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Crédito para empresas teve recuperação de só 1,2%
Apesar dos dados, Meirelles diz que economia está forte
ROBERTO MACHADO
DA SUCURSAL DO RIO
Estatísticas utilizadas pelo
presidente do Banco Central,
Henrique Meirelles, em palestra ontem, na Federação de Comércio do Estado do Rio, ilustram o "colapso" de crédito que
atingiu as empresas desde setembro, com o agravamento da
crise financeira global.
Nos primeiros oito dias úteis
de novembro, a concessão de
crédito para empresas teve alta
de apenas 1,2% -contra elevação de 14,8% para as pessoas físicas, no mesmo período. Os
números corroboram a preocupação de muitos economistas,
que temem agora que a falta de
crédito afete a saúde financeira
das empresas, o chamado "risco corporativo".
Na média, a concessão de
crédito cresceu 5,7% nos oito
primeiros dias úteis deste mês.
Apesar da recuperação, é insuficiente diante da contração de
outubro -nos oito primeiros
dias úteis do mês passado, o volume de crédito cedeu 13% na
comparação com o mesmo período de setembro.
Apesar disso, Meirelles disse
que o Brasil está forte para enfrentar a crise financeira global- com o país registrando
crescimento da massa salarial,
do consumo doméstico e do nível de atividade industrial.
Na avaliação do presidente
do BC, a economia vai se desacelerar, mas ainda assim terá
crescimento superior à média
mundial em 2009. Ele citou a
projeção -que considerou
"pessimista"- do Fundo Monetário Internacional, que prevê avanço de 3% do Produto Interno Bruto do país em 2009.
"Ainda assim, é mais do que o
próprio FMI avalia para a economia mundial, 2,2% no ano
que vem, e também ficará acima da média registrada pelo
Brasil entre 1980 e 2003, que
foi de 2,1%", disse Meirelles.
No seminário, o presidente
do BC afirmou que o BNDES
detalhará, na próxima segunda-feira, como será formatada a
linha de crédito de R$ 10 bilhões a ser oferecida às empresas, para capital de giro. E fez
um balanço das medidas adotadas pelo governo federal para
atenuar os efeitos da crise
mundial para o Brasil -que
afetou dramaticamente as linhas de crédito internacional
que as grandes empresas do
país estavam obtendo lá fora.
Para o ex-presidente do Banco Central Gustavo Loyola, a
retração do crédito doméstico
está sendo ainda mais dramática para pequenas e médias empresas. Como as grandes companhias não conseguem mais
obter financiamento no exterior, voltam-se para o mercado
interno, "expulsando" as empresas menores.
"Não consigo ver motivos para criticar a Petrobras por obter
financiamento em banco. Mas
é preciso diagnosticar o fenômeno. Esse dinheiro deixará de
ser colocado em outro lugar. Há
o risco de certo estrangulamento para empresas médias e pequenas", disse Loyola, em referência ao empréstimo de R$ 2
bilhões obtido pela Petrobras
com a Caixa Econômica.
Nova fase
Antes da palestra de Meirelles, o diretor de Pesquisas Econômicas do Bradesco, Octavio
de Barros, observou que a crise
financeira entrava agora em
nova fase, com predominância
do que classificou como "risco
corporativo". E citou como paradigma a operação de socorro
que está sendo estudada pelo
governo dos EUA para salvar a
montadora General Motors.
"O risco é de quebra em série
de empresas. O mercado [de
crédito para empresas] continua emperrado. E não podemos esquecer que nos 15 primeiros dias de outubro houve
um travamento geral. Não houve sequer uma emissão de commercial papers nos Estados
Unidos e na Europa", disse.
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