São Paulo, terça-feira, 29 de julho de 2008

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GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Folga nas contas externas pode acabar

O resultado divulgado ontem pelo Banco Central do saldo das transações correntes no primeiro semestre mostra uma deterioração muito forte das contas externas do país. O déficit acumulado no período, de US$ 17,3 bilhões, o maior da história, só não preocupa porque os investimentos diretos estrangeiros e as aplicações em títulos de renda fixa o financiam com folga e evitam que o balanço de pagamentos feche no vermelho.
O problema é que um dia o déficit pode deixar de ser financiado. O economista Júlio Sérgio Gomes de Almeida, do Iedi, diz que a sensação que se tem, ao olhar os números do balanço de pagamentos, é a mesma do início do casamento. "Todo mundo acha no início do casamento que é para a vida toda", diz ele. E nem sempre é assim.
O Brasil já viu esse filme algumas vezes, como em 1999. Na época, o país também tinha, em meados de 1998, um volume expressivo de reservas, mas o dinheiro evaporou. É verdade que o colchão de reservas hoje, de US$ 200 bilhões, está bem acima de dez anos atrás, mas nem por isso o déficit em transações correntes deixa de ser preocupante.
O economista do Iedi lembra que outros países também sofreram, no passado, crises no balanço de pagamentos e trataram de adotar medidas para não mais viverem essa experiência. Entre esses exemplos, ele cita as crises da Tailândia, em 1997, e da Rússia, em 1998. Os dois países acumularam reservas e cuidaram para que o comércio exterior não vivesse mais aquela experiência.
"O Brasil não deveria se dar ao luxo de aceitar correr de novo esse risco", diz Gomes de Almeida. "O fato de o país ter um bom nome na praça e alguém que o financia não significa que ele pode gastar muito mais do que ganha."
Apesar do alerta, o economista diz que, se houver uma crise no balanço de pagamentos, não será agora e tampouco em 2009. O volume de reservas hoje do país e os financiamentos ainda garantem uma folga expressiva às contas externas do Brasil.

BRAÇOS CRUZADOS
As obras da usina hidrelétrica de Estreito, entre o Maranhão e o Tocantins, estão novamente paradas. Os funcionários entraram em greve na sexta-feira e reivindicam melhorias ao consórcio Estreito de Energia, formado por Suez, Vale, Alcoa e Camargo Corrêa. Essa é a segunda interrupção da obra, que integra o PAC, em cerca de um mês. Em meados de junho, decisão do juiz federal de Imperatriz (MA) cassou a licença de instalação que havia sido concedida pelo Ibama ao consórcio.

GESTÃO
Paula Viviane Laudares Lima, consultora do Instituto de Desenvolvimento Gerencial, lança no dia 23 de agosto, em Belo Horizonte, o livro "Gestão Estratégica - O Caminho para a Transformação" (INDG, 156 págs., R$ 35). A autora discute como estruturar um processo de gestão eficaz dos negócios. Paula é engenheira pela Universidade Federal de Minas Gerais e tem mestrado em administração.

ESTRUTURA
Guido Mantega (Fazenda) vai fazer uma apresentação na sexta-feira, na Abdib (Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base), em São Paulo. O ministro fará uma análise da economia nacional e internacional e falará sobre infra-estrutura.

DEBATE
O Ibmec/RJ realiza o 8º Encontro Brasileiro de Finanças entre os dias 31 deste mês e 2 de agosto, no Rio de Janeiro.

PELA ESTRADA AFORA
A Giacometti Propaganda e Arquitetura de Marca faz parceria com agências em Florianópolis, Londrina, Goiânia, Recife e Rio de Janeiro. Dennis Giacometti, sócio e presidente da empresa, diz que a meta é ampliar o número de clientes atendidos e também oferecer estratégias regionais para empresas que querem focar nessas cidades.

FLOR DA IDADE
Ben Kaufman, que foi eleito pela "Inc. Magazine" o empreendedor nº 1 dos EUA abaixo de 30 anos, participa do Festival de Tecnologia de Petrópolis, que acontecerá de 4 a 9 de agosto na cidade. Sobre seu rápido sucesso, Kaufman afirma: "Eu não me considero normal em nenhum sentido. Sempre procurei tomar um caminho diferente dos meus amigos. Se eu tivesse medo disso, não estaria onde estou hoje".

SEMENTE
O projeto Semeando Cidadania na Escola, da Chevron e da fundação Educar Dpaschoal, doará mil livros à fundação Orsa, que os encaminha à comunidade do Glicério, em São Paulo.

NA REDE
Senac SP e ABDL (associação de desenvolvimento de líderes) iniciam, amanhã, seminário sobre o desenvolvimento de redes.

com JOANA CUNHA e VERENA FORNETTI


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