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EUROLÂNDIA
Na primeira vez em que um país mostra nas urnas sua opinião sobre a moeda, 53% dos dinamarqueses a rejeitam
Dividida, Dinamarca diz não ao euro
JOSÉLIA AGUIAR
DE LONDRES
Dividida, a Dinamarca disse não
ao euro. Às 19h30 de Brasília, com
96% dos votos contados, os oponentes totalizavam 53% dos votos, e os defensores, 47%.
O referendo de ontem era visto
como um importante voto de
confiança no euro, que já perdeu
28% de seu valor desde que foi
lançado, em 1º de janeiro de 99.
Foi a primeira vez que um país
apresentava nas urnas sua opinião sobre a moeda única.
O euro encerrou o dia com uma
cotação estável em relação ao seu
valor de quarta-feira. No final do
dia, em Londres, foi negociado a
US$ 0,8830 -em sua estréia, era
mais forte que o dólar e valia US$
1,16. Apesar da relativa estabilidade ontem, o mercado continuava
tenso. Os investidores receiam
que ocorra uma nova intervenção
por parte dos bancos centrais dos
EUA, da Europa e do Japão como
a da última sexta-feira.
O menor país da Escandinávia
tem 5,3 milhões de habitantes e
uma riqueza que soma US$ 185
bilhões. A zona do euro totaliza
uma população de 295 milhões e
um Produto Interno Bruto que
chega a US$ 6,99 trilhões.
Mas a decisão da pequena Dinamarca de continuar a ter a coroa
como moeda pode representar
muito. É possível que a rejeição de
ontem tenha forte impacto na cotação do euro nos próximos dias.
A recusa dinamarquesa também deve influenciar o Reino
Unido -terceira maior economia da Europa- e a Suécia, os
dois países da União Européia
que ainda não decidiram se vão
adotar a moeda única. Para alguns analistas, o referendo de ontem pode abrir um novo debate
sobre o futuro da União Européia.
Antes do final da apuração, o
premiê dinamarquês, Poul Nyrup
Rasmussen, que liderou uma
imensa campanha em prol do euro, reconheceu a derrota e disse
que se sentia "muito triste" com o
resultado. Durante o dia, Rasmussen distribuíra rosas para as
mulheres, apontadas como maioria entre os indecisos que poderiam decidir a votação.
Governo, partidos políticos,
empresários e sindicatos apoiavam o euro por acreditar que ele
protegeria sua economia e aumentaria a influência da Dinamarca na União Européia. Grande parte da população recusava a
nova moeda por temer a perda de
sua soberania e de conquistas sociais -o Tratado de Maastricht,
de 91, que estabeleceu a união
monetária, definiu metas fiscais
que devem ser seguidas à risca pelos países que o assinaram.
A França, que preside atualmente a zona do euro, divulgou
ontem um comunicado ontem
em nome do bloco no qual lamentou o não dinamarquês. "A
decisão não fecha as portas para
uma participação posterior na zona do euro." Ao final, diz que "a
união econômica e monetária é
uma realidade e um grande projeto da integração européia".
Grécia
A Dinamarca seria o 13º país a
adotar o euro.
Quando a moeda única foi lançada, quatro dos 15 países da
União Européia ficaram de fora
da zona do euro. A Grécia, por
não ter conseguido reduzir sua inflação e déficit orçamentário, Dinamarca, o Reino Unido e a Suécia, por decisão dos próprios países. Este ano, a Grécia foi aprovada. Vai adotar a moeda única a
partir de janeiro de 2001.
Cédulas e moedas do euro só
começam a circular em janeiro de
2002. Somente em julho desse
mesmo ano as moedas nacionais
deixam de ser aceitas.
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