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São Paulo, terça-feira, 29 de julho de 2003

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ATAQUE REGIONAL

Argentina, Brasil, Bolívia, Paraguai, Uruguai, Chile e Peru pretendem erradicar a doença até 2009

Vizinhos lançam plano contra febre aftosa

CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os governos da Argentina, do Brasil, da Bolívia, do Paraguai, do Uruguai, do Chile e do Peru lançaram um plano de combate à febre aftosa.
A preparação de uma campanha sul-americana de vacinação dos rebanhos -ainda sem data definida para início- está entre os principais pontos do plano.
Caberá ao CVP (Conselho Veterinário Permanente), que reúne as autoridades sanitárias de todos os países, em conjunto com o serviço sanitário do Peru, a fiscalização da campanha. A intenção das autoridades é financiar a iniciativa com recursos de organismos internacionais.
Outro ponto acordado entre os países participantes: erradicar a doença até 2009. Para isso, os governos dos países pretendem aumentar o intercâmbio científico entre os técnicos sul-americanos.
As decisões foram tomadas no último final de semana durante um encontro na Bolívia. A reunião também contou com a participação de representantes do Panaftosa (Centro Pan-Americano de Febre Aftosa).
A reunião serviu ainda para desenhar as diretrizes para a harmonização das políticas de defesa sanitária desses países. O primeiro passo é a criação do Conselho Agropecuário do Sul.

Novos casos
O encontro foi convocado em regime de urgência após a confirmação do surgimento de casos da doença no Paraguai e na Bolívia.
Recentemente, o governo boliviano declarou estado de emergência nacional depois da descoberta de aftosa nas comunidades de Monteagudo (Departamento de Chuquisaca) e Betanzos (Departamento de Potosí).
Situadas na bacia do rio Prata, as regiões estão localizadas a 3 km da fronteira com a Argentina e a 7 km da fronteira com o Paraguai.
No Paraguai, as autoridades sanitárias detectaram, no começo deste mês, o surgimento de 15 casos de aftosa em Pozo Hondo (cerca de 700 km ao norte de Assunção).
Atualmente, o Brasil tem 82% de seu rebanho -de 183 milhões de cabeças- livres da doença. Santa Catarina é o único Estado declarado pela OIE (Organização Internacional de Epizootias) como zona livre sem vacinação.
Nos demais Estados, neste ano, o Ministério da Agricultura iniciou a vacinação dos rebanhos. A campanha de vacinação, que integra o Programa Nacional de Erradicação de Febre Aftosa do ministério, prevê a eliminação da doença em todo o território nacional até dezembro de 2005. Ao todo, serão vacinados animais de 13 Estados.
A febre aftosa tem sido a principal barreira sanitária para as exportações de carnes brasileiras. Em 2002, em decorrência do surgimento de focos da doença no Paraguai -na divisa com Mato Grosso-, Chile e União Européia suspenderam as importações de carne do Estado.

Embargos mútuos
Para tentar impedir o avanço da doença, os países da região têm adotado uma estratégia de embargos mútuos. Há duas semanas, o governo brasileiro suspendeu a importação de carne maturada e desossada do Paraguai.
A Bolívia interrompeu por 90 dias as importações de gado provenientes do Paraguai e da Argentina.
A Argentina adotou a mesma medida e resolveu suspender o intercâmbio comercial de gado com a Bolívia e o Paraguai.
A Argentina foi declarada área livre de aftosa pela OIE no dia 10 deste mês. O certificado foi obtido após uma intensa campanha de vacinação no país.
Já o Chile, que participa da reunião na condição de país observador, é o único dos participantes que obteve a certificação de zona livre de aftosa sem implementar campanhas de vacinação.
Na semana passada, o Peru, que, ao lado do Chile, participou da reunião como país observador, anunciou a interrupção por 180 dias das importações da Bolívia, do Equador e do Paraguai.
O embargo inclui carne "in natura" e resfriada e todos os subprodutos, como couros e sêmen.


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