|
Próximo Texto | Índice
Mercado Aberto
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br
Mercadante defende empréstimo à Petrobras
O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) considera exageradas e equivocadas as críticas
que foram feitas ao empréstimo de R$ 2 bilhões da Caixa
Econômica para a Petrobras.
Para ele, em razão da forte
restrição ao crédito no mundo,
justifica-se a adoção por parte
do governo de políticas anticíclicas para tentar amenizar os
efeitos desta crise sobre a atividade econômica.
Mercadante atribui esse financiamento à Petrobras a
uma saída encontrada pela
companhia tanto para compensar a escassez de crédito externo como também para evitar a alternativa de corte no seu
programa de investimento.
De acordo com o senador,
uma outra saída seria a desaceleração dos investimentos, o
que, a seu ver, seria o menos
aconselhável.
Segundo Mercadante, a Petrobras responde por 12% do
total da receita tributária da
União e 10% da cadeia produtiva do petróleo. A companhia
representa 90% dos investimentos do seu setor.
"A manutenção dos investimentos da Petrobras é fundamental para a manutenção do
emprego no país", diz.
Para Mercadante, se for levado em consideração o que o
mundo todo tem feito para tentar combater a recessão, as críticas ao empréstimo concedido
pela Caixa à Petrobras são ainda mais injustificáveis.
Ele citou, entre outros exemplo, a decisão do Tesouro americano de resgatar mais de
US$ 300 bilhões em títulos podres do Citigroup, as operações
de capitalização de diversos
bancos e os financiamentos
subsidiados que estão sendo
concedidos para o consumo.
"O mundo inteiro está tomando atitudes muito mais difíceis do que as nossas, como
comprar ativos podres do "subprime" e adquirir participação
acionária dos bancos", diz.
Mercadante chama a atenção
também para o fato de que o
empréstimo pela Caixa à Petrobras não foi subsidiado.
Enquanto o mundo sofre
com dificuldades no setor financeiro, Mercadante argumenta que o Brasil não enfrentou problemas de insolvência
bancária.
"E, em meio à crise, consolidou-se a fusão entre o Itaú e o
Unibanco sem dinheiro público, constituindo o maior banco
do hemisfério Sul", diz.
Por essas razões, Mercadante acha que a discussão sobre o
empréstimo à Petrobras está
deslocada. A grande preocupação, a seu ver, deveria ser o gasto com custeio, como o aumento ao funcionalismo público
aprovado nesta semana no Senado, que vai custar mais de R$
20 bilhões aos cofres da União.
Revendedoras de veículos têm queda forte com a crise
A crise atingiu com força não
só as montadoras mas também
os revendedores de veículos
usados. Em outubro, foram
realizados 163.321 negócios pelas revendas independentes do
Estado de São Paulo. O número
representa queda de 13,65%
ante setembro, segundo George Assad Chahade, presidente
da Assovesp/Sindiauto (associação de revendedores de SP).
E a tendência é que os resultados de novembro sejam piores, segundo Chahade. "Agora
parece que nos últimos dez dias
o crédito começa a ter um pouco de aceitação, mas temos que
aguardar", diz.
A escassez de crédito foi o vilão para a queda nas vendas.
Em outubro, só 49% dos negócios foram financiados, contra
82% em setembro, segundo a
entidade. O prazo médio de financiamento caiu de 48 meses
em setembro para 45 em outubro. "Estamos em um período
muito ruim por causa da seletividade acima do normal que se
criou no crédito. A dificuldade
do consumidor em obter linhas
de crédito reduziu o nosso negócio. Caíram os prazos e subiram os juros. E carro é uma coisa que, para vender, precisa de
uma política de crédito."
"Trabalhávamos com um saldo financiado de 82%, que caiu
para 64%. Para comprar um
carro de R$ 10.000, era preciso
dar R$ 1.800 de entrada. Hoje,
precisa de uma entrada de R$
3.600 a R$ 4.000." Nos último
dias, Chahade diz que as lojas já
sentiram os efeitos da nova incidência de crédito, "mas bem
curtinho". Os números de novembro ainda vão mostrar resultados desastrosos, segundo
ele. "Eu tinha expectativa de fechar o ano com 12% acima de
2007, mas estou revendo."
A desvalorização dos carros
populares foi de 0,18%, os importados caíram 1,02%. Chahade não está otimista e diz que,
mesmo que o mercado se recupere, não vai resgatar o patamar de euforia que vivia antes
da crise. "Aquele aquecimento
passou."
Investidores de alta renda retornam à poupança na crise
A crise econômica trouxe a
poupança de volta ao topo da
lista de investimentos entre
pessoas das classes A e B. Hoje,
88% das mulheres e 66% dos
homens investem nessa modalidade, segundo pesquisa da
Quorum Brasil feita na primeira semana deste mês. No levantamento de 2007, que não faz
divisão por gênero, apenas 37%
das pessoas da mesma faixa de
renda aplicavam na caderneta.
"Antigamente, o pensamento era que a poupança é um investimento de pessoas menos
esclarecidas. Mas agora, com
esta crise, a própria classe A se
voltou para a velha e boa poupança em busca de segurança",
disse William Horstmann, sócio do Quorum Brasil.
As mudanças na conjuntura
econômica também provocaram uma redução nas aplicações em fundos de investimentos. No ano passado, eles lideravam a lista da Quorum de modalidades de investimentos entre as pessoas com renda entre
R$ 5.000 e R$ 10.000, com 55%
de adesão dos investidores.
Agora, apenas 14% das mulheres e 48% dos homens investem em fundos.
Até os investimentos em
imóveis sofreram redução, provavelmente pelo impacto da
crise econômica, que começou
no mercado imobiliário norte-americano com o crédito "subprime" (alto risco). Em 2007,
48% dos investidores de alta
renda aplicavam em imóveis.
Neste mês, o percentual caiu
para 15% entre os homens e
20% entre as mulheres da mesma faixa de renda.
"As pessoas já estão contaminadas pela crise. Todos estão
com maior aversão ao risco",
disse Horstmann.
Para ele, as diferenças na forma como os homens e as mulheres investem apontam conservadorismo maior do público
feminino na hora de escolher a
modalidade de investimento.
LEITURA
O Etco (Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial)
vai lançar, na segunda-feira,
em São Paulo, o livro "Direito e Economia" (Editora Saraiva, 86 págs.). O trabalho
resulta da edição 2007 de
um ciclo de debates promovido pela entidade que reuniu estudiosos das duas
áreas. Os textos foram organizados pelo jornalista Oscar Pilagallo, colaborador da
Folha. Participaram dos debates Eros Grau, ministro do
STF, Mailson da Nóbrega,
ex-ministro da Fazenda, e
outros.
FECHADO
A TIM fechou a compra da
Intelig.
TIJOLO
Além da ajuda de R$ 1,5 bilhão, a Caixa Econômica
ampliou os prazos de financiamento de 48 para 60 meses do programa Construcard (para compra de material de construção). O juro é
de 1,69% ao mês mais TR.
ENTRETENIMENTO
O grupo ABC, de Nizan
Guanaes, mira sua próxima
área de atuação: indústria de
entretenimento. Nizan, que
diz estar de férias em Trancoso, acaba de se associar à
Mondo Entretenimento,
produtora responsável por
trazer ao país nomes como
Queen e Duran Duran. Nizan quer criar a maior empresa de entretenimento da
América Latina.
com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI
Próximo Texto: Banco público ganha espaço de privado Índice
|