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FIM DO SUFOCO?
Para a indústria, consumidor já está mais disposto a abrir a carteira, mas a base de comparação é fraca
Natal deverá ser melhor do que em 2002
DA REPORTAGEM LOCAL
Alguns setores que dependem
mais das vendas do final do ano
ou que receberam estímulo do
governo para sair da crise esperam vender neste Natal mais do
que em igual período de 2002.
Na avaliação da indústria de
brinquedos, alimentos e eletroeletrônica, o consumidor estará mais
entusiasmado para gastar. Mas
não há nada para se comemorar,
dizem, já que as vendas no Natal
de 2002 foram fracas.
A perspectiva de melhora no
consumo neste final de ano se deve ao fato de as taxas de juros estarem em queda e do cenário econômico e político mais definido
-no ano passado havia incerteza
sobre a condução da política econômica pelo governo petista.
Alimentos
A indústria de alimentos se preparou para produzir entre 3% e
3,5% mais neste final de ano na
comparação com 2002. "O país
começa a tirar o pé do freio", diz
Denis Ribeiro, coordenador do
departamento de economia da
Abia, associação que reúne os fabricantes de alimentos.
A Perdigão vai produzir 3%
mais produtos típicos para o Natal -especialmente perus, chesters e tenders- do que em 2002.
As vendas desses produtos, informa João Rozário, vice-presidente da empresa, só começarão
em outubro. "A redução dos juros
e o incentivo do governo ao crédito vão elevar as vendas no Natal.
O consumidor começa a se sentir
um pouco mais seguro para gastar", afirma Rozário.
A indústria de brinquedos estima vender 12% a mais no Dia da
Criança e 5% a mais no Natal deste ano em comparação com o ano
passado. Neste ano, porém, o setor prevê faturar R$ 770 milhões,
o mesmo valor de 2002.
"No primeiro semestre deste
ano, vendemos 30% menos do
que em igual período do ano passado. Pretendemos agora recuperar parte dessa queda", afirma
Synésio Batista da Costa, presidente da Abrinq, associação dos
fabricantes de brinquedos.
Segundo ele, as fábricas estão
vendendo as sobras de mercadorias e operam com 45% ociosidade, que chegou a 70% este ano.
Confecções
As confecções prevêem um Natal parecido com o do ano passado, com a venda de 500 milhões
de peças. "Até agora, vendemos
8% menos do que em igual período de 2002. Mas acreditamos em
recuperação", afirma Roberto
Chadad, presidente da Abravest,
associação das confecções.
As encomendas das lojas para o
final do ano, diz, ainda não começaram porque o frio se estendeu.
"Mas já estamos preparados para
atender os pedidos em tempo
mais curto." O setor, diz Chadad,
espera comercializar 4,9 bilhões
de peças neste ano, o mesmo volume do ano passado. O recorde
da produção foi 1986, com a venda de 5,7 bilhões de peças.
Empurrão
O setor eletroeletrônico prevê
reação apenas nos eletrodomésticos contemplados pelo incentivo
do governo, que disponibilizou
R$ 200 milhões para uma linha de
crédito especial para a compra de
geladeiras, fogões, máquinas de
lavar e televisores.
A Eletros, associação dos fabricantes de eletroeletrônicos, estima um crescimento de 10% nas
vendas desses produtos no último
trimestre deste ano em relação a
igual período do ano passado.
Ainda assim, no acumulado do
ano, o setor deve fechar com queda de 4% nas vendas.
De acordo com a Eletros, a percepção da indústria depois dos
cortes nos juros básicos é que
houve reação no volume de encomendas, mas ainda há dúvidas se
essa melhora vai se manter.
Para Hugo Maia, presidente da
Fenabrave (associação dos distribuidores de automóveis), a queda
de juros e o controle da inflação
devem resultar num aumento de
vendas daqui para a frente.
(FÁTIMA FERNANDES E MAELI PRADO)
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