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INCENTIVO
Projeto, que inclui indústrias de autopeças, poderá ter R$ 1,5 bi; empresa e governo baiano assinam protocolo
BNDES dará R$ 700 milhões à Ford
CHRISTIANNE GONZÁLEZ
da Agência Folha, em Salvador
O presidente do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social), José Pio Borges, disse ontem que a instituição
vai financiar cerca de R$ 1,5 bilhão
para a instalação do complexo industrial da Ford em Camaçari (região metropolitana de Salvador).
O complexo industrial inclui a
instalação da maior fábrica de carros da Ford no mundo e de 16 indústrias de autopeças -um investimento de US$ 1,3 bilhão (R$ 2,3
bilhões). "Estamos concedendo
aprovação prévia ao projeto da
Ford na ordem de R$ 700 milhões.
Paralelamente, estamos dispostos
a financiar até 80% do custo de implantação das indústrias de autopeças envolvidas com o projeto. O
custo total de implantação é de
cerca de R$ 900 milhões", disse Pio
Borges.
Segundo o presidente da Ford
para a América Latina, Martin Inglis, dois terços do investimento
no complexo industrial são para a
construção da Ford (US$ 866 milhões) e o restante, para a instalação das indústrias de autopeças.
Ele acredita ainda que é possível
que o financiamento do BNDES
somente para a fábrica da montadora pode chegar a R$ 780 milhões, de acordo com negociações
ainda em curso.
O investimento para a construção da fábrica em Camaçari (40 km
de Salvador) é cerca de US$ 300
milhões superior ao que estava
previsto no Rio Grande do Sul.
As obras para a construção da fábrica da Ford deverão começar
em, no máximo, 45 dias, segundo o
presidente da For no Brasil, Ivan
Fonseca e Silva.
Além do financiamento do
BNDES, a Ford e as indústrias de
autopeças serão beneficiadas com
incentivos fiscais federais, estaduais e municipais.
Ontem, no Palácio da Aclamação
(centro de Salvador), a Ford e o governo baiano assinaram um protocolo para a implantação da nova
fábrica da montadora no Brasil.
De acordo com o protocolo, a
Ford se compromete a dar preferência à contratação de mão-de-obra, empresas de prestação de
serviços e fornecedores de peças e
componentes locais.
Além disso, a montadora também prometeu oferecer estágio remunerado a estudantes e estabelecer parcerias com escolas e universidades locais para criar, em seu
complexo industrial, um centro
tecnológico de pesquisa.
A montadora prevê que o complexo industrial vai gerar 5.000
empregos diretos, a partir de 2001,
quando deverá ser iniciada a produção de veículos.
Em contrapartida aos compromissos da Ford, o governo baiano
prometeu implantar distritos industriais urbanizados, fornecer
instalações portuárias e ferro-rodoviárias adequadas ao projeto.
Em seu discurso, o governador
da Bahia, César Borges (PFL), disse
que a Bahia tem praticamente toda
a infra-estrutura que a Ford necessita para a instalação da fábrica.
"O impacto econômico e social
da Ford entre nós será forte o suficiente para fazer dobrar o PIB
(Produto Interno Bruto) estadual
no período de dez anos", disse.
Depois de prometer liberar recursos para a implantação do complexo industrial da Ford, Pio Borges disse que aguarda a apresentação do projeto definitivo da montadora à diretoria do banco.
Segundo Borges, os prazos para o
financiamento serão "os normalmente concedidos para projetos
do gênero, de oito a dez anos".
A assessoria técnica da Secretaria
da Indústria e Comércio da Bahia
informou que os juros do financiamento são de 2% ao ano mais a
TJLP (Taxa de Juros a Longo Prazo), que varia de mês a mês, com
uma carência de cinco anos para o
início do pagamento.
De modo geral, as taxas de juros
para financiamento para o Nordeste variam de 1% a 3%.
Pio Borges elogiou a decisão da
montadora de se instalar na Bahia.
"É a primeira montadora do Nordeste, certamente vai transformar
a região, que tem 30% da população e detém somente 13% do PIB."
Nesta semana, técnicos da Ford
deverão elaborar o cronograma
para o início das obras. Parte da
terraplenagem já está pronta. A fábrica vai ocupar uma área de 6 milhões de metros quadrados.
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