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Brasil ganha com comércio com vizinhos
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL
A julgar pelo perfil das exportações brasileiras para os
países americanos, o Brasil
deveria centrar o foco das
suas relações comerciais
com os vizinhos do continente. A conclusão parte de
de estudo divulgado ontem
pelo Icone (Instituto de Estudos de Comércio e Negociações Internacionais).
O recorte das exportações
brasileiras para esses países
mostra que o déficit das vendas externas de bens de média-alta tecnologia, um calcanhar-de-aquiles do comércio exterior brasileiro, encolheu. O saldo negativo passou de US$ 2,816 bilhões para US$ 287 mil em 2005. Esse mesmo movimento também aconteceu com as vendas externas produtos de alta
tecnologia.
Os países da América Latina também seguiram essa
tendência. Num intervalo de
uma década, as exportações
de média-alta tecnologia,
com destaque para veículos,
saltaram de US$ 2,1 bilhões
para US$ 8,6 bilhões.
"O foco da política não deveria ser nem Norte-Sul nem
Sul-Sul. O corte deveria ser
para o oeste [as Américas].
Essas são as regiões para onde vendemos de tudo", avaliou Marcos Jank, presidente
do Icone.
O difícil, entretanto, será
reativar as discussões em
torno de uma integração regional. As tratativas da Alca
(Área de Livre Comércio das
Américas) permanecem emperradas, e o Mercosul ainda
tenta alcançar o equilíbrio
entre os parceiros do bloco.
A opção pelo incremento
das exportações para a Europa esbarra na estagnação da
composição pauta exportadora brasileira para a União
Européia. Desde 1996, há um
crescimento das vendas de
commodities agropecuárias
e um pouco também das vendas de minerais, metais e
combustíveis. Nesses itens, o
Brasil é superavitário com a
Europa.
Nos bens de maior intensidade tecnológica, porém, o
quadro continua deficitário
sem grandes oscilações que
apontem para uma redução
desse saldo negativo. "Não se
vê nenhum dinamismo das
exportações brasileiras para
a Europa a não ser no agronegócio", diz Jank.
O peso das commodities
da cesta brasileira também
justifica o fato de o "quantum" exportado continuar a
ter relevância. O volume dessas vendas cresceu 12% entre
1996 e 2005; já o preço teve
queda de 1,7%. Esse comportamento teve um empurrão
da demanda chinesa.
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