São Paulo, quinta-feira, 29 de novembro de 2007

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Após crise, dirigente da TAM deixa o cargo

Com imagem desgastada depois do acidente aéreo em julho, Marco Antonio Bologna sai da presidência da companhia

Comando será assumido por David Barioni, que até setembro era um dos principais executivos de Constantino Júnior na Gol

Sérgio Lima - 29.mai.07/Folha Imagem
Marco Antonio Bologna, que será substituído na presidência da TAM por David Barioni, ex-Gol


MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Com a imagem abalada após a condução da crise aberta pelo acidente aéreo da TAM neste ano, Marco Antonio Bologna deixou ontem a presidência da companhia e será substituído por David Barioni, que até setembro último era o homem forte do presidente da Gol, Constantino Júnior.
A saída, esperada pelo mercado, foi informada pela companhia aérea na noite de ontem. Segundo a Folha apurou, Barioni, que era vice-presidente técnico da concorrente, foi levado para a TAM há três meses, a peso de ouro, já com o objetivo de que assumisse o comando da empresa aérea.
Bologna, que entrou na presidência da TAM em janeiro de 2004, passa a assessorar a holding TAM, a TEP (TAM Empreendimentos e Participações). "A decisão, aprovada nesta data pelo Conselho de Administração da TAM S.A., completa o processo sucessório iniciado pela empresa em março deste ano", afirma nota divulgada pela empresa.
No início deste ano, pouco mais de dois meses depois da crise do Natal de 2006, quando milhares de passageiros foram prejudicados por não conseguirem embarcar em seus vôos, a TAM já havia trocado o seu vice-presidente de planejamento, cargo considerado importante em uma empresa aérea.
Além disso, Maria Cláudia Amaro assumiu a presidência do conselho de administração da companhia em abril deste ano, com o discurso de que a companhia voltará a priorizar o conforto do passageiro.
Bologna, que foi diretor financeiro e de relações com investidores da companhia aérea entre abril de 2001 e dezembro de 2003, intensificou a busca na empresa por custos mais baixos, mais próximos daqueles da "low cost, low fare" (baixo custo, baixa tarifa) Gol.
Engenheiro de formação, trabalhou em bancos como Lloyds e Chase Manhattan. Na TAM conduziu o aumento da oferta de ações da empresa na Bovespa em 2005.
A primeira grande crise enfrentada pelo executivo foi no Natal do ano passado, quando seis aviões da frota da TAM foram parados para manutenção não-programada e 57% dos vôos da empresa atrasaram.
No setor aéreo nunca se acreditou totalmente na explicação da TAM para o que aconteceu (além dos aviões parados fora do programado, tempo ruim em Congonhas e problemas no sistema de comunicação com a Infraero). Na época, falou-se em erros de gestão e também em overbooking.
Outro golpe para o executivo foi o acidente da TAM, em julho deste ano, quando 199 pessoas morreram. A avaliação dos acionistas é a de que Bologna não se saiu bem na condução da crise aberta pelo acidente.
Na coletiva de imprensa que se seguiu à queda do avião, foi considerado excessivamente hermético, em um momento de tragédia, nas suas respostas.
Nos meses que se seguiram ao acidente, Bologna sentiu a pressão. O comentário é que o próprio executivo, que tem uma relação de amizade com a família Amaro (controladora da TAM), não se opôs à saída da presidência e teria combinado de ficar até definir o seu sucessor. Maria Cláudia chegou a soltar uma nota, após as pressões sofridas pelo executivo por conta do acidente, reafirmando seu apoio a ele.
Barioni foi um dos executivos que participaram da fundação da Gol e era considerado peça importante na companhia aérea. Levou para a TAM membros de sua equipe, e a avaliação no setor aéreo e na própria Gol é que sua perda foi um golpe duro para a empresa.
A análise é que a TAM está levando, além do know-how do executivo, seus conhecimentos estratégicos sobre a Gol. Atualmente, a TAM possui 46,5% de participação nos vôos domésticos, e a Gol, 42,2%.


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