São Paulo, sexta-feira, 29 de dezembro de 2000

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FIASCO

FHC sabia da mudança, mas não foi avisado do seu anúncio; líder tucano no Senado chama PetroBrax de "imbecilidade"

Pressão sobre FHC dá cabo da PetroBrax

DA SUCURSAL DO RIO

E DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A roupa nova que a velha Petrobras exibiria nos próximos meses foi para o lixo antes de ser usada. A estatal do petróleo brasileiro não vai mais se chamar PetroBrax. A idéia de mudar a marca da empresa teve péssima repercussão no Congresso, que pressionou o presidente Fernando Henrique Cardoso a voltar atrás.
José Roberto Arruda, líder do governo no Senado, classificou a medida de "imbecil".
O design da nova roupagem custou R$ 700 mil e havia sido encomendado pelo presidente da agora novamente Petrobras, Henri Phillipe Reichstul. Há três dias, quando anunciava o redesenho da marca da empresa, Reichstul disse que FHC aprovara a modificação na semana passada -segundo a Folha apurou, o presidente sabia de fato da mudança, mas não de seu anúncio.
Reichstul passou a tarde de ontem reunido com assessores para discutir formas de ação contra a repercussão negativa da medida.
Segundo a Folha apurou, o presidente da estatal foi avisado anteontem de que o governo teria que cancelar a mudança de nome. Na tarde de ontem havia rumores na Petrobras de que Reichstul chegara a entregar o cargo a FHC, que não aceitou a demissão.
Ontem, a assessoria da presidência da empresa chegou a marcar uma entrevista coletiva para as 15h30 de ontem, na sede da empresa (centro do Rio). Mas às 17h Reichstul foi substituído por uma nota lacônica (leia texto ao lado) e por Alexandre Machado, consultor da empresa. Machado disse que "a nota expressa uma solução absolutamente clara".
"Aquela providência que havia sido tomada em função da decisão da empresa, ela cessa em termos de seus efeitos", disse. De acordo com o consultor, a direção da estatal vai fazer pelo menos mais uma análise do assunto.
"Certamente, como existem questões relativas à nossa atuação internacional, voltaremos a fazer uma análise de nosso posicionamento", afirmou, sem confirmar rumores de que a mudança seria mantida apenas no exterior.
O nome PetroBrax, conforme disse terça-feira Reichstul, teria o objetivo de facilitar a internacionalização da imagem da empresa, que busca ampliar suas atividades no exterior. Segundo essa avaliação, o prefixo "bras" estaria demasiadamente associado à ineficiência estatal e não estaria de acordo com a nova fase da estatal, não-monopolista.
O consultor Alexandre Machado elogiou o trabalho da agência de design Und SC (contratada sem licitação), que resultou na escolha do nome PetroBrax e em um novo logotipo.
"O serviço foi prestado adequadamente. A Petrobras pagou pelo trabalho e considerou que o trabalho foi bem sucedido. Foi um trabalho muito bem feito, correto, de qualidade", disse o consultor.
Machado evitou falar sobre o suposto aval da mudança de nomes por FHC e da posterior mudança de opinião do presidente.
"O presidente da República representa o acionista majoritário da empresa", disse ele.
A Petrobras já havia gasto R$ 700 mil com o estudo que resultou na alteração do nome.
A empresa gastou também R$ 1,6 milhão em publicidade da mudança da marca e do logotipo. O custo total da alteração, de acordo com a empresa, seria de US$ 50 milhões. (DANIELA NAHASS, SÉRGIO TORRES E KENNEDY ALENCAR)


Texto Anterior: Painel S/A
Próximo Texto: Trecho
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.