ARTHUR PEREIRA FILHO
da Reportagem Local

A responsabilidade social -o respeito aos valores éticos, às pessoas, à comunidade e ao meio ambiente- se tornou fundamental para a estratégia de empresas que querem ter sucesso na economia globalizada.
A reputação se transformou no principal patrimônio das corporações, avalia Robert Dunn, presidente da BSR (Business for Social Responsibility), entidade que tem 1.400 empresas norte-americanas associadas, todas interessadas em adotar um comportamento social responsável na busca do sucesso econômico.
Dunn está no Brasil a convite do Instituto Ethos, entidade recém-criada no Brasil e parceira da BSR. O Ethos já reúne 35 empresas preocupadas com a responsabilidade social. A seguir, trechos de entrevista concedida à Folha.

Folha - O que é a BSR e quais são seus objetivos?
Robert Dunn - A BSR (Business for Social Responsibility) é uma organização empresarial criada há cerca de cinco anos nos EUA. Conta com 1.400 empresas associadas que, coletivamente, faturam US$ 1 trilhão por ano e empregam 5 milhões de pessoas. Reúne grandes e pequenas empresas. Elas se filiaram à BSR para obter ajuda para enfrentar as novas realidades da economia global, no que diz respeito à responsabilidade empresarial. A missão da BSR é ajudar empresas a obter sucesso comercial e vantagem competitiva sem deixar de mostrar respeito por valores éticos, pessoas, comunidades e meio ambiente.
Folha - Como o sr. define a responsabilidade social empresarial?
Dunn - Agir com responsabilidade social é tomar decisões que gerem lucros e riqueza para a empresa, mas que também beneficiem as pessoas, a comunidade e o meio ambiente. As pessoas achavam que havia um conflito entre as duas coisas, que era preciso fazer uma escolha. Mas nos últimos anos, as empresas de maior sucesso transformaram a responsabilidade social da empresa em parte integral da estratégia empresarial. Essa é uma exigência para obter sucesso.
Folha - A BSR estabelece normas de atuação para as empresas filiadas?
Dunn - Nós não estabelecemos regras. As regras são definidas pela sociedade. A sociedade formula algumas exigências e alimenta expectativas em relação às empresas . Nós ajudamos as empresas a compreender essas exigências, a desenvolver estratégias para que tenham sucesso comercial e operem com responsabilidade social.
Folha - Vale a pena ser responsável socialmente?
Dunn - Uma firma de investimentos dos EUA acompanhou durante oito anos a variação dos preços da ações das empresas que mantêm um conjunto de políticas acima da média no que se refere à responsabilidade social. A valorização foi maior do que a do índice S&P, um dos mais tradicionais índices de avaliação de empresas norte-americanas.
Folha - Existem muitas empresas que não operam de acordo com as regras da responsabilidade social?
Dunn - O conceito é novo, mas o progresso é extraordinário. Houve muita mudança nos pré-requisitos considerados fundamentais para o sucesso comercial. Antes, era a qualidade do produto. Depois, a ênfase passou a ser dada para o atendimento ao consumidor. Agora se começa a dar atenção a outro aspecto da estratégia empresarial: encarar a reputação da empresa como patrimônio. Reputação passa a ser um dos patrimônios mais valiosos da empresa. Uma companhia paga um preço muito alto quando a sua reputação é arranhada.



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