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ANO DO DRAGÃO
Fenômeno aumentaria preço de produtos "in natura" e de carnes
Se vier, geada pode aquecer inflação
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
As taxas de inflação dos próximos meses dependem da confirmação de duas notícias. Uma boa
e uma má. A boa é que os reajustes sinalizados para as tarifas estão bem abaixo do que se esperava. A má é que, se ocorrerem geadas, as previsões de inflação mudam sensivelmente.
Heron do Carmo, coordenador
do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe (Fundação Instituto
de Pesquisas Econômicas), diz
que as primeiras estimativas de
reajuste da energia elétrica, próximas a 10% para São Paulo, reduzem sensivelmente as pressões inflacionárias de julho e de agosto.
Se o reajuste da tarifa de telefone
também ficar abaixo do previsto,
a queda será ainda maior. Nos cálculos de Heron, o alívio seria de
0,80 ponto percentual para esses
dois meses no caso da energia. Somada à redução de telefone, a inflação prevista para o período recuaria para 1,5%, contra previsão
anterior de 2,5%. A redução daria
uma folga maior, inclusive, na estimativa da Fipe de 9% para este
ano.
O economista diz que, se forem
confirmados reajustes menores
para as tarifas, o IPCA (Índice de
Preços ao Consumidor Amplo)
do IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística) também
terá alívio, já que São Paulo participa com peso importante na
composição do índice.
Um outro fator poderá, no entanto, impulsionar a inflação e até
"colocar uma saia justa nos juros". É a ocorrência de geadas.
Uma geada afetaria de imediato
os preços dos produtos "in natura", que só agora estão voltando
ao normal após as fortes acelerações causadas pelo excesso de
chuvas no início do ano.
A produção de milho também
seria muito afetada. Boa parte do
plantio de milho vem sendo feita
no inverno. Bastante suscetível ao
frio, quando está em formação,
uma geada não concretizaria a
previsão da safra de até 10 milhões
de toneladas de milho no inverno.
Uma quebra na safra teria dois
efeitos imediatos. Gasto de dólares com importação e transferência de custos para os setores de
avicultura, pecuária e de rações.
As chances de geada são boas.
Segundo Ana Lúcia Frony de Macêdo, meteorologista da Climatempo, há risco de geada em junho no sul do Estado da São Paulo. Para o Sul do país, ela diz que
"se espera não só geada como neve, principalmente no Rio Grande
do Sul", o que pode ocorrer em
vários períodos de junho.
A taxa de inflação continua em
queda. Nos últimos 30 dias até 23
deste mês, os preços subiram
0,28%, abaixo do 0,30% registrado na semana anterior. A tendência é de queda porque há uma
convergência de reajustes entre
-1% e +1%. Na última pesquisa de
preços da Fipe, 44% dos 525 itens
pesquisados tiveram variações
dentro desse patamar.
O único fator de realimentação
da inflação são os reajustes salariais. O impacto desses reajustes,
porém, tem sido pequeno devido
às taxas elevadas de desemprego e
à grande participação da economia informal no mercado.
Os alimentos perderam ritmo
de alta -subiram 0,08% nos últimos 30 dias. Na segunda quadrissemana de abril, a alta era de
1,53%. O gasto com animais domésticos continua subindo, diz a
Fipe. Na pesquisa desta semana, a
alta foi de 6%, contra 4,5% na anterior. As rações são as maiores
responsáveis pela aceleração.
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