São Paulo, quinta-feira, 29 de outubro de 2009

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Bolsa recua 4,75% e passa a acumular queda em outubro

Tombo é o maior em 7 meses, em meio à depreciação de commodities; dólar sobe 0,92% e fecha a R$ 1,755

DA REPORTAGEM LOCAL

Em mais um pregão de forte baixa, a Bovespa anulou os ganhos que tinha acumulado em outubro. O cenário externo desanimador, especialmente na Europa, levou os investidores a se desfazerem das ações brasileiras, e a Bovespa teve perdas de 4,75%. Foi a maior baixa registrada em um pregão em mais de sete meses.
Sendo um dos mercados que mais perderam no mundo ontem, a Bolsa de Valores de São Paulo passou a marcar queda mensal de 2,20%. No ano, ainda tem alta elevada, de 60,2%.
Balanços trimestrais decepcionantes estragaram o humor dos europeus. O resultado foram quedas de 2,5% em Frankfurt e de 2,3% em Londres.
O recuo nas vendas de casas novas nos EUA também colaborou para o dia negativo. O índice Dow Jones, que agrupa 30 das ações americanas mais negociadas, teve baixa de 1,21%. A Bolsa eletrônica Nasdaq, referência no setor de alta tecnologia, caiu 2,67%.
"A queda foi generalizada na Bolsa brasileira. Quem já tinha ganhado muito dinheiro aproveitou o dia para realizar [venda de ações para embolsar lucros]", diz Eduardo Cotrim, sócio-tesoureiro do Banco Modal.
Dos 63 papéis que formam o índice Ibovespa, o mais relevante do mercado local, apenas 2 escaparam do vermelho ontem: Cosan ON, que subiu 2,83%, e Transmissão Paulista PN, com alta de 0,42%.
Em meio ao fortalecimento do dólar no mercado internacional, as commodities se desvalorizaram -o que costuma ser desvantajoso para a Bovespa. O petróleo registrou depreciação de 2,63%, para fechar a US$ 77,46 em Nova York.
As ações preferenciais da Petrobras recuaram 4,75%.
O segmento de siderurgia e mineração, muito dependente dos preços das commodities, esteve entre as maiores baixas de ontem. As ações da MMX Mineração ficaram no topo das perdas do Ibovespa, com recuo de 9,28%. Logo atrás apareceram Gerdau PN, com baixa de 7,16%, Usiminas PNA, que caiu 6,44%, e CSN ON (-5,01%).
Uma das empresas que tiveram balanço decepcionante na Europa foi a ArcelorMittal. O resultado pior que o esperado da gigante da siderurgia levou investidores a ficarem mais pessimistas em relação aos números que a Vale apresentaria após o fechamento do mercado. Com isso, o preço das ações preferenciais "A" da Vale, as mais negociadas do pregão, recuou 4,53%.
Cotrim diz que uma nova preocupação surgiu em relação às commodities. "O mercado começa a questionar se as commodities estavam se fortalecendo apenas pela depreciação do dólar, e não pela expectativa de recuperação da economia mundial", afirma.
O setor bancário também foi destaque negativo no mercado internacional. O resultado do Santander, apontado como um dos bancos que melhor se saíram durante a crise, não agradou e esfriou os ânimos com o segmento. O papel do Santander caiu 3,44% em Madri.
Na Bolsa de Londres, as ações do Barclays perderam 6,12%. Em Frankfurt, o Deutsche Bank recuou 3,31%. Em Wall Street, o Citigroup terminou o dia com perdas de 4,45%.
Para os bancos brasileiros, as quedas na Bovespa foram de 6,87% (BB), 6,67% (Itaú Unibanco) e 5,45% (Bradesco).

Câmbio
O dólar se distanciou um pouco mais de seu piso recente, de R$ 1,70, ao se apreciar em 0,92% ontem e terminar o dia a R$ 1,755 -próximo da cotação máxima do dia, de R$ 1,76. No acumulado do mês, a moeda ainda tem baixa de 0,96%.
(FABRICIO VIEIRA)


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