UOL


São Paulo, quinta-feira, 29 de maio de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ANO DO DRAGÃO

Fenômeno aumentaria preço de produtos "in natura" e de carnes

Se vier, geada pode aquecer inflação

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

As taxas de inflação dos próximos meses dependem da confirmação de duas notícias. Uma boa e uma má. A boa é que os reajustes sinalizados para as tarifas estão bem abaixo do que se esperava. A má é que, se ocorrerem geadas, as previsões de inflação mudam sensivelmente.
Heron do Carmo, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), diz que as primeiras estimativas de reajuste da energia elétrica, próximas a 10% para São Paulo, reduzem sensivelmente as pressões inflacionárias de julho e de agosto.
Se o reajuste da tarifa de telefone também ficar abaixo do previsto, a queda será ainda maior. Nos cálculos de Heron, o alívio seria de 0,80 ponto percentual para esses dois meses no caso da energia. Somada à redução de telefone, a inflação prevista para o período recuaria para 1,5%, contra previsão anterior de 2,5%. A redução daria uma folga maior, inclusive, na estimativa da Fipe de 9% para este ano.
O economista diz que, se forem confirmados reajustes menores para as tarifas, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) também terá alívio, já que São Paulo participa com peso importante na composição do índice.
Um outro fator poderá, no entanto, impulsionar a inflação e até "colocar uma saia justa nos juros". É a ocorrência de geadas. Uma geada afetaria de imediato os preços dos produtos "in natura", que só agora estão voltando ao normal após as fortes acelerações causadas pelo excesso de chuvas no início do ano.
A produção de milho também seria muito afetada. Boa parte do plantio de milho vem sendo feita no inverno. Bastante suscetível ao frio, quando está em formação, uma geada não concretizaria a previsão da safra de até 10 milhões de toneladas de milho no inverno.
Uma quebra na safra teria dois efeitos imediatos. Gasto de dólares com importação e transferência de custos para os setores de avicultura, pecuária e de rações.
As chances de geada são boas. Segundo Ana Lúcia Frony de Macêdo, meteorologista da Climatempo, há risco de geada em junho no sul do Estado da São Paulo. Para o Sul do país, ela diz que "se espera não só geada como neve, principalmente no Rio Grande do Sul", o que pode ocorrer em vários períodos de junho.
A taxa de inflação continua em queda. Nos últimos 30 dias até 23 deste mês, os preços subiram 0,28%, abaixo do 0,30% registrado na semana anterior. A tendência é de queda porque há uma convergência de reajustes entre -1% e +1%. Na última pesquisa de preços da Fipe, 44% dos 525 itens pesquisados tiveram variações dentro desse patamar.
O único fator de realimentação da inflação são os reajustes salariais. O impacto desses reajustes, porém, tem sido pequeno devido às taxas elevadas de desemprego e à grande participação da economia informal no mercado.
Os alimentos perderam ritmo de alta -subiram 0,08% nos últimos 30 dias. Na segunda quadrissemana de abril, a alta era de 1,53%. O gasto com animais domésticos continua subindo, diz a Fipe. Na pesquisa desta semana, a alta foi de 6%, contra 4,5% na anterior. As rações são as maiores responsáveis pela aceleração.


Texto Anterior: Força prevê "barril de pólvora" em São Paulo
Próximo Texto: Panorâmica - Recall da privatização: Lula vai discutir novos contratos com operadoras
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.