São Paulo, sábado, 29 de setembro de 2007

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Bancos instalam menos caixas eletrônicos

Terminais compartilhados entre bancos substituem máquinas exclusivas das instituições, mas clientes pagam mais

Entre 2005 e 2006, houve um saldo de 73 unidades novas no Brasil, ante ritmo anterior de cerca de 10 mil caixas instalados por ano

FERNANDO NAKAGAWA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Bancos reduziram o ritmo de instalação de caixas eletrônicos no ano passado. A despeito do volume crescente de operações nesses equipamentos, o número de pontos de atendimento automático aumentou em apenas 73 unidades ou 0,05% entre 2005 e 2006 no Brasil. Antes, de 1999 a 2005, bancos instalavam, em média, cerca de 10 mil equipamentos por ano.
Segundo o Banco Central, o compartilhamento das redes -uso do caixa por clientes de várias instituições- é o principal responsável pelo fim da expansão. Bancos têm usado essa estratégia para reduzir custos. O problema é que as operações em terminais de bancos parceiros são "serviço extra", o que é mais caro para o cliente.
A interrupção do crescimento da rede acontece porque, quando dois bancos fecham acordo, há casos em que terminais podem ser retirados de locais que já contam com máquinas da instituição parceira. Nos últimos anos, três dos maiores bancos fecharam alianças: Banco do Brasil com a Caixa Econômica Federal e, mais recentemente, BB com Bradesco.
A Folha apurou que o Itaú também vai anunciar parceria semelhante em outubro, quando clientes de instituições associadas à Rede 24 Horas poderão usar terminais do banco. Isso vai permitir, por exemplo, que clientes do Bradesco saquem nos terminais do Itaú.
"Era comum ver quase uma dezena de caixas eletrônicos em locais como shoppings e aeroportos. Agora, bancos iniciaram processo para racionalizar em conjunto o uso dessas máquinas", diz o chefe-adjunto do departamento de operações bancárias do BC, Luís Fernando Cardoso Maciel. O BC tem incentivado a estratégia porque isso elevaria a eficiência do sistema bancário, que fechou 2006 com 146.868 máquinas.
O ganho acontece porque os custos são divididos entre os parceiros. Luís Marques de Azevedo, consultor da Febraban (Federação Brasileira dos Bancos), diz que as despesas com a operação dos caixas de uso comum -como compra do equipamento, manutenção, reposição de dinheiro e segurança- são cerca de 30% menores.
São Paulo foi o primeiro Estado a perceber o efeito dessas parcerias. Entre 2005 e 2006, foram desinstalados 861 terminais. "É natural que isso ocorra primeiro em São Paulo. Todos os bancos estão nesse mercado. Onde há um banco, tem o outro do lado", afirma Eduardo Diniz, professor do centro de excelência bancária da FGV.
A explicação é parecida com o argumento da Febraban. "Se faço acordo de compartilhamento, a lógica pede plano de reinstalações dos equipamentos para não haver redundância", diz Azevedo. Graças a esse processo de racionalização, explica, o número de terminais instalados em locais públicos caiu 6,6% entre 2005 e 2006.
Há, ainda, um fator tecnológico: máquinas antigas que tinham funções exclusivas -como saque, depósito e extrato- têm sido substituídas por novas que realizam todas as operações. Isso também ajuda a reduzir a rede, dizem os bancos.


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