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ANO DO DRAGÃO
Estudo encomendado por Lula detecta especulação de preços
Compromisso de controlar inflação é total, afirma PT
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA E
DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
O presidente eleito, Luiz Inácio
Lula da Silva, disse, por meio de
sua assessoria, que o controle da
inflação é uma prioridade e que
esse compromisso será mantido a
todo custo. Além disso, Lula pediu a economistas do partido estudos para tentar explicar o recente aumento nos preços dos
produtos da cesta básica.
"O compromisso do controle da
inflação é total, é uma prioridade.
É um compromisso de honra e será mantido a todo custo", disse o
porta-voz de Lula, André Singer.
Singer disse ainda que Lula acredita que a subida da inflação seja
um "repique" e que as taxas cederão nos próximos meses.
A Folha apurou que Lula, nos
estudos encomendados, quer saber se os aumentos recentes são
causados por especulação de produtores e intermediários ou se há
um componente "estrutural" na
elevação, como um aumento de
demanda causado por desabastecimento.
De acordo com os resultados
preliminares dos estudos entregues a Lula, foram identificados
alguns componentes especulativos na subida dos preços.
O presidente eleito afirmou a integrantes da cúpula partidária
que após eleito estudará medidas
para conter a alta inflacionária.
Avaliação do governo
O governo avalia que os preços
continuarão pressionados entre
dezembro e janeiro, mas a expectativa é a de que os índices de inflação caiam a partir de fevereiro.
Segundo Roberto Iglesias, secretário-adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda, além dos reajustes que ocorrem em decorrência da alta do dólar, existem aumentos sazonais
(que normalmente acontecem em
determinado período do ano) como as mensalidades escolares. Para Iglesias, o Banco Central está
tendo agora uma atuação "disciplinadora", elevando os juros para segurar o consumo.
"As pessoas estão tentando antecipar aumentos porque não sabem o que vai acontecer no futuro. É preciso evitar que esses reajustes se propaguem", diz.
Joel Bogdanski, da gerência de
política monetária do Itaú, avalia
que as remarcações de preços estão tendo como base uma taxa de
câmbio entre R$ 3,10 e R$ 3,20. Ou
seja, se a taxa continuar em torno
de R$ 3,50, novos reajustes deverão ocorrer.
Bogdanski, que atuou na implantação do sistema de metas de
inflação e deixou o BC em meados
deste ano, afirma que a influência
do câmbio sobre os preços e vice-versa só será contida com a melhora das expectativas.
Bogdanski espera novo aumento dos juros na próxima reunião
do Comitê de Política Monetária
do BC. Para ele, o atual nível da
Selic não é suficiente para conter a
alta dos índices de inflação.
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