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CAMINHONEIROS
Alguns produtos perecíveis já começam a faltar; outras mercadorias têm estoques reduzidos
Greve agrava risco de desabastecimento
da Reportagem Local
A greve dos caminhoneiros, que ontem completou três
dias, aumentou o
risco de desabastecimento de alimentos e combustíveis em todo o país.
Os produtos perecíveis -como
frutas, verduras, legumes, leite e
carnes- foram os mais prejudicados e já podem começar a faltar
a partir de hoje.
A Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do
Estado de São Paulo) registrou
ontem queda de cerca de 66% no
movimento de entrada de produtos em relação ao de terça-feira.
A Ceagesp movimenta diariamente quase 10 mil toneladas de
alimentos, o que representa cerca
de R$ 8 milhões em negócios.
Cerca de 1.200 caminhões carregados passam pela Ceagesp por
dia. Até as 16h de ontem, apenas
416 haviam chegado à companhia. No mesmo período da quarta-feira da semana passada, esse
número havia sido de 915.
O setor mais atingido foi o de
frutas, com queda de 78%. Nas
outras áreas, as quedas foram estas: legumes, 58%; diversos, 59%;
e verduras, 16%.
A menor entrega de produtos
na Ceagesp vai diminuir a oferta
nas feiras livres, sacolões e supermercados.
Nos supermercados, os estoques de carne, frango, óleo e leite
estão em nível crítico. "São produtos de rápida reposição e já estão faltando no mercado", disse
Omar Assaf, presidente da Apas
(Associação Paulista dos Supermercados). Para os demais produtos, os estoques dão para mais
dois ou três dias.
A APA (Associação Paulista de
Avicultura) informou que o setor
já sofreu grandes prejuízos com a
greve, uma vez que os caminhões
que transportam aves abatidas estão retidos em rodovias. Com isso, poderá faltar produtos em supermercados, avícolas etc.
O grupo Pão de Açúcar informou que 40% das entregas no seu
centro de distribuição, na via
Anhanguera, foram prejudicadas
pela greve. Por enquanto, as lojas
ainda têm estoque.
Outros Estados
A Ceasa (Central de Abastecimento) do Estado do Rio de Janeiro sofreu até ontem redução
de 90% em seu abastecimento, segundo o gerente de mercado,
Marcos Delgado.
Ele afirmou que 70% das quase
5.000 toneladas de alimentos movimentadas por dia na Ceasa chegam de outros Estados para distribuição em supermercados, hotéis e restaurantes, e esse transporte é feito basicamente por caminhão.
A Bolsa de Gêneros Alimentícios do Rio, que tem movimento
diário de R$ 30 milhões, sofreu redução de negócios de 50%, segundo o presidente da entidade, José
de Souza.
O principal reflexo da greve no
Distrito Federal está sendo sentido no comércio varejista, o que
pode resultar na queda de até 20%
na venda de presentes para o Dia
dos Pais.
Brasília importa 85% dos produtos que consome e cerca de
95% deles chegam à cidade em caminhões. No caso dos supermercados e setores atacadistas, a dependência do transporte rodoviário de cargas é quase de 100%. Nos
supermercados, os estoques de
produtos não-perecíveis podem
durar de 7 a 15 dias, segundo empresários do setor.
No caso dos combustíveis, o
Distrito Federal não apresentará
problemas de desabastecimento,
pois a distribuição é feita por via
ferroviária. Apesar disso, ontem
houve filas em vários postos.
Em Belo Horizonte (MG), a greve já provocou aumento de 95%
no preço de algumas frutas, como
a laranja-pêra.
No Rio Grande do Norte, os
produtores de frutas estão evitando embarcar os produtos para as
regiões Sul e Sudeste com medo
de que os caminhões fiquem retidos.
Em Pernambuco, a Associação
Pernambucana de Supermercados prevê desabastecimento se a
greve perdurar até a próxima semana.
Hospitais
A greve afetou o abastecimento
de leite do Hospital das Clínicas
de São Paulo. Ontem, o HC foi
obrigado a fazer uma compra urgente de 6.000 litros de leite para
suprir o consumo de pelo menos
cinco dias.
O HC também teve problemas
de abastecimento de verduras,
frutas e frango e teve que refazer o
cardápio dos próximos dias por
causa da falta dos alimentos.
Até a noite de ontem, no entanto, a maioria dos grandes hospitais de São Paulo (Albert Einstein,
9 de Julho, Sírio Libanês e HC)
não havia registrado problemas
de falta de oxigênio. Isso ocorre
porque a maioria dos hospitais
possui estoque do produto.
O HC tem estoque para cinco
dias. Segundo a assessoria de imprensa do hospital, ontem o HC já
começou a conversar com os fornecedores e pedir que eles adotem
rotas alternativas.
Colaboraram as Sucursais do Rio e Brasília, a
Agência Folhas e as regionais
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