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São Paulo, quinta-feira, 29 de maio de 2003

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ENERGIA

Segundo presidente da Eletrobrás, geradora estatal terá prejuízo por causa de contratos "absurdos" e sobra no mercado

Furnas terá rombo de R$ 500 mi, diz Pinguelli

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Eletrobrás precisará cobrir perdas de R$ 500 milhões na geradora estatal Furnas neste ano. As perdas acontecem, de acordo com Luiz Pinguelli Rosa, presidente da Eletrobrás, por causa de contratos que chamou de "absurdos" com termelétricas e por estar havendo sobra de energia com a redução de mercado pós-racionamento. Furnas entrará em déficit em junho, disse Pinguelli.
No início da noite, a assessoria de imprensa da Eletrobrás informou que, na verdade, não se pode afirmar se Furnas terá ou não prejuízo em junho.
Pinguelli citou ainda três outros fatores que estão pressionando o caixa da Eletrobrás: prejuízos de aproximadamente R$ 400 milhões por ano com distribuidoras "federalizadas" das regiões Norte e Nordeste, tarifas defasadas para a energia das usinas nucleares de Angra 1 e 2 e transferência de termelétricas emergenciais (do seguro-apagão) para garantir o suprimento de energia no Estado do Amazonas.
Em audiência pública na Câmara dos Deputados no final de abril, o presidente da Eletrobrás já havia criticado os contratos "absurdos". Ele se referia ao fato de geradoras estatais serem obrigadas a comprar energia de termelétricas a cerca de R$ 50 por MWh.
Na ocasião, ele explicou que o excesso de energia no mercado permite que essas mesmas termelétricas comprem das próprias geradoras federais energia barata -R$ 4 por MWh- e a devolvam para essas mesmas estatais a R$ 50, por força dos contratos.

Nuclear em crise
Pinguelli ameaçou desligar os reatores das usinas nucleares de Angra 1 e 2 caso a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) não reajuste as tarifas. De acordo com o presidente da Eletrobrás, o preço da energia vendida pelas usinas nucleares deveria ter sido aumentado em 30%. Ele disse que isso significa prejuízo de R$ 1,5 milhão por dia.
Ao não conceder o reajuste, disse, a Aneel está ""condenando a Eletrobrás à morte". Procurada, a agência reguladora não comentou a frase.
O presidente da Eletrobrás ressaltou que não há risco de problemas como vazamentos ou outros acidentes nucleares, porque os reatores estão em perfeito estado de conservação. Ele disse que, se a tarifa não for reajustada, não haverá recursos para manutenção, e por isso os reatores serão desligados para evitar acidentes.

Emergenciais
Pinguelli afirmou também que uma usina de 60 MW que hoje faz parte das "emergenciais" -usinas que fazem parte do seguro-apagão- será transportada do Ceará para o Amazonas, com o objetivo de evitar a falta de energia na região.
A Eletrobrás deverá gastar R$ 6,5 milhões por ano para bancar a geração de energia dessa usina no Amazonas, além de custear o transporte, avaliado em cerca de R$ 3 milhões.


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