ÉRICA FRAGA
ENVIADA ESPECIAL A VERSALHES

O presidente do Banco Central, Armínio Fraga, ocupou o centro das atenções em uma conferência organizada pelo prestigiado IIF (Instituto de Finanças Internacionais), ontem, em Versalhes, na França. Autoridades financeiras de outros países e executivos dos principais bancos do mundo, que participavam do evento, queriam entender as causas da atual crise nos mercados brasileiros.
Fraga, que foi um dos convidados a discursar, repetiu durante o encontro a mesma palestra que já havia apresentado em encontros com investidores em Londres e Paris nesta semana. Tentou convencer a platéia -repleta de personalidades importantes do mundo das finanças, como o vice-presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos) e presidente do órgão em Nova York, William McDonough- de que os fundamentos da economia brasileira vão bem e que os principais motivos da crise atual estão em preocupações políticas.

Surpresa
Segundo Fraga, a maior parte dos participantes do evento com quem conversou se mostrava surpresa com a reação dos mercados financeiros no Brasil, considerada exagerada.
A chamada Ditchley Conference foi organizada pelo IIF em comemoração dos 20 anos da instituição -que reúne os principais bancos e organizações financeiras do mundo. Os temas discutidos durante o evento, realizado a portas fechadas em um elegante hotel em Versalhes, passaram pelas perspectivas de recuperação da economia mundial e pela necessidade de reforma da arquitetura do sistema financeiro global.

Interesse
Um sinal do grande interesse que o Brasil tem despertado atualmente foi o fato de Fraga ter sido um dos participantes convidados a discursar ontem, na conferência que reuniu aproximadamente 70 pessoas.
O IIF foi fundado em 1982 em um encontro da chamada London's Ditchley Foundation -instituição baseada na Inglaterra que trata de discussões de interesse global, cujo nome faz referência a um parque localizado perto de Oxford.
A criação do IIF, que é baseado nos Estados Unidos, foi uma resposta à crise da dívida externa que afetou diversos países da América Latina, entre os quais o Brasil. O instituto ainda é chamado por alguns de "cartel dos credores de Ditchley", uma referência aos bancos norte-americanos e ingleses que levaram o calote dos países latino-americanos na década de 80.

Agenda
Depois da conferência de ontem, o presidente do Banco Central retornou a Paris, onde teve novo jantar com autoridades. Hoje de manhã, Fraga retorna ao Brasil, encerrando a viagem cuja principal missão foi tentar convencer investidores estrangeiros de que vale a pena continuar apostando no Brasil e de que a economia continuará no que ele chama de "rumo certo", provavelmente até mesmo com uma vitória da oposição nas próximas eleições.



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