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Bancos instalam menos caixas eletrônicos
Terminais compartilhados entre bancos substituem máquinas exclusivas das instituições, mas clientes pagam mais
Entre 2005 e 2006, houve um saldo de 73 unidades novas no Brasil, ante ritmo
anterior de cerca de 10 mil caixas instalados por ano
FERNANDO NAKAGAWA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Bancos reduziram o ritmo de
instalação de caixas eletrônicos
no ano passado. A despeito do
volume crescente de operações
nesses equipamentos, o número de pontos de atendimento
automático aumentou em apenas 73 unidades ou 0,05% entre
2005 e 2006 no Brasil. Antes,
de 1999 a 2005, bancos instalavam, em média, cerca de 10 mil
equipamentos por ano.
Segundo o Banco Central, o
compartilhamento das redes
-uso do caixa por clientes de
várias instituições- é o principal responsável pelo fim da expansão. Bancos têm usado essa
estratégia para reduzir custos.
O problema é que as operações
em terminais de bancos parceiros são "serviço extra", o que é
mais caro para o cliente.
A interrupção do crescimento da rede acontece porque,
quando dois bancos fecham
acordo, há casos em que terminais podem ser retirados de locais que já contam com máquinas da instituição parceira. Nos
últimos anos, três dos maiores
bancos fecharam alianças: Banco do Brasil com a Caixa Econômica Federal e, mais recentemente, BB com Bradesco.
A Folha apurou que o Itaú
também vai anunciar parceria
semelhante em outubro, quando clientes de instituições associadas à Rede 24 Horas poderão usar terminais do banco.
Isso vai permitir, por exemplo,
que clientes do Bradesco saquem nos terminais do Itaú.
"Era comum ver quase uma
dezena de caixas eletrônicos
em locais como shoppings e aeroportos. Agora, bancos iniciaram processo para racionalizar
em conjunto o uso dessas máquinas", diz o chefe-adjunto do
departamento de operações
bancárias do BC, Luís Fernando Cardoso Maciel. O BC tem
incentivado a estratégia porque isso elevaria a eficiência do
sistema bancário, que fechou
2006 com 146.868 máquinas.
O ganho acontece porque os
custos são divididos entre os
parceiros. Luís Marques de
Azevedo, consultor da Febraban (Federação Brasileira dos
Bancos), diz que as despesas
com a operação dos caixas de
uso comum -como compra do
equipamento, manutenção, reposição de dinheiro e segurança- são cerca de 30% menores.
São Paulo foi o primeiro Estado a perceber o efeito dessas
parcerias. Entre 2005 e 2006,
foram desinstalados 861 terminais. "É natural que isso ocorra
primeiro em São Paulo. Todos
os bancos estão nesse mercado.
Onde há um banco, tem o outro
do lado", afirma Eduardo Diniz, professor do centro de excelência bancária da FGV.
A explicação é parecida com
o argumento da Febraban. "Se
faço acordo de compartilhamento, a lógica pede plano de
reinstalações dos equipamentos para não haver redundância", diz Azevedo. Graças a esse
processo de racionalização, explica, o número de terminais
instalados em locais públicos
caiu 6,6% entre 2005 e 2006.
Há, ainda, um fator tecnológico: máquinas antigas que tinham funções exclusivas -como saque, depósito e extrato-
têm sido substituídas por novas que realizam todas as operações. Isso também ajuda a reduzir a rede, dizem os bancos.
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