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ENERGIA
Segundo presidente da Eletrobrás, geradora estatal terá prejuízo por causa de contratos "absurdos" e sobra no mercado
Furnas terá rombo de R$ 500 mi, diz Pinguelli
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Eletrobrás precisará cobrir
perdas de R$ 500 milhões na geradora estatal Furnas neste ano. As
perdas acontecem, de acordo com
Luiz Pinguelli Rosa, presidente da
Eletrobrás, por causa de contratos
que chamou de "absurdos" com
termelétricas e por estar havendo
sobra de energia com a redução
de mercado pós-racionamento.
Furnas entrará em déficit em junho, disse Pinguelli.
No início da noite, a assessoria
de imprensa da Eletrobrás informou que, na verdade, não se pode
afirmar se Furnas terá ou não prejuízo em junho.
Pinguelli citou ainda três outros
fatores que estão pressionando o
caixa da Eletrobrás: prejuízos de
aproximadamente R$ 400 milhões por ano com distribuidoras
"federalizadas" das regiões Norte
e Nordeste, tarifas defasadas para
a energia das usinas nucleares de
Angra 1 e 2 e transferência de termelétricas emergenciais (do seguro-apagão) para garantir o suprimento de energia no Estado do
Amazonas.
Em audiência pública na Câmara dos Deputados no final de abril,
o presidente da Eletrobrás já havia criticado os contratos "absurdos". Ele se referia ao fato de geradoras estatais serem obrigadas a
comprar energia de termelétricas
a cerca de R$ 50 por MWh.
Na ocasião, ele explicou que o
excesso de energia no mercado
permite que essas mesmas termelétricas comprem das próprias geradoras federais energia barata
-R$ 4 por MWh- e a devolvam
para essas mesmas estatais a R$
50, por força dos contratos.
Nuclear em crise
Pinguelli ameaçou desligar os
reatores das usinas nucleares de
Angra 1 e 2 caso a Aneel (Agência
Nacional de Energia Elétrica) não
reajuste as tarifas. De acordo com
o presidente da Eletrobrás, o preço da energia vendida pelas usinas nucleares deveria ter sido aumentado em 30%. Ele disse que
isso significa prejuízo de R$ 1,5
milhão por dia.
Ao não conceder o reajuste, disse, a Aneel está ""condenando a
Eletrobrás à morte". Procurada, a
agência reguladora não comentou a frase.
O presidente da Eletrobrás ressaltou que não há risco de problemas como vazamentos ou outros
acidentes nucleares, porque os
reatores estão em perfeito estado
de conservação. Ele disse que, se a
tarifa não for reajustada, não haverá recursos para manutenção, e
por isso os reatores serão desligados para evitar acidentes.
Emergenciais
Pinguelli afirmou também que
uma usina de 60 MW que hoje faz
parte das "emergenciais" -usinas que fazem parte do seguro-apagão- será transportada do
Ceará para o Amazonas, com o
objetivo de evitar a falta de energia na região.
A Eletrobrás deverá gastar R$
6,5 milhões por ano para bancar a
geração de energia dessa usina no
Amazonas, além de custear o
transporte, avaliado em cerca de
R$ 3 milhões.
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