São Paulo, quinta-feira, 29 de julho de 2004

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CRISE NO AR

Empresa ainda tenta acordo para dívida total; só com a Infraero, soma chega a R$ 300 mi

Governo parcela R$ 65 mi para a Varig

ELIANE CANTANHÊDE
DIRETORA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo decidiu ontem parcelar em oito vezes a dívida de perto de R$ 65 milhões que a Varig contraiu com a Infraero (empresa estatal que administra os aeroportos) entre janeiro e abril deste ano. Serão parcelas mensais de quase R$ 8 milhões cada uma.
O acerto está sendo considerado pelos dois lados -governo e empresa- apenas "um ato de boa vontade", pois a Varig tem muitas outras dívidas acumuladas com empresas estatais, como a BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras. Só com a própria Infraero, já são aproximadamente R$ 300 milhões.
O pacote mais global de apoio à empresa vem sendo discutido entre a Casa Civil e os ministérios da Fazenda e da Defesa. Ontem, houve mais uma rodada de reuniões.
O governo caminha para um consenso sobre o que e como fazer uma operação de apoio financeiro à Varig via BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Há, porém, sérias discordâncias sobre valores e um temor disseminado sobre o efeito em cascata de reivindicações nas demais empresas.
Só com a Infraero, as dívidas das companhias aéreas já ultrapassam R$ 1,3 bilhão e elas reclamam de que a carga tributária brasileira inviabiliza qualquer equilíbrio financeiro.
Ontem, estiveram em Brasília os presidentes da Varig, Luiz Martins, e da TAM, Carlos Bologna. Martins teve encontro com o vice-presidente da República, José Alencar, que está no exercício da Presidência. Depois, ele e Bologna tiveram encontros separados com o ministro da Defesa, José Viegas.
Segundo Martins, à saída do Planalto, é preciso encontrar uma solução não apenas para uma empresa mas para todo o setor, porque, "se não houver uma regra definida ao setor, todas as companhias ficarão em situações piores do que já estão".
"Se o governo não agir, implantando regras e disciplinando o setor em termos de oferta, em termos de tributação, os problemas vão continuar", disse ele.

Racionalização
A Varig tem alegado no governo que tem tomado todas as medidas possíveis de racionalização operacional, e o governo reconhece parte desse esforço. A taxa de ocupação das aeronaves em junho, por exemplo, foi de 65%, sete pontos percentuais maior do que no mesmo mês do ano passado. É resultado, entre outros, do regime de "code share" pelo qual Varig e TAM compartilham vôos.
À noite, Viegas e dois assessores eram convidados para um jantar com os presidentes da Varig, da TAM e também do da Gol, Constantino de Oliveira Jr. -cuja empresa é a única que não tem dívidas, por exemplo, com a Infraero.
Wagner Canhedo, presidente da quarta considerada "grande" do setor aéreo, a Vasp, não foi convidado. Diferentemente dos demais, que têm audiências com ministros, ele tem sido recebido ultimamente pelo segundo escalão do Ministério da Defesa.


Colaborou Eduardo Scolese, da Sucursal de Brasília


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