São Paulo, quinta-feira, 29 de novembro de 2007

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Justiça susta assembléia para venda da Ipiranga

Liminar adia incorporação do grupo à holding Ultrapar

ELVIRA LOBATO
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Dezenove fundos de investimento obtiveram, ontem, na Justiça de São Paulo, liminar que suspende a realização das assembléias de acionistas do grupo Ipiranga, marcadas para 18 de dezembro, para votar a incorporação das ações da refinaria e das duas distribuidoras Ipiranga à holding Ultrapar.
A incorporação das ações seria a última etapa da compra do grupo por Petrobras, Braskem e Ultra, antes da partilha dos ativos (refinaria e postos de combustíveis) entre os compradores. A suspensão não anula a venda da Ipiranga, anunciada em março, mas atrasa o processo e pode encarecer a operação. Os investidores querem que haja oferta pública para compra das ações das três empresas do grupo Ipiranga em poder dos minoritários.
Os compradores propuseram trocá-las por papéis da Ultrapar. Os fundos contestam a proposta com o argumento de que o rateio dos bens da Ipiranga -entre Petrobras, Braskem e Ultra- equivalerá ao fechamento de capital da Ipiranga, o que, pela lei, exigiria oferta pública de compra de ações.
Pela proposta, os acionistas das duas distribuidoras -DPPI e CBPI- e da refinaria receberão 0,64, 0,42 e 0,80 ação para cada papel da Ultrapar, respectivamente. O que os minoritários contestam não é a venda da Ipiranga, mas o modelo adotado. Acreditam que com a oferta pública podem conseguir um preço melhor para seus papéis.
O controle acionário do grupo Ipiranga foi vendido por R$ 4 bilhões. A Petrobras pagou R$ 1,3 bilhão pela rede de distribuição no Norte, Nordeste e Centro-Oeste e 40% dos ativos petroquímicos. A Braskem pagou R$ 1,1 bilhão e ficará com os outros 60% dos ativos. O grupo Ultra, por seu turno, propôs pagar R$ 1,6 bilhão pela rede de postos de distribuição de combustível do Sul e Sudeste, pagando com permuta de ações, o que depende da aceitação requer a adesão dos minoritários.
Apesar fechado o negócio, as empresas do grupo Ipiranga continuam a operar de modo independente e não foram ainda absorvidas pelos compradores. Os fundos de investimento que entraram com a ação detêm 9,89% do total de ações da RPI (Refinaria de Petróleo Ipiranga), 7,55% da CBPI (Companhia Brasileira de Petróleo Ipiranga) e 0,68% do capital da DPPI (Distribuidora de Produtos de Petróleo Ipiranga), que seriam incorporadas à Ultrapar na assembléia.
O grupo Ultra, principal afetado, diz que recorrerá da decisão ainda hoje.


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