São Paulo, sexta-feira, 29 de novembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ANO DO DRAGÃO

Estudo encomendado por Lula detecta especulação de preços

Compromisso de controlar inflação é total, afirma PT

SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA E
DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA


O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, disse, por meio de sua assessoria, que o controle da inflação é uma prioridade e que esse compromisso será mantido a todo custo. Além disso, Lula pediu a economistas do partido estudos para tentar explicar o recente aumento nos preços dos produtos da cesta básica.
"O compromisso do controle da inflação é total, é uma prioridade. É um compromisso de honra e será mantido a todo custo", disse o porta-voz de Lula, André Singer. Singer disse ainda que Lula acredita que a subida da inflação seja um "repique" e que as taxas cederão nos próximos meses.
A Folha apurou que Lula, nos estudos encomendados, quer saber se os aumentos recentes são causados por especulação de produtores e intermediários ou se há um componente "estrutural" na elevação, como um aumento de demanda causado por desabastecimento.
De acordo com os resultados preliminares dos estudos entregues a Lula, foram identificados alguns componentes especulativos na subida dos preços.
O presidente eleito afirmou a integrantes da cúpula partidária que após eleito estudará medidas para conter a alta inflacionária.

Avaliação do governo
O governo avalia que os preços continuarão pressionados entre dezembro e janeiro, mas a expectativa é a de que os índices de inflação caiam a partir de fevereiro.
Segundo Roberto Iglesias, secretário-adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda, além dos reajustes que ocorrem em decorrência da alta do dólar, existem aumentos sazonais (que normalmente acontecem em determinado período do ano) como as mensalidades escolares. Para Iglesias, o Banco Central está tendo agora uma atuação "disciplinadora", elevando os juros para segurar o consumo.
"As pessoas estão tentando antecipar aumentos porque não sabem o que vai acontecer no futuro. É preciso evitar que esses reajustes se propaguem", diz.
Joel Bogdanski, da gerência de política monetária do Itaú, avalia que as remarcações de preços estão tendo como base uma taxa de câmbio entre R$ 3,10 e R$ 3,20. Ou seja, se a taxa continuar em torno de R$ 3,50, novos reajustes deverão ocorrer.
Bogdanski, que atuou na implantação do sistema de metas de inflação e deixou o BC em meados deste ano, afirma que a influência do câmbio sobre os preços e vice-versa só será contida com a melhora das expectativas.
Bogdanski espera novo aumento dos juros na próxima reunião do Comitê de Política Monetária do BC. Para ele, o atual nível da Selic não é suficiente para conter a alta dos índices de inflação.


Texto Anterior: Ano do dragão: Inflação acumula alta de 20,78% no ano
Próximo Texto: Frases
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.