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CONTAS PÚBLICAS
Em dez meses, superávit primário vai a 5,07% do PIB; acordo com Fundo prevê economia de 3,88% no ano
País segura gastos e cumpre meta do FMI
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O dinheiro economizado pelo
governo até agora já é suficiente
para o cumprimento da principal
meta fiscal prevista no acordo do
Brasil com o FMI (Fundo Monetário Internacional) para todo o
ano de 2002.
Só em outubro, a economia chegou a R$ 6,283 bilhões.
Entre janeiro e outubro, o setor
público (União, Estados, municípios e estatais) acumulou um superávit primário (receitas menos
despesas, exceto gastos com juros) de R$ 53,904 bilhões. No
acordo com o FMI, o governo se
comprometeu a economizar, pelo
menos, R$ 50,3 bilhões ao longo
de todo o ano. O valor dessa meta
equivale a 3,88% do PIB (Produto
Interno Bruto) de 2002. Nos 12
meses encerrados em outubro, o
superávit primário acumulado
pelo governo já representava
4,13% do PIB registrado no período. Entre janeiro e outubro, esse
índice está em 5,07% do PIB.
Com a "folga" acumulada até
agora, o governo poderá gastar R$
3,6 bilhões a mais do que arrecadar e, ainda assim, a meta acertada com o FMI será cumprida. Esse excedente poderá ser usado,
por exemplo, no pagamento do
13º salário aos servidores públicos. "Em geral, a pressão por gastos é sempre maior no fim do
ano", afirma o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes.
Em geral, o governo "segura" os
recursos ao longo do ano e só os
libera quando tem certeza de que
a meta fiscal fixada no acordo
com o FMI será cumprida. Às vezes, essa liberação só ocorre nas
últimas semanas do ano.
Em 2001, por exemplo, o setor
público teve um déficit primário
de R$ 2,947 bilhões em dezembro.
Ainda assim, o superávit acumulado ao longo de todo ano ficou
acima do exigido pelo FMI.
O governo brasileiro precisa
cumprir as metas referentes ao
superávit primário para poder ter
acesso aos empréstimos oferecidos pelo FMI. Dos US$ 30 bilhões
disponibilizados pelo atual acordo, US$ 3 bilhões já foram sacados, US$ 3 bilhões serão liberados
até o final do ano, e os US$ 24 bilhões restantes ficarão para 2003.
A ênfase do FMI em relação ao
superávit primário está relacionada à preocupação sobre a capacidade de o setor público continuar
pagando suas dívidas em dia:
quanto maior o aperto fiscal, mais
recursos o governo tem para honrar seus compromissos.
Impostos
Além do controle mais forte dos
gastos públicos, o governo contou
também com a elevada arrecadação de impostos para garantir o
superávit primário.
A Receita Federal arrecadou R$
199,46 bilhões entre janeiro e outubro deste ano -valor 22,9%
maior do que o registrado no
mesmo período de 2001.
Desse total, porém, cerca de R$
20 bilhões são provenientes de receitas extraordinárias, ou seja,
que não devem se repetir nos próximos anos. Esse dinheiro vem,
na sua maior parte, de contribuintes que renegociaram antigas
dívidas com a Receita e obtiveram
um desconto para acertar suas
pendências.
Só os fundos de pensão pagaram mais de R$ 9 bilhões em impostos atrasados. Sem esse dinheiro extra, o governo precisaria
cortar mais despesas ou aumentar outros impostos para poder alcançar o superávit desejado.
Os Estados e os municípios
também colaboraram para a obtenção do superávit primário do
setor público. Os governos regionais foram responsáveis por uma
economia de R$ 10,94 bilhões entre janeiro e outubro.
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