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Lei exige que Aneel resolva
o problema
AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Aneel (Agência Nacional
de Energia Elétrica) terá, por
força de lei, de resolver a distorção na tarifa de energia
elétrica. O problema soma
bilhões de reais e existe desde a assinatura dos contratos
de concessão. Segundo a lei
8.987, de 13 de fevereiro de
1995 -instrumento que balizou todos os contratos de
concessão para a privatização-, a agência é responsável direta por manter o equilíbrio econômico-financeiro,
seja em defesa das distribuidoras, seja em defesa dos
consumidores, como agora.
"A Aneel é guardiã dos
contratos e é a agência que
tem a função de ajustá-los a
qualquer tempo caso seja necessário", afirma Fernando
Abrahão, economista e especialista em regulação econômico-financeira do setor elétrico. Em resposta a questionamentos feitos pela reportagem da Folha, a Aneel encaminhou nota na qual diz
que, em nome da "segurança
jurídica", a correção do problema que gera a distorção
para os consumidores implica alteração do contrato de
concessão. Mas na mesma
nota a agência diz que isso
"depende necessariamente
de negociação prévia entre
as partes" -Aneel e concessionárias. Para a agência,
mesmo sendo a responsável
pelos contratos, não pode fazê-lo sem negociação.
Abrahão avalia que não. Se
há um erro no contrato admitido pela própria agência,
a atual legislação determina
que a autoridade faça o ajuste. Para o presidente da CPI
das Tarifas, deputado Eduardo da Fonte (PP-PE), a agência revela falta de autoridade
com as concessionárias.
"O que parece é que a
Aneel não quer se confrontar com as distribuidoras.
Por isso, insiste na publicação de uma nova portaria interministerial", afirma.
Para o deputado, a publicação da nova portaria resolveria apenas o problema de
agora em diante, sem uma
solução para os valores pagos pelos consumidores até
agora. Segundo ele, no entanto, a repercussão do caso
inviabiliza a busca de uma
solução que não considere o
ressarcimento do que foi pago a mais pelos consumidores em todo o país.
Para a coordenadora da
Pro Teste, Maria Inês Dolci,
ao reconhecer o problema, a
direção da Aneel pode ser
acusada de omissão e responder por ato de improbidade administrativa.
"Se a Aneel não corrigir o
problema, caberá ação de
improbidade administrativa
contra a agência, porque ela
está atuando contra os princípios da administração pública, agindo com omissão. A
agência é a guardiã dos contratos", diz Dolci.
Por isso, a Pro Teste abriu
um processo administrativo
pedindo informações sobre
quais medidas serão adotadas para uma solução do
problema. A instituição ainda aguarda a resposta da
agência reguladora.
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