São Paulo, sexta-feira, 29 de setembro de 2000

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DIPLOMACIA
Países buscam entendimento para compensar perdas com subsídios
Brasil e Canadá não têm acordo

SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK

Fracassou a nova rodada de negociações entre Brasil e Canadá envolvendo a disputa comercial das empresas Embraer e Bombardier. O quinto e último encontro entre diplomatas dos dois países acabou ontem, sem perspectiva de entendimento.
"O objetivo de um acordo não está ao alcance da mão neste momento", disse José Alfredo Graça Lima, subsecretário-geral de assuntos econômicos do Ministério das Relações Exteriores. "Nossas propostas não atenderam ao que esperava o Canadá."
Os dois países buscam há quatro anos um acordo bilateral que compense o lado canadense pelos supostos prejuízos causados à Bombardier pelas exportações subsidiadas da Embraer e impeça que o Brasil sofra as retaliações já autorizadas pela Organização Mundial do Comércio (OMC) no valor de US$ 1,4 bilhão.
O encontro que acabou ontem é o primeiro desde que a OMC autorizou o Canadá a fazer retaliações. Se a punição fosse aplicada, o Brasil poderia ficar sem exportar nada para o país por pelo menos três anos (as exportações hoje em dia do Brasil para o Canadá são de US$ 500 milhões por ano).
Agora, os representantes se comprometeram a levar seus relatos para os respectivos governos e devem marcar uma nova rodada, ainda sem data nem local definidos. "Mas não é coisa para a semana que vem", disse Lima.
O que emperrou as negociações foi o chamado Proex 3. O lado brasileiro se comprometeu a implantar as mudanças pedidas pela OMC no subsídio governamental, mas o lado canadense quer que os prazos e os montantes de financiamento propostos pelo Brasil sejam ainda menores. Ainda, quer ter o direito de monitorar os financiamentos.

Trégua informal
Enquanto isso, ainda está valendo a trégua informal, segundo a qual a Embraer continua a fechar negócios no exterior usando o chamado Proex 2 e a Bombardier não usa a retaliação autorizada pela OMC. A empresa brasileira disse que preservará os contratos de 900 aeronaves que serão entregues nos próximos cinco anos.
Segundo um funcionário do governo canadense, que usou um tom mais duro que o embaixador brasileiro, as negociações não progrediram porque há quatro anos se faz a mesma discussão: o Brasil tem uma interpretação do Proex 3, os canadenses, outra.
Por enquanto, segundo o diplomata do Canadá, não haverá retaliação, mas essa é uma hipótese não descartada totalmente.



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