São Paulo, domingo, 29 de novembro de 2009

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Mercado Aberto

MARIA CRISTINA FRIAS - cristina.frias@uol.com.br

Construção quer fim de burocracia para novo impulso

A construção civil teve um forte estímulo neste ano, devido a iniciativas do governo em meio à crise, como a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para material de construção e o lançamento do programa habitacional "Minha Casa, Minha Vida".
Para que esse bom momento vivido pelo setor tenha continuidade, os empresários do ramo querem agora um novo impulso. O caminho, dizem, é a desburocratização de procedimentos em órgãos públicos, em bancos que concedem financiamentos e cartórios.
"Diversos processos podem ser agilizados e simplificados, o que daria à construção civil mais eficiência", diz João Crestana, presidente do Secovi-SP (sindicato das empresas de comercialização de imóveis).
A entidade quer a unificação dos sistemas informatizados dos cartórios de registros de imóveis e a aprovação da lei que exige o registro, em matrícula, de todo evento que possa ter implicações sobre o imóvel, como ações judiciais que não sejam de execução.
No caso da cidade de São Paulo, os empresários pedem até que seja feita uma reavaliação do Plano Diretor, que restringe a construção em determinadas áreas.
"Isso ajudaria a aliviar um pouco da pressão de demanda pelos imóveis, que tem levado a grandes aumentos de preços", afirma Crestana.
Estima-se que, no município, exista hoje um déficit de 1,5 milhão de moradias.
De olho no reaquecimento do setor habitacional e nos benefícios recebidos, fabricantes de móveis e eletrodomésticos já se mobilizaram.
Amanhã, em reunião na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), o presidente da entidade, Paulo Skaf, entregará à ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil, uma proposta para que os mutuários do "Minha Casa, Minha Vida" possam obter um adicional de 10% do seu empréstimo habitacional para equipar a residência nova.
Na ocasião, a Caixa Econômica Federal já assinará um convênio para financiar a decoração e os eletrodomésticos dos imóveis adquiridos.

Diversos processos podem ser simplificados, o que daria à construção mais eficiência
JOÃO CRESTANA
presidente do Secovi-SP (sindicato das empresas de comercialização de imóveis)

NO CLIMA
Mais de cem de pessoas, entre representantes de ministérios, executivos e sindicatos, participaram na sexta-feira, no Palácio do Itamaraty, da última reunião no Brasil, antes da conferência climática em Copenhague.
Há uma lista de cerca de 600 inscritos para ir à Dinamarca daqui a sete dias.
A delegação do Brasil será uma das maiores na conferência, mas o número deve cair. Até porque hotéis da cidade e das redondezas já estão lotados. Muita gente tem feito reservas até na Suécia. Só uma entidade da indústria vai com 80 pessoas.

DOCE RESISTÊNCIA
Os Balbo são das últimas famílias de origem italiana a resistir em suas terras de cultivo de cana, na região de Ribeirão Preto. Em meio à forte consolidação no setor- a emblemática venda da usina Santelisa, dos Biagi, é o exemplo mais recente- os Balbo se sentem confortáveis com a doce arma que têm para se conservar na região, onde estão desde 1893.
Há 13 anos, partiram para a produção do açúcar orgânico, hoje exportado para 64 países, e não se encantaram com as promessas do etanol.
"Anos atrás, não sabíamos o que é orgânico. Mas a família já tinha um histórico de inovação, o que é raro no setor", diz Leontino Balbo Júnior, cujos tios criaram equipamentos para colheitas. Começaram a produzir o açúcar Native sem aditivos químicos porque queriam ter um produto diferenciado.
Com a palha rotativa, eliminou-se o uso de inseticidas, assim como foi abolida a queima na hora da colheita praticada convencionalmente e que acaba por esterilizar o solo.
O faturamento da empresa, de cerca de R$ 400 milhões, deve crescer 15% neste ano, ante 2008, com a produção de açúcar, orgânico ou não, e álcool.
"A cana não esgota a terra. Se for cultivada adequadamente, ela melhora o solo. A produtividade é maior do que na agricultura convencional", diz Balbo.

PULO DE GERAÇÃO
Enquanto aguarda a aprovação da segunda geração de soja pela CTNBio, órgão responsável pela análise da biossegurança dos transgênicos, a Monsanto deve contratar mais profissionais para trabalhar em pesquisa e desenvolvimento.
Trata-se de um tipo de soja resistente a insetos, em que a própria planta, quando cresce, leva em sua composição uma substância para matar o inseto que poderia destruí-la, evitando, assim, o uso de inseticidas.
A meta, segundo André Dias, presidente da empresa no país, é ampliar os investimentos para "pular gerações" e fazer com que dentro de três anos o Brasil se equipare aos EUA no desenvolvimento da biotecnologia.
Só neste ano a empresa conseguiu aprovação para lançar no país um produto que já existe há 12 anos nos EUA. "Estamos recuperando o atraso."
Melhoramentos convencionais praticados hoje geram adicional de 1 ponto percentual de produtividade ao ano. A soja resistente a insetos deve adicionar 10 pontos, segundo Dias, que rebate criticas de ambientalistas e defende que só a biotecnologia pode ganhar em escala e produzir a baixo custo.
"Quando a população mundial crescer 50%, teremos que dobrar a produtividade de alimentos. E a biotecnologia é a saída. A agricultura de orgânicos não consegue isso."

ESTE OBSCURO OBJETO DO DESEJO
Luxo não é supérfluo, é relevante. Esta é a opinião de 64% dos entrevistados em pesquisa realizada pela Case Consultores em outubro com mais de 32 mil profissionais de São Paulo, Rio e Brasília. Homens e mulheres têm percepções diferentes. "As mulheres possuem um olhar mais receptivo aos aspectos que envolvem o luxo", afirma Mayra Rocha, executiva da Case. Cerca de 30% das mulheres afirmam que o luxo é composto por experiências que suprem os desejos delas. Elegância, para 64% dos homens, está relacionada a atitude e comportamento.

com JOANA CUNHA e DENYSE GODOY



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