São Paulo, Terça-feira, 29 de Junho de 1999
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EMPRESAS
País cai para 4º no ranking da A.T. Kearney; apesar da máxi, está entre os países prioritários para investimentos
Brasil recua na preferência das múltis

DAVID FRIEDLANDER
RICARDO GRINBAUM
da Reportagem Local

A desvalorização do real atrapalhou um pouco, mas o Brasil continua sendo visto no exterior como uma fronteira com muitas oportunidades para ganhar dinheiro. É o que mostra uma pesquisa divulgada ontem pela consultoria norte-americana A. T. Kearney, com 215 dos maiores grupos econômicos do mundo. No levantamento, as empresas apontam onde pretendem investir nos próximos três anos.
No ranking que acaba de ser anunciado, o Brasil perdeu duas posições na escala dos países mais interessantes para se investir. O país, que estava em segundo lugar, atrás apenas dos Estados Unidos, caiu para a quarta posição. Foi ultrapassado pela China (2º) e pelo Reino Unido (3º). Os Estados Unidos continuam no topo da lista.
"Apesar da crise, o mercado continua enorme e as empresas brasileiras ficaram baratas com a desvalorização", diz Paul Laudicina, vice-presidente da A.T. Kearney. O resultado da pesquisa pode ser considerado positivo, especialmente levando-se em conta que os empresários foram ouvidos entre março e abril, período ainda conturbado pela instabilidade na cotação do dólar.
Na enquete, os consultores da A.T. Kearney perguntaram também se, em relação ao ano passado, o ambiente econômico havia melhorado ou piorado. Para 40% dos entrevistados, a situação piorou. Outros 45% acham que não mudou nada e 15% dizem que a perspectiva melhorou.
As estatísticas mais recentes confirmam que o interesse no Brasil continua forte entre as multinacionais. De janeiro a maio, o país recebeu US$ 10,7 bilhões em investimento para construção de fábricas ou compra de empresas. Nos primeiros cinco meses do ano passado, os recursos para investimento produtivo somaram US$ 5,5 bilhões -aproximadamente metade do que chegou até agora.
Ao todo, o Brasil deverá receber cerca de US$ 20 bilhões este ano, segundo estimativa do economista Octavio de Barros, diretor da Sobeet, entidade que estuda os investimentos das multinacionais no país. "O país vai receber muito dinheiro, mas será menos do que no ano passado (US$ 28 bilhões), porque não haverá um leilão igual ao da Telebrás", diz Barros.
O estudo da A.T. Kearney mostra que, fora o México, que subiu três degraus no ranking, todas as economias da América Latina perderam posição. A vantagem do México é a vizinhança com os Estados Unidos, que crescem sem parar há mais de oito anos.
Outros países latino-americanos, como Argentina e Chile, perderam status porque estão em crise econômica. "Se não fosse a incerteza em relação à Argentina, que pode afetar todo o Mercosul, as multinacionais teriam ainda mais interesse em investir no Brasil", diz David Bunce, sócio da consultoria KPMG.
Uma das grandes surpresas da pesquisa foi a China, que era o terceiro endereço predileto para investimentos e agora é o segundo. Em 98, os executivos estavam assustados com o risco de uma desvalorização na China. Agora, apenas 18% dos entrevistados dizem estar preocupados com o impacto de uma eventual desvalorização.


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