São Paulo, Terça-feira, 29 de Junho de 1999
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INCENTIVO
Projeto, que inclui indústrias de autopeças, poderá ter R$ 1,5 bi; empresa e governo baiano assinam protocolo
BNDES dará R$ 700 milhões à Ford

CHRISTIANNE GONZÁLEZ
da Agência Folha, em Salvador

O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), José Pio Borges, disse ontem que a instituição vai financiar cerca de R$ 1,5 bilhão para a instalação do complexo industrial da Ford em Camaçari (região metropolitana de Salvador).
O complexo industrial inclui a instalação da maior fábrica de carros da Ford no mundo e de 16 indústrias de autopeças -um investimento de US$ 1,3 bilhão (R$ 2,3 bilhões). "Estamos concedendo aprovação prévia ao projeto da Ford na ordem de R$ 700 milhões. Paralelamente, estamos dispostos a financiar até 80% do custo de implantação das indústrias de autopeças envolvidas com o projeto. O custo total de implantação é de cerca de R$ 900 milhões", disse Pio Borges.
Segundo o presidente da Ford para a América Latina, Martin Inglis, dois terços do investimento no complexo industrial são para a construção da Ford (US$ 866 milhões) e o restante, para a instalação das indústrias de autopeças.
Ele acredita ainda que é possível que o financiamento do BNDES somente para a fábrica da montadora pode chegar a R$ 780 milhões, de acordo com negociações ainda em curso.
O investimento para a construção da fábrica em Camaçari (40 km de Salvador) é cerca de US$ 300 milhões superior ao que estava previsto no Rio Grande do Sul.
As obras para a construção da fábrica da Ford deverão começar em, no máximo, 45 dias, segundo o presidente da For no Brasil, Ivan Fonseca e Silva.
Além do financiamento do BNDES, a Ford e as indústrias de autopeças serão beneficiadas com incentivos fiscais federais, estaduais e municipais.
Ontem, no Palácio da Aclamação (centro de Salvador), a Ford e o governo baiano assinaram um protocolo para a implantação da nova fábrica da montadora no Brasil.
De acordo com o protocolo, a Ford se compromete a dar preferência à contratação de mão-de-obra, empresas de prestação de serviços e fornecedores de peças e componentes locais.
Além disso, a montadora também prometeu oferecer estágio remunerado a estudantes e estabelecer parcerias com escolas e universidades locais para criar, em seu complexo industrial, um centro tecnológico de pesquisa.
A montadora prevê que o complexo industrial vai gerar 5.000 empregos diretos, a partir de 2001, quando deverá ser iniciada a produção de veículos.
Em contrapartida aos compromissos da Ford, o governo baiano prometeu implantar distritos industriais urbanizados, fornecer instalações portuárias e ferro-rodoviárias adequadas ao projeto.
Em seu discurso, o governador da Bahia, César Borges (PFL), disse que a Bahia tem praticamente toda a infra-estrutura que a Ford necessita para a instalação da fábrica.
"O impacto econômico e social da Ford entre nós será forte o suficiente para fazer dobrar o PIB (Produto Interno Bruto) estadual no período de dez anos", disse.
Depois de prometer liberar recursos para a implantação do complexo industrial da Ford, Pio Borges disse que aguarda a apresentação do projeto definitivo da montadora à diretoria do banco.
Segundo Borges, os prazos para o financiamento serão "os normalmente concedidos para projetos do gênero, de oito a dez anos".
A assessoria técnica da Secretaria da Indústria e Comércio da Bahia informou que os juros do financiamento são de 2% ao ano mais a TJLP (Taxa de Juros a Longo Prazo), que varia de mês a mês, com uma carência de cinco anos para o início do pagamento.
De modo geral, as taxas de juros para financiamento para o Nordeste variam de 1% a 3%.
Pio Borges elogiou a decisão da montadora de se instalar na Bahia. "É a primeira montadora do Nordeste, certamente vai transformar a região, que tem 30% da população e detém somente 13% do PIB."
Nesta semana, técnicos da Ford deverão elaborar o cronograma para o início das obras. Parte da terraplenagem já está pronta. A fábrica vai ocupar uma área de 6 milhões de metros quadrados.


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