São Paulo, terça-feira, 29 de junho de 2004

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NEGÓCIOS

Arcelor, maior produtora de aço do mundo, adquire a participação da Vale do Rio Doce na siderúrgica por US$ 578,5 mi

Europeus assumem o comando da CST

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Vale do Rio Doce anunciou ontem a venda de sua participação na CST (Companhia Siderúrgica de Tubarão) para a Arcelor, maior produtora de aço do mundo, por US$ 578,5 milhões. O negócio dará ao grupo europeu o controle da CST, com 64,72% do capital votante da empresa e 61,77% do capital total.
Segundo analistas, a compra do controle pelos europeus dará fôlego financeiro à CST para prosseguir sua expansão e a competição com Usiminas, Cosipa e CSN no setor de aços planos, no qual entrou no ano de 2002, investindo US$ 450 milhões.
No Brasil, a Arcelor já controla a Belgo Mineira, na qual detém 60% das ações ordinárias, e a Vega Sul, com 75%. Também tem participações na Acesita (38,94% das ordinárias) e até agora detinha 24,9% do capital votante da CST por meio de participações diretas e indiretas.
Ao anunciar ontem, em sua sede em Luxemburgo, o acordo firmado com a Vale, a direção da Arcelor afirmou que "as participações no Brasil representam uma parte fundamental da estratégia da empresa para manter sua competitividade global".
Segundo o presidente do grupo europeu, Guy Dolle, depois de fechado o acordo para assumir o controle da CST, a Arcelor deverá focar sua expansão em outros países. "As palavras mágicas são Brasil, Rússia, China e Índia", afirmou Dolle.
A CST é a terceira maior produtora brasileira de aço bruto, com capacidade para 4,81 milhões de toneladas anuais. A empresa está investindo US$ 600 milhões para expandir sua capacidade de produção para 7 milhões de toneladas/ano até 2006.
"Esse projeto não sairia sem o apoio da Arcelor, que já tinha participação relevante no capital da CST", diz Germano Mendes de Paula, professor da Universidade Federal de Uberlândia, especialista em siderurgia.
Para o economista, a aquisição do controle da CST está vinculada à entrada da Arcelor no país, em 1997, quando adquiriu parte da Acesita, que era acionista relevante da CST. "Esse é um movimento iniciado lá atrás e mostra que ela veio para ficar", diz o professor. Na época, o grupo já deixava claro que queria ser líder em aços planos e aços especiais.

Mercado
Para os analistas, a compra do controle da CST pelo grupo europeu não deverá causar grandes mudanças no mercado. "A principal mudança ocorreu em 2002 e foi, sem dúvida, influenciada pela Arcelor: a entrada da CST no setor de aços planos, de maior valor agregado, competindo com Usiminas, Cosipa e CSN", diz Germano Mendes de Paula.
Até 2002 a CST fazia apenas produtos semi-acabados (placas), exportando 95% do total. Naquele ano começou a agregar valor a seus produtos, inaugurando a laminação de bobinas a quente. Esse produto pode ser vendido no mercado ou transformado em bobinas laminadas a frio, aço galvanizado e folha-de-flandres.
O maior cliente da CST nesse produto é a Vega Sul, localizada em São Francisco do Sul (SC). Inaugurada no ano passado, a empresa é controlada pela própria Arcelor (75% do capital) e tem a CST como sócia (25%). A Vega Sul complementa a linha de produtos siderúrgicos da CST fabricando aço laminado a frio e chapas galvanizadas vendidas à indústria automobilística.


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