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Soja dá mais lucro do que no Brasil
DO ENVIADO ESPECIAL À ARGENTINA
Quanto tempo vai durar essa
euforia do agronegócio? "Até que
a soja mantenha bons preços", diz
Etcheverry. E o conceito de preços
bons para os argentinos, no momento, não é o mesmo para os
brasileiros. A soja até US$ 200 por
tonelada no mercado internacional traz bons lucros, diz ele.
Os cálculos são simples. Os argentinos da região de Navarro,
onde a ferrugem (doença que ataca as plantas) ainda não está presente, obtêm 3.000 quilos por hectare. Desses, de 800 a 900 quilos
significam custo de produção. O
restante é lucro.
No caso do milho, os custos são
de 3.500 quilos para uma produção de 9.000 quilos por hectare,
mas o preço e os gastos com
transporte tornam o produto menos competitivo do que a soja.
No Brasil, os paranaenses colhem os mesmos 3.000 quilos por
hectare, mas gastam de 1.700 a
1.900 quilos com a produção.
Etcheverry diz que os custos de
produção são muito baixos por lá.
Após o plantio, que é direto, os
produtores precisam de apenas
uma ou duas passagens de glifosato para manter a lavoura.
O governo argentino está preocupado com o avanço apenas da
soja. A área agricultável está esgotada e os argentinos têm de se
preocupar agora com o aumento
de eficiência, tanto na agricultura
como na pecuária, diz Urquiza.
Mesmo perdendo área de pastagens, o governo argentino quer
aumentar a produção de carne
para 2,9 milhões de toneladas (1
milhão só para exportações).
Indústria concorrente
E os próprios produtores já estão descobrindo isso. Luciano de
Tella, cuja família está no ramo
leiteiro há 60 anos, é um bom
exemplo de como sair dos momentos de crise.
Cansado de receber preços
abaixo dos da produção, pagos
pelas duas grandes indústrias que
dominam o mercado argentino,
resolveu industrializar os 25 mil
litros diários de leite que produz.
Montou uma pequena indústria
de processamento em 2001, que já
está ampliada para 50 mil litros
diários e pode chegar a até 100 mil
litros em breve. Hoje, Tella já recebe leite de outros 11 produtores
da região e detém 2% do mercado
de Buenos Aires.
A margem de lucro de Tella é
bem menor do que a das grandes
indústrias, mas ainda é bem
maior do que ganhava como produtor e quando dependia das
grandes indústrias.
A ousadia de Tella está sendo
seguida por outros produtores.
Há dois anos, as duas maiores
empresas do setor participavam
com 80% do mercado. Hoje, detêm apenas 60%. Elevados custos
de produção e endividamento em
dólar tornaram essas grandes empresas pouco competitivas.
(MZ)
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