestre com Lula, prevê o Ipea
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
A economia brasileira ficou estagnada nos primeiros três meses
do governo Lula. O PIB (Produto
Interno Bruto) no primeiro trimestre deste ano ficou estável em
relação ao período de outubro a
dezembro de 2002, segundo estimativa do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). O resultado oficial será divulgado hoje
pelo IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística).
Já em relação ao primeiro trimestre de 2002, o Ipea prevê crescimento de 2,3% do PIB. No primeiro trimestre do ano passado, a
economia brasileira estava muito
deprimida.
O mais preocupante em relação
à estagnação do PIB neste primeiro trimestre é que as exportações,
que no ano passado foram o principal fator de crescimento da economia, não são mais suficientes
para impulsionar o país.
Em 2002, o crescimento de 1,5%
do PIB se deveu basicamente ao
desempenho extremamente positivo das exportações brasileiras,
apesar do comportamento fraco
do mercado interno. Já neste início de ano as exportações, apesar
de continuarem altas, não desempenham mais o papel de motor da
economia.
Depois de quatro trimestres de
crescimento no ano passado devido às exportações, o PIB pode até
ter registrado pequena queda nestes primeiros três meses do ano. A
consultoria Tendências, por
exemplo, aposta no encolhimento
de 0,4% do PIB no primeiro trimestre em relação ao período de
outubro a dezembro de 2002.
O economista Juan Pedro Jensen, da Tendências, diz que, "para
a economia voltar a crescer a partir de agora, só mesmo se houver
uma recuperação do mercado interno. O setor exportador já atingiu o estágio de plena capacidade
e não tem mais condições de puxar o crescimento", diz Jensen.
O problema é que não há nenhum sinal de recuperação do
mercado interno no curto prazo.
"Os juros altos e a inflação ainda
elevada são fatores que impedem
a possibilidade de recuperação do
consumo. Para a economia voltar
a crescer será necessária uma queda sustentável dos juros", diz Jensen.
Agora, pior
As perspectivas para o segundo
trimestre são piores para a atividade econômica, de acordo com o
economista Paulo Levy, coordenador do grupo de conjuntura do
Ipea. Segundo ele, o PIB do primeiro trimestre do governo Lula
não irá refletir, ainda, os efeitos da
alta dos juros promovida pelo
Banco Central no início do ano.
Há um intervalo de tempo para
a política monetária surtir efeitos
sobre a atividade econômica. Esse
tempo pode durar de um a dois
trimestres.
Dessa forma, Levy prevê desaceleração mais forte na economia
neste segundo trimestre. O primeiro sinal foi o comportamento
da indústria em abril. De acordo
com estimativas do Ipea, a produção industrial do país registrou
queda de 3% em relação ao mesmo mês do ano passado.
Já em relação ao mês imediatamente anterior, o Ipea estima que
a indústria deve ter registrado em
abril um crescimento de apenas
0,60%, apesar de março ter tido
menos dias úteis devido ao Carnaval.
Texto Anterior: Economia pára no 1º trimestre, afirma Ipea Próximo Texto: Frases Índice
|