São Paulo, sábado, 29 de novembro de 2008

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País tem alta taxa de fechamento de empresas

Segundo pesquisa do IBGE, abertura de negócios avança ano a ano, mas saída do mercado também é elevada

DENISE MENCHEN
DA SUCURSAL DO RIO

De 2000 a 2006, o número de empresas registradas no Brasil aumentou, em média, 232,8 mil por ano, passando de 3,7 milhões para 5,1 milhões. O maior incremento ocorreu no ano de 2001, com 499 mil unidades, e o menor, em 2006, com apenas 46,4 mil. Os dados constam do estudo "Demografia de Empresas 2006".
Segundo a pesquisa, divulgada ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em média 726,6 mil empresas abriram as portas a cada 12 meses, enquanto 493,8 mil fecharam. Isso representa uma taxa média de entrada no mercado de 16,9%, contra uma taxa de saída de 11,2%.
Na comparação com dados da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), o IBGE verificou que os resultados brasileiros, nos dois casos, são bem mais elevados do que os verificados em muitos países desenvolvidos. Na Austrália, por exemplo, essas mesmas taxas de entrada e saída são de 11,2% e 4,1%, respectivamente. Já na Suécia, de 11,7% e 5%.
"Isso mostra que não falta empreendedorismo no país, porque as taxas de entrada de empresas [no mercado] são altas, superiores às verificadas em muitos países. O problema é que as taxas de saída são muito mais elevadas [do que as de outros lugares]", diz a economista Denise Freire, da gerência do cadastro central de empresas do IBGE.
Ela aponta a dificuldade de acesso ao crédito, a falta de capacitação e o parco conhecimento do mercado como os principais fatores que levam ao fechamento de empresas no país. "O ponto chave é desenvolver políticas públicas para fazer com que essas empresas consigam se manter em atividade", defende.

Mercado de trabalho
Freire destaca ainda que as novas unidades - em 90% dos casos microempresas, com até nove funcionários - têm uma importância fundamental para o mercado formal de trabalho.
Em 2006, cerca de metade dos assalariados estavam empregados em unidades com até cinco anos de existência. O salário pago pelos novos negócios, porém, era de 1,2 salário mínimo (R$ 403), contra média de 2,3 salários mínimos (R$ 787) nos que foram extintos.
O comércio, que abriga o maior número de unidades (53,4% do total), foi o que apresentou fluxo mais forte de entrada e saída de empresas. Já o setor que apresentou menos volatilidade foi a indústria, que normalmente exige níveis mais elevados de investimento e conhecimento tecnológico.
Em relação às diferentes regiões do país, as maiores taxas de entrada e saída de empresas no mercado foram verificadas no Norte (24,5% e 17%, respectivamente), seguido pelo Centro-Oeste (23,7% e 16,7%). Já o Sul (20,7% e 15,1%) e o Sudeste (18,7% e 14,6%) apresentaram as menores taxas registradas.
Assim, aumentou a participação relativa das duas primeiras regiões no número de empresas e de assalariados do país. Mesmo assim, o Sudeste ainda concentra mais de 50% do total nacional.


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