São Paulo, quinta-feira, 29 de julho de 2004

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INFLAMÁVEL

Maior petrolífera russa pode parar produção, e barril fecha a US$ 42,90 em NY; Petrobras nega novo reajuste

Cotação do petróleo registra novo recorde

DA REDAÇÃO

A cotação do petróleo atingiu ontem um novo recorde em Nova York, impulsionado pela notícia de que a maior petrolífera russa, a Yukos, poderá interromper a produção nos próximos dias.
O barril para entrega em setembro (ou seja, com um mês de antecedência) superou, durante o pregão, o patamar de US$ 43 pela primeira vez nos 21 anos da Bolsa Mercantil de Nova York e, mais tarde, fechou a US$ 42,90, alta de 2,53% em relação a terça.
No Rio, o presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra, disse que não cogita aumentar o preço dos combustíveis mesmo com a alta recorde. "Não tem nenhuma mudança de preço e ponto."
Os recordes anteriores haviam sido registrados no dia 1º de junho, quando o barril chegou a ser negociado a US$ 42,45 no "intraday" (durante o dia) e alcançou no fechamento US$ 42,33.
Em Londres, o barril do tipo brent, que serve de referência na Europa, alcançou durante o pregão US$ 39,68 e encerrou com ganho de 2,5%, cotado a US$ 39,53. Foram os maiores níveis desde outubro de 1990, época da invasão do Kuait pelo Iraque, que antecedeu a Guerra do Golfo.
Os preços começaram a subir desde o início do dia, após a revelação de que três unidades da Yukos foram notificadas pela Justiça de que deveriam suspender a extração e o comércio de petróleo.
Segundo a carta, a petrolífera fica proibida de vender seus bens e, conseqüentemente, sua produção. Não estava claro, porém, se a ordem força a Yukos a suspender suas exportações imediatamente ou se apenas impede que a empresa assine novos contratos.
A petrolífera produz 1,7 milhão de barris por dia e exporta 75% desse valor, sendo responsável por 2% da produção mundial.
"Com a Opep [Organização dos Países Exportadores de Petróleo] tão perto de sua capacidade total, o mercado não agüenta qualquer problema [com a oferta]", afirmou Tom Bentz, analista do banco francês BNP Paribas.
A capacidade ociosa da Opep tem estado em torno de 1,5 milhão a 2 milhões de barris por dia, número considerado insuficiente por especialistas. "Se a Yukos parar de exportar subitamente, o mercado ficará ainda mais nervoso do que já está", disse Bruce Evers, do banco Investec.
Na semana passada, a petrolífera russa já gerara nervosismo no mercado ao afirmar que a falta de liqüidez poderia levá-la à falência até meados de agosto, caso o governo não adotasse medidas que a ajudassem a sair da crise.
A Yukos se vê envolvida em problemas com autoridades russas desde o ano passado. Homem mais rico da Rússia e então presidente da companhia, Mikhail Khodorkovsky foi preso em outubro de 2003, acusado de fraude e sonegação de impostos, e sua participação acionária na Yukos foi congelada. A petrolífera ainda está em meio a uma disputa judicial que poderá obrigá-la a pagar uma dívida que chega a US$ 7 bilhões em tributos atrasados, segundo números do fisco do país.
O dia foi agravado pela notícia de que, na semana passada, os EUA, principal consumidor do mundo, importou em média 11,3 milhões de barris por dia, um novo recorde. A compra de petróleo subiu em 1,4 milhão de barris por dia ante a semana anterior.
Mas as cotações, se ajustadas pela inflação, não se aproximam dos valores registrados na época da Revolução Islâmica no Irã, no fim dos anos 70. Com o ajuste, o barril naqueles anos chegou a superar o patamar de US$ 70.


Com agências internacionais e a Sucursal do Rio

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