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DIPLOMACIA
Países buscam entendimento para compensar perdas com subsídios
Brasil e Canadá não têm acordo
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
Fracassou a nova rodada de negociações entre Brasil e Canadá
envolvendo a disputa comercial
das empresas Embraer e Bombardier. O quinto e último encontro
entre diplomatas dos dois países
acabou ontem, sem perspectiva
de entendimento.
"O objetivo de um acordo não
está ao alcance da mão neste momento", disse José Alfredo Graça
Lima, subsecretário-geral de assuntos econômicos do Ministério
das Relações Exteriores. "Nossas
propostas não atenderam ao que
esperava o Canadá."
Os dois países buscam há quatro anos um acordo bilateral que
compense o lado canadense pelos
supostos prejuízos causados à
Bombardier pelas exportações
subsidiadas da Embraer e impeça
que o Brasil sofra as retaliações já
autorizadas pela Organização
Mundial do Comércio (OMC) no
valor de US$ 1,4 bilhão.
O encontro que acabou ontem é
o primeiro desde que a OMC autorizou o Canadá a fazer retaliações. Se a punição fosse aplicada,
o Brasil poderia ficar sem exportar nada para o país por pelo menos três anos (as exportações hoje
em dia do Brasil para o Canadá
são de US$ 500 milhões por ano).
Agora, os representantes se
comprometeram a levar seus relatos para os respectivos governos e
devem marcar uma nova rodada,
ainda sem data nem local definidos. "Mas não é coisa para a semana que vem", disse Lima.
O que emperrou as negociações
foi o chamado Proex 3. O lado
brasileiro se comprometeu a implantar as mudanças pedidas pela
OMC no subsídio governamental,
mas o lado canadense quer que os
prazos e os montantes de financiamento propostos pelo Brasil
sejam ainda menores. Ainda,
quer ter o direito de monitorar os
financiamentos.
Trégua informal
Enquanto isso, ainda está valendo a trégua informal, segundo a
qual a Embraer continua a fechar
negócios no exterior usando o
chamado Proex 2 e a Bombardier
não usa a retaliação autorizada
pela OMC. A empresa brasileira
disse que preservará os contratos
de 900 aeronaves que serão entregues nos próximos cinco anos.
Segundo um funcionário do governo canadense, que usou um
tom mais duro que o embaixador
brasileiro, as negociações não
progrediram porque há quatro
anos se faz a mesma discussão: o
Brasil tem uma interpretação do
Proex 3, os canadenses, outra.
Por enquanto, segundo o diplomata do Canadá, não haverá retaliação, mas essa é uma hipótese
não descartada totalmente.
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