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Após pagar juros, país fica com saldo de R$ 6,8 bi até abril
É o melhor resultado das contas públicas, mas gastos aumentam até dezembro
Estatais surpreendem e registram déficit em abril, mas arrecadação recorde explica resultado que pode nutrir o fundo soberano
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A arrecadação fiscal recorde
nos quatro primeiros meses do
ano foi suficiente para gerar superávit nominal de 0,76% do
PIB -ou seja, após pagar todas
as suas despesas incluindo os
juros da dívida pública, União,
Estados e municípios fizeram
uma economia de R$ 6,8 bilhões, melhor resultado da história.
O resultado só não foi melhor
porque as estatais federais tiveram déficit em abril, uma surpresa para especialistas. Já o
superávit primário do quadrimestre -resultado antes do pagamento de juros- foi de
6,82% do PIB.
Em abril, o superávit primário do governo foi de R$ 18,7 bilhões, menor que em abril do
ano passado, de R$ 23,5 bilhões. Apesar do aumento de
arrecadação, o déficit das estatais e a desvalorização cambial
provocaram a queda.
Como o país é credor em dólares (as reservas cambiais são
maiores que a dívida externa),
quando a moeda americana se
desvaloriza em relação ao real,
a dívida líquida sobe. Se não
fosse pela depreciação cambial
de 3,54% em abril, o superávit
primário teria sido R$ 9,1 bilhões maior ou a dívida líquida
teria caído 0,3 ponto. Em abril,
a dívida líquida foi de 41% do
PIB. No ano, o câmbio já teve
impacto negativo no superávit
primário de R$ 8,4 bilhões.
Em 12 meses, o superávit primário do setor público soma
4,23% do PIB, ligeira redução
em relação aos 12 meses até
março, de 4,46%. O resultado
nominal do período também
foi deficitário, em 1,9% do PIB.
Everton dos Santos, economista da LCA Consultores, prevê superávit primário de 4% do
PIB no fim do ano e déficit nominal de 1,7% do PIB. "O superávit primário até o fim do ano
deve ser menor que o dos quatro primeiros meses porque a
arrecadação tende a diminuir,
com uma desaceleração da economia", disse.
Já Fazenda espera superávit
primário entre 4% e 4,5% do
PIB no fim do ano (a meta oficial é de 3,8%), suficiente para
manter o déficit nominal abaixo de 2% do PIB. O déficit nominal zero anual é esperado para 2010.
Desde abril, quando o Banco
Central retomou o aumento da
taxa básica de juros, a equipe
econômica discute o aumento
do superávit primário para evitar que o BC tenha que apertar
a política monetária.
Uma saída proposta pela Fazenda foi a criação de um fundo
soberano, que poderá absorver
uma parcela da economia feita
pelo governo.
Apesar da previsão do Ministério da Fazenda, o economista
da Unicamp Francisco Lopreato acredita que é possível atingir o déficit nominal zero ainda
neste ano. "A não ser que o governo decida mudar de rumo, a
economia neste ano pode chegar tranqüilamente a 5% do
PIB, considerando que vai haver uma desaceleração da economia no segundo semestre",
afirmou.
Estatais
Em comparação com abril do
ano passado, a contribuição das
estatais federais para as contas
do setor público piorou em R$
5,3 bilhões. No mês passado, essas empresas tiveram déficit de
R$ 853 milhões, o pior valor para o mês desde 2003. A Petrobras é a empresa que mais influencia no resultado.
O especialista na área de
energia Adriano Pires explica
que o o lucro da empresa pode
ter caído no mês ou a dívida aumentado, o que será esclarecido no balanço do segundo trimestre, em julho.
"O resultado das estatais depende da gestão das empresas.
Pode ter sido o fluxo de caixa ou
um investimento porque a distribuição de dividendos para o
governo continua igual", disse
Altamir Lopes, chefe do Departamento Econômico do Banco
Central.
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