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INTEGRAÇÃO
Segundo avaliação preliminar dos negociadores europeus, proposta do Mercosul é até pior do que a anterior
Nova oferta não agrada à União Européia
ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A última proposta do Mercosul
para a criação de uma área de livre
comércio com a União Européia
foi pior do que a anterior em relação ao acesso de produtos europeus aos mercados do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, segundo avaliações preliminares
dos negociadores em Bruxelas.
O Itamaraty admite que a nova
oferta, entregue na sexta-feira, diminuiu o número de produtos
europeus que terão Imposto de
Importação zero. Os diplomatas
brasileiros enfatizam, no entanto,
que houve concessões consideráveis em outras áreas, como investimentos, serviços, compras governamentais e denominações
geográficas (uso exclusivo de determinadas marcas por produtores europeus).
Laticínios e uísque, por exemplo, foram retirados da lista de
produtos que chegariam a ter alíquota zero. Os automóveis fazem
parte da lista, mas só chegarão à
tarifa zero dentro de 18 anos.
A primeira reação da Europa à
oferta melhorada do Mercosul
não é nada animadora, quando se
leva em conta que resta pouco
mais de um mês para que os dois
lados cheguem a um acordo. O
prazo estabelecido para o fim das
negociações é 31 de outubro. Se as
conversas fracassarem, as negociações só recomeçarão no próximo ano e em bases novas. A oferta
do Mercosul, por exemplo, só vale
até o final do próximo mês.
De acordo com cálculos preliminares da UE, a nova proposta
só prevê alíquota zero para 77%
do total de suas exportações para
o Mercosul. A anterior, dizem os
europeus, abarcava 86%.
Apesar de oferecer alíquota zero
para um número menor de produtos, a nova proposta do Mercosul oferece reduções tarifárias para um universo maior, de cerca de
90% das exportações européias
para a região. A oferta anterior incluía apenas 88%.
Proposta européia
A oferta melhorada da Europa
ainda não é conhecida. O documento deverá ser entregue aos negociadores do Mercosul até depois de amanhã. No momento, os
comissários e Estados membros
da UE analisam a oferta do Mercosul para avaliar que concessões
poderão ser feitas.
Apesar de não conhecer o texto
final da oferta, os diplomatas do
Mercosul tiveram indicações claras que a Europa manterá um sistema de cotas à exportações de
determinados produtos de interesse da região, como carnes, e incluirá algum mecanismo que evite vendas muito acima dos limites
estabelecidos.
Na opinião de diplomatas brasileiros, a Europa não pode reclamar da oferta de acesso a mercado do Mercosul, pois sua própria
oferta não é das mais generosas.
Ontem, a CNI (Confederação Nacional da Indústria) divulgou documento no qual afirma que os
dois lados precisam reduzir suas
ambições para que o acordo seja
firmado dentro do prazo.
Apesar dessa troca de farpas, os
dois lados afirmam que trabalham para tentar fechar o acordo
no prazo. Ambos ressaltam, no
entanto, que não há nenhum problema em adiar as negociações
para garantir um acordo mais
ambicioso. Na UE, porém, os comissários, que deixarão seus cargos no dia 31 de outubro, têm dificuldades de convencer os países
membros a aceitar o acordo.
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