São Paulo, sexta-feira, 29 de outubro de 2004

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PREÇOS

Varejo tem menor índice em 4 anos

IGP-M desacelera com o recuo dos alimentos

JANAINA LAGE
DA FOLHA ONLINE, NO RIO

A queda dos preços dos alimentos fez o IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado) recuar para 0,39% em outubro, praticamente a metade da inflação do mês passado, de 0,69%. Trata-se também do menor valor desde outubro de 2003, quando atingiu 0,38%.
No ano, o IGP-M acumula alta de 10,69%, e, nos últimos 12 meses, de 11,91%. Desde setembro, os alimentos vêm sendo apontados como os responsáveis pelo recuo da inflação. Em outubro, eles registraram deflação no atacado de 2,51%, e, no varejo, de 0,88%.
Segundo o coordenador de análises econômicas da FGV (Fundação Getúlio Vargas), Salomão Quadros, os produtos agrícolas estão contrariando o padrão do período de entressafra. Em outubro, os preços desses itens caíram 1,98%.
"Desde 1999, quando houve a mudança no regime cambial, os produtos agrícolas registram alta nessa época do ano. A queda deste mês significa que os fatores econômicos estão sendo mais relevantes", disse. Quadros destaca a oferta excessiva de soja, cujos preços, mesmo fora do período de colheita, recuaram 8,9%.
Os produtos industriais no atacado passaram de uma alta nos preços de 1,38% em setembro para 1,31% em outubro. Dos 19 segmentos industriais pesquisados, 13 mostraram desaceleração.
Segundo Quadros, o recuo só não foi maior em razão do aumento dos preços de ferro, aço e derivados. "Acelerações pontuais e agudas fizeram com que o setor siderúrgico tivesse uma alta de 5,37%, acima da média mensal de 3% verificada este ano", afirmou. Com a queda dos preços dos produtos agrícolas e com a pequena variação dos produtos industriais, o atacado registrou inflação de 0,44%.
No varejo, os preços avançaram apenas 0,05%, o menor nível dos últimos quatro anos. Para Quadros, o resultado não reflete a inflação real. Isso porque os preços ao consumidor ficaram praticamente estáveis com o recuo dos preços dos alimentos, principalmente do item hortaliças e legumes (-12,16%). Sem esse item, os preços no varejo teriam subido 0,45%.
Além disso, o impacto do reajuste da gasolina ainda não foi inteiramente captado pelo índice. Esse é o primeiro IGP a registrar o reajuste anunciado no dia 15 deste mês pela Petrobras de 4% no preço da gasolina nas refinarias da estatal e de 6% no diesel. Em razão do período de coleta de preços, de 21 de setembro a 20 de outubro, a influência foi pequena. Segundo Quadros, o impacto total será de 0,16 ponto percentual no IGP-M de novembro.
Na construção civil, os preços passaram de 0,67% em setembro para 0,95% em outubro, com a influência dos aumentos do setor siderúrgico.
Para o próximo mês, a FGV prevê que os custos do setor continuem em alta com os dissídios da categoria em Belo Horizonte, Recife, Fortaleza e Belém.


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