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MEMÓRIA
Casimiro Montenegro Filho, que fundou ITA e CTA, faria cem anos
Aviador pioneiro é homenageado
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
Um importante mas pouco
conhecido pioneiro da aviação
brasileira, o brigadeiro Casimiro Montenegro Filho (1904-2000), vai ser homenageado hoje em São José dos Campos (97
km a nordeste de São Paulo), no
centenário do seu nascimento.
Entre os pioneiros brasileiros,
Alberto Santos-Dumont (1873-1932) dispensa apresentações;
mesmo o "padre voador" Bartolomeu de Gusmão (1685-1724)
passou a ser mais conhecido depois que foi retratado pelo Prêmio Nobel de Literatura português José Saramago no livro
"Memorial do Convento".
Já o brigadeiro Montenegro
costuma ser mais conhecido
apenas pelo pessoal ligado diretamente à aviação, apesar de seu
papel fundamental para desenvolver as bases da atual indústria aeronáutica no país.
O brigadeiro foi o criador do
ITA (Instituto Tecnológico de
Aeronáutica) e do CTA (Centro
Técnico Aeroespacial), duas
instituições fundamentais para
o avanço brasileiro na área, hoje
refletido no sucesso comercial
da Embraer.
No CTA, foi desenvolvido o
primeiro avião importante da
moderna indústria aeronáutica
brasileira, o bimotor Bandeirante, cujo protótipo voou em
outubro de 1968. No ano seguinte, foi fundada a Embraer
(Empresa Brasileira de Aeronáutica), controlada pela União,
que passou a fabricá-lo. A Embraer foi privatizada em 1994.
Às 10h, há uma cerimônia militar na direção do CTA em homenagem ao brigadeiro, que é o
patrono da engenharia aeronáutica. Às 14h, haverá sessão
solene da congregação do ITA
em homenagem ao centenário
do nascimento do brigadeiro
Montenegro, em que serão feitos depoimentos sobre sua vida.
Está prevista também a inauguração de estátua e monumento ao pioneiro em praça ao lado
da entrada do CTA. A estátua foi
financiada pelos ex-alunos agregados na Associação dos Engenheiros do ITA, presidida por
Ozires Silva, que foi também o
primeiro diretor da Embraer.
E, às 20h, o escritor Fernando
Morais fala sobre a biografia do
brigadeiro que está escrevendo,
patrocinado pela Embraer e pela Fundação Casimiro Montenegro Filho.
"O brigadeiro Montenegro, o
almirante Álvaro Alberto, são figuras que precisam ser resgatadas", diz o ministro da Ciência e
Tecnologia, Eduardo Campos
(o almirante foi fundador do
CNPq, Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e
Tecnológico).
"Eles tiveram que vencer barreiras para alicerçar o sistema de
ciência e tecnologia de hoje, sua
atuação desafia a nova geração a
pensar estrategicamente", afirma o ministro, que foi convidado para a cerimônia, mas cuja
presença em São José ainda não
está confirmada.
"Ele se confunde com a própria história da aviação brasileira", declara o diretor-geral do
CTA, major-brigadeiro-do-ar
Adenir Siqueira Viana.
Casimiro Montenegro Filho
nasceu em Fortaleza (CE) e entrou na Escola Militar no Rio em
1923. Teve papel decisivo na
consolidação do Correio Aéreo
Nacional. Fez o primeiro vôo do
Rio de Janeiro a São Paulo levando uma carta em 1931.
Formou-se em engenharia na
Escola Técnica do Exército (hoje Instituto Militar de Engenharia, IME) em 1938. Depois da
criação da FAB (Força Aérea
Brasileira) em 1941, durante a
Segunda Guerra, começou a se
dedicar ao fomento da indústria
aeronáutica no Brasil. O primeiro e fundamental passo para
que ela germinasse foi a criação
de instituição de ensino especializada, que viria a ser o ITA.
Montenegro visitaria os EUA
em 1945 para obter subsídios
para a criação da escola de engenharia aeronáutica. A escola
brasileira surgiu com ajuda do
prestigiado MIT, Instituto de
Tecnologia de Massachusetts.
"Era uma figura ímpar, com
uma visão extraordinária", diz o
reitor do ITA, Michal Gartenkraut. Para o reitor, Montenegro foi responsável por um novo modelo educacional, comum
hoje, mas revolucionário à época -baseado em cooperação
internacional, busca pela excelência, associação entre ensino e
pesquisa, regime de tempo integral e dedicação exclusiva.
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