São Paulo, quarta, 29 de julho de 1998

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POLÍTICA MONETÁRIA
Comitê do Banco Central decide hoje novo nível do juro básico, fixado atualmente em 21% ao ano
Mercado prevê TBC entre 19,5% e 20,25%

da Sucursal de Brasília

A TBC (Taxa Básica do Banco Central) deve cair hoje de 21% para algo entre 19,5% e 20,25% ao ano. Será a oitava queda desde outubro de 1997, quando o governo dobrou os juros básicos para enfrentar a crise asiática.
A queda prevista para hoje colocará a TBC anual abaixo da taxa existente em outubro do ano passado, quando estava em 20,7%. Na época, o governo elevou a taxa para 43,4% ao ano.
A Folha apurou que as próximas reduções da TBC deverão ser menores. Até dezembro, a taxa poderá ficar entre 17% e 18% ao ano. Para manter a remuneração paga aos investidores estrangeiros, o governo também deve reduzir o ritmo de desvalorização do real em relação ao dólar.
O ex-presidente do Banco Central Gustavo Loyola disse que a TBC deve ficar próxima de 20,3%. Segundo ele, o BC tem de ter uma posição conservadora, mas a tendência é de queda dos juros.
A redução dos juros, de qualquer forma, tem efeito lento sobre a atividade econômica.
Pelo menos três itens devem ser levados em conta pelos integrantes do Copom (Comitê de Política Monetária) para reduzir a TBC: 1) manutenção das reservas cambiais brasileiras acima de R$ 70 bilhões; 2) melhoria da situação dos países asiáticos; e 3) atividade econômica em pequeno crescimento.
"O Brasil tem uma posição confortável nas reservas internacionais", afirmou Mailson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda e sócio de Loyola na empresa de consultoria Tendências.
Segundo ele, o Copom deve fixar hoje uma TBC anual entre 19,75% e 20,25%. Para os próximos meses, a tendência é de novas quedas.
A partir de agora, porém, o governo terá menos espaço para continuar reduzindo os juros básicos da economia. Isso vai acontecer porque os juros elevados são importantes para manter no Brasil os investimentos estrangeiros, disse à Folha Marcelo Allain, diretor do banco BMC.
Allain afirmou que a TBC só deve ficar abaixo de 20% na próxima reunião do Copom, marcada para 2 de setembro. Segundo ele, o governo será conservador hoje para manter espaço para nova redução nas próximas reuniões. Ele prevê que a TBC de dezembro vai ficar próxima de 18,5% ao ano.
Para Allain, o governo não deverá alterar o ritmo de desvalorização do real em relação ao dólar nos próximos meses. O BC já anunciou que fará isso, mas não será no curto prazo. A Folha apurou, porém, que essa redução na desvalorização poderá ser iniciada já a partir do próximo mês.



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