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EMPRESAS
País cai para 4º no ranking da A.T. Kearney; apesar da máxi, está entre os países prioritários para investimentos
Brasil recua na preferência das múltis
DAVID FRIEDLANDER
RICARDO GRINBAUM
da Reportagem Local
A desvalorização do real atrapalhou um pouco, mas o Brasil continua sendo visto no exterior como
uma fronteira com muitas oportunidades para ganhar dinheiro. É o
que mostra uma pesquisa divulgada ontem pela consultoria norte-americana A. T. Kearney, com 215
dos maiores grupos econômicos
do mundo. No levantamento, as
empresas apontam onde pretendem investir nos próximos três
anos.
No ranking que acaba de ser
anunciado, o Brasil perdeu duas
posições na escala dos países mais
interessantes para se investir. O
país, que estava em segundo lugar,
atrás apenas dos Estados Unidos,
caiu para a quarta posição. Foi ultrapassado pela China (2º) e pelo
Reino Unido (3º). Os Estados Unidos continuam no topo da lista.
"Apesar da crise, o mercado continua enorme e as empresas brasileiras ficaram baratas com a desvalorização", diz Paul Laudicina, vice-presidente da A.T. Kearney. O
resultado da pesquisa pode ser
considerado positivo, especialmente levando-se em conta que os
empresários foram ouvidos entre
março e abril, período ainda conturbado pela instabilidade na cotação do dólar.
Na enquete, os consultores da
A.T. Kearney perguntaram também se, em relação ao ano passado,
o ambiente econômico havia melhorado ou piorado. Para 40% dos
entrevistados, a situação piorou.
Outros 45% acham que não mudou nada e 15% dizem que a perspectiva melhorou.
As estatísticas mais recentes confirmam que o interesse no Brasil
continua forte entre as multinacionais. De janeiro a maio, o país recebeu US$ 10,7 bilhões em investimento para construção de fábricas
ou compra de empresas. Nos primeiros cinco meses do ano passado, os recursos para investimento
produtivo somaram US$ 5,5 bilhões -aproximadamente metade do que chegou até agora.
Ao todo, o Brasil deverá receber
cerca de US$ 20 bilhões este ano,
segundo estimativa do economista
Octavio de Barros, diretor da Sobeet, entidade que estuda os investimentos das multinacionais no
país. "O país vai receber muito dinheiro, mas será menos do que no
ano passado (US$ 28 bilhões), porque não haverá um leilão igual ao
da Telebrás", diz Barros.
O estudo da A.T. Kearney mostra
que, fora o México, que subiu três
degraus no ranking, todas as economias da América Latina perderam posição. A vantagem do México é a vizinhança com os Estados
Unidos, que crescem sem parar há
mais de oito anos.
Outros países latino-americanos, como Argentina e Chile, perderam status porque estão em crise econômica. "Se não fosse a incerteza em relação à Argentina,
que pode afetar todo o Mercosul,
as multinacionais teriam ainda
mais interesse em investir no Brasil", diz David Bunce, sócio da consultoria KPMG.
Uma das grandes surpresas da
pesquisa foi a China, que era o terceiro endereço predileto para investimentos e agora é o segundo.
Em 98, os executivos estavam assustados com o risco de uma desvalorização na China. Agora, apenas 18% dos entrevistados dizem
estar preocupados com o impacto
de uma eventual desvalorização.
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