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Cade condena frigoríficos por formação de cartel
Friboi, o maior do país, faz acordo e paga multa
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os frigoríficos Mataboi, Bertin, Minerva e Franco Fabril foram condenados por prática de
cartel ontem pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa
Econômica), sendo obrigados a
pagar multa de 5% de seu faturamento em 2004.
As empresas também devem
publicar um extrato da condenação durante duas semanas
como anúncio de meia página
em grandes jornais. Diretores
responsáveis pelas companhias
receberam multas.
Na sessão de ontem, o Cade
assinou ainda os primeiros
Termos de Compromisso para
suspensão de processos de cartel. As empresas não precisaram sequer admitir culpa.
Um acordo foi firmado com o
Friboi, maior frigorífico do
mundo. O Cade aceitou suspender o processo mediante
multa de R$ 13,7 milhões. Naquele ano, a empresa distribuiu
exatos R$ 21,8 milhões na forma de lucros e dividendos a
seus acionistas, uma demonstração de sua força no mercado.
O cartel de frigoríficos teria
combinado em janeiro de 2005
os valores de desconto para a
compra de bovinos no país.
O Cade arquivou o processo,
por falta de provas, contra os
frigoríficos Frigol, Estrela
d'Oeste, Marfrig, Boifran, Tatuibí e Bom Charque. A investigação também foi encerrada
contra o Independência e a
Abiec (associação das indústrias exportadoras de carnes).
Um outro acordo foi assinado com a cimenteira Lafarge e
recebeu críticas da SDE (Secretaria de Direito Econômico), o
órgão do Ministério da Justiça
responsável pela investigação
de cartéis. Por meio desse acordo, a Lafarge pagará R$ 43 milhões, em duas parcelas de R$
21,5 milhões, a primeira daqui a
duas semanas, e a segunda dali
a um ano, corrigida pela Selic.
Se condenada, a empresa poderia pagar 30% de seu faturamento em 2005, cujo valor não
é divulgado pela empresa. Em
2003, ela faturou R$ 757 milhões, antes de adquirir duas de
suas concorrentes.
O conselheiro Luis Fernando
Rigatto votou contra o acordo e
apresentou uma conta simples:
se o suposto cartel resultasse
em sobrepreço de mero R$ 1
por saco de cimento, as empresas participantes ganhariam R$
800 milhões por ano. "Seria
uma multa muito pequena para
dissuadir conduta", analisou.
Em 2005, a Lafarge foi condenada pelo Cade a pagar 20%
de seu faturamento por integrar um cartel de britas.
Nos acordos, Friboi e Lafarge
se comprometem a adotar boas
práticas competitivas. Em caso
de descumprimento nos próximos 12 meses, os processos podem ser reabertos. Além de não
exigir a admissão de culpa das
empresas, o Cade classifica as
multas como "contribuições
pecuniárias".
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