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Indústria naval renasce e já é 6ª do mundo
Setor tem R$ 55 bilhões em investimento e encomendas, segundo o BNDES; com pré-sal, futuro é ainda mais promissor
Em nove anos, empregos sobem de 2.000 para 45 mil;
5 estaleiros se somarão aos 25 já existentes e cada um pode ter até 3.500 funcionários
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Impulsionada pelas encomendas crescentes da Petrobras desde 2001 e especialmente pela exigência de compras de
fornecedores locais introduzidas pelo governo Lula em 2003,
a indústria naval brasileira renasceu nesta década e já é a sexta maior do mundo.
As encomendas aos estaleiros e os novos investimentos
somam R$ 55 bilhões, pelos
cálculos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social). São 195
embarcações já contratadas ou
com a construção anunciada.
A cifra coloca o país atrás de
China, Coreia, Japão, União
Europeia e Índia, mas à frente
dos Estados Unidos.
Em 2000, a indústria tinha
menos de 2.000 empregados.
Hoje, são 45 mil soldadores,
mecânicos, entre outros trabalhadores. O número deve aumentar nos próximos anos com
a instalação prevista de cinco
novos estaleiros -cada um pode ter até 3.500 funcionários.
Existem 25 estaleiros no país
-todos privados, mas 2 foram
arrendados à Petrobras.
Cada nova unidade receberá
investimentos de até R$ 1 bilhão e serão erguidas nos Estados de Alagoas, Bahia (duas,
possivelmente), Espírito Santo
e Rio -polo histórico da indústria naval e onde está a maior
parte dos estaleiros do país.
Diferentemente da China
-que se especializou e investiu
pesado nos últimos cinco
anos-, o motor da indústria
naval brasileira não é o transporte marítimo de commodities, mas sim a exploração marítima de petróleo.
Esse segmento produz um
volume menor de embarcações, mas faz unidades mais sofisticadas e caras. Nele, a liderança global é de Cingapura e
da Coreia -líderes mundiais
em tecnologia e com altos subsídios governamentais.
Tempo e dinheiro
Cada plataforma de produção de petróleo pode custar
mais de US$ 2 bilhões e consumir até dois anos de trabalho.
Uma sonda de perfuração
-usada na exploração dos campos marítimos- não sai por
menos de US$ 1 bilhão. Já um
petroleiro varia de US$ 60 milhões a US$ 100 milhões, de
acordo com o porte da embarcação, e leva pelo menos oito
meses para ficar pronto.
No Brasil, a indústria ressurgiu na esteira das encomendas
da Petrobras e tem um estímulo adicional graças à descoberta
do pré-sal. Mas começam a
aparecer também novos clientes: a estatal Venezuelana
PDSVA encomendou dez petroleiros ao estaleiro Eisa -já
recebeu o primeiro-, e a Vale
vai fazer uma concorrência para a construção de quatro navios de grande porte para o
transporte de minério de ferro.
Com o advento do pré-sal,
grupos nacionais -como o Sinergy (estaleiros Eisa e Mauá);
Camargo Corrêa e Queiroz Galvão; OAS e Setal- e internacionais -STX (Coreia) e Jurong
(Cingapura)- já decidiram ou
estudam instalar novos estaleiros. Outros três farão ampliações de suas instalações.
Waldemiro Arantes Filho,
presidente do STX no Brasil,
diz que a unidade será construída no Ceará em duas etapas: a primeira com investimento de US$ 100 milhões
(barcos menores de apoio à exploração de petróleo); a segunda custará US$ 500 milhões
(plataformas e petroleiros).
Localizado em Pernambuco,
no porto de Suape, o estaleiro
Atlântico Sul é hoje o mais moderno do país e conta como
uma área em seu entorno que
permite ampliação para deixá-lo do porte dos estaleiros gigantes sul-coreanos Hyundai, STX
e Samsung. Os demais precisam de atualização tecnológica.
Fernando Tourinho, conselheiro do Atlântico Sul, diz que
o grupo negocia uma participação acionária minoritária da
coreana Samsung e estuda instalar um novo estaleiro, além
de ampliar as instalações em
Suape. "Com o pré-sal, temos
um horizonte promissor."
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