São Paulo, quarta, 29 de julho de 1998

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JAPÃO
Miyazawa será convidado hoje para ministério que crise tornou o mais importante
Ex-premiê deve assumir Finanças

MARCIO AITH
de Tóquio

O virtual primeiro-ministro do Japão, Keizo Obuchi, irá convidar hoje, oficialmente, o polêmico ex-primeiro-ministro Kiichi Miyazawa (1991-1993) como o novo ministro de Finanças do país.
A escolha do ministro de Finanças é a decisão mais importante que Obuchi terá de tomar até ser formalmente eleito primeiro-ministro, em votação amanhã na Dieta, o Congresso japonês.
O Japão vive sua pior crise econômica desde a 2ª Guerra Mundial e o cargo de ministro de Finanças é, no momento, tão importante quanto o de primeiro-ministro.
O novo titular terá de resolver o problema representado por US$ 700 bilhões que os bancos japoneses emprestaram mal nos últimos oito anos e não receberam.
A eleição de Obuchi está praticamente garantida pelo fato de o partido que preside, o PLD (Partido Liberal-Democrata), ainda ter maioria no Legislativo, apesar da derrota nas eleições parlamentares do último dia 12.
O convite foi relatado informalmente por Obuchi aos jornalistas. Segundo ele, Miyazawa ainda não sinalizou se quer ou não o cargo. No entanto, na política japonesa um convite é usualmente feito sabendo-se que será aceito.
Com a declaração, o mercado se animou e o índice Nikkei, da Bolsa de Tóquio, subiu 1,07%. O iene também teve alta, sendo cotado a 141,20 por dólar em Nova York, contra 142,48 anteontem.
Na segunda-feira, Miyazawa dissera aos jornalistas que não aceitaria o cargo por sua idade -78 anos. "Não é hora para os antigos entrarem em jogo. Seria como voltar os ponteiros do relógio."
A analogia faz referência a sua carreira como político e administrador. Deputado desde 1953, foi chefe da importante Agência de Planejamento Econômico em 1962 e ministro de Finanças em 1986, quando o país vivia os últimos anos de "boom" econômico.
Miyazawa foi obrigado a pedir demissão em 1988, por seu envolvimento no maior escândalo da política japonesa no pós-guerra, envolvendo a venda a políticos das ações de uma empresa imobiliária, a Recruit. Ele foi absolvido com a alegação de que as ações foram compradas por um assessor sem seu conhecimento.
Depois da absolvição, Miyazawa virou primeiro-ministro, em 1991. Em 1993, teve de renunciar depois que o PLD, foi derrotado em eleições parlamentares.
Ontem, a instituição financeira norte-americana Merrill Lynch divulgou um estudo onde afirma que a recuperação dos bancos asiáticos custará US$ 64 bilhões. Esse total exclui o Japão.



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