São Paulo, quinta-feira, 29 de junho de 2006

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Brasil ganha com comércio com vizinhos

CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL

A julgar pelo perfil das exportações brasileiras para os países americanos, o Brasil deveria centrar o foco das suas relações comerciais com os vizinhos do continente. A conclusão parte de de estudo divulgado ontem pelo Icone (Instituto de Estudos de Comércio e Negociações Internacionais).
O recorte das exportações brasileiras para esses países mostra que o déficit das vendas externas de bens de média-alta tecnologia, um calcanhar-de-aquiles do comércio exterior brasileiro, encolheu. O saldo negativo passou de US$ 2,816 bilhões para US$ 287 mil em 2005. Esse mesmo movimento também aconteceu com as vendas externas produtos de alta tecnologia.
Os países da América Latina também seguiram essa tendência. Num intervalo de uma década, as exportações de média-alta tecnologia, com destaque para veículos, saltaram de US$ 2,1 bilhões para US$ 8,6 bilhões.
"O foco da política não deveria ser nem Norte-Sul nem Sul-Sul. O corte deveria ser para o oeste [as Américas]. Essas são as regiões para onde vendemos de tudo", avaliou Marcos Jank, presidente do Icone.
O difícil, entretanto, será reativar as discussões em torno de uma integração regional. As tratativas da Alca (Área de Livre Comércio das Américas) permanecem emperradas, e o Mercosul ainda tenta alcançar o equilíbrio entre os parceiros do bloco.
A opção pelo incremento das exportações para a Europa esbarra na estagnação da composição pauta exportadora brasileira para a União Européia. Desde 1996, há um crescimento das vendas de commodities agropecuárias e um pouco também das vendas de minerais, metais e combustíveis. Nesses itens, o Brasil é superavitário com a Europa.
Nos bens de maior intensidade tecnológica, porém, o quadro continua deficitário sem grandes oscilações que apontem para uma redução desse saldo negativo. "Não se vê nenhum dinamismo das exportações brasileiras para a Europa a não ser no agronegócio", diz Jank.
O peso das commodities da cesta brasileira também justifica o fato de o "quantum" exportado continuar a ter relevância. O volume dessas vendas cresceu 12% entre 1996 e 2005; já o preço teve queda de 1,7%. Esse comportamento teve um empurrão da demanda chinesa.


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