DA SUCURSAL DO RIO

O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Carlos Lessa, disse que não foi advertido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, após troca de cartas com o ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) em que afirmava que o banco é vinculado, mas não subordinado, a ele.
"Não recebi advertência nenhuma. Vejam bem: trabalhem no positivo. Minha relação com o presidente é a de alguém que, escolhido por ele, procura cumprir as orientações que ele me dá. A relação com o ministro [Furlan] é a normal que existe dentro do conselho do banco."
Ontem, Furlan e Lessa participaram da reunião semanal do conselho de administração do BNDES, presidido pelo ministro. Lessa disse ter conversado normalmente com Furlan, no primeiro encontro entre os dois desde que se tornou pública a discussão que travaram por carta.
"Não houve reencontro. Reencontro sugere que houve uma ruptura anterior. Sou presidente do BNDES há um ano e meio. Por boato, a imprensa já me demitiu mais de 70 vezes. Falamos normalmente: bom-dia, até logo, até a semana que vem."
Furlan queixou-se por carta a Lessa por este não ter submetido ao conselho de administração o Planejamento Estratégico 2004/ 2007. Em carta-resposta, Lessa disse que o BNDES é vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, mas não subordinado a ele. Segundo a direção do banco, o planejamento só ficará pronto no segundo semestre.
Escolhido por Lula para presidir o BNDES por influência da economista Maria da Conceição Tavares e do senador Aloizio Mercadante, o peemedebista Carlos Lessa acumula conflitos com o ministro do Desenvolvimento desde sua indicação. "Eu penso de um jeito, ele pensa de outro. Nem eu vou mudar, nem ele. Vamos ter que conviver", já disse Furlan.
Lessa declarou que não falou com o presidente Lula, após a volta deste de Nova York, na semana passada. Pretende encontrá-lo na quinta-feira, em viagem ao Piauí.
As declarações de Lessa foram feitas em visita à Fashion Rio, feira de moda. O BNDES financia a criação e o desenvolvimento de núcleos de produção de tecidos e moda em diversas cidades do Rio.
Em visita a um estande de roupas íntimas, um assessor tentou alertá-lo de que evitasse tocar nas peças por causa dos fotógrafos. "Já fizeram essa foto antes", disse Lessa, com os produtos na mão.


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