São Paulo, quarta-feira, 29 de dezembro de 2004

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Intervenções não elevam cotação

DA REPORTAGEM LOCAL

As intervenções do Banco Central no câmbio têm, no máximo, evitado que o dólar caia ainda mais. Com a falta de interesse dos investidores por dólares e a queda da moeda americana nas principais praças financeiras do mundo tem sido difícil evitar a valorização do real.
Mesmo com o BC tendo comprado um montante de dólares maior do que o estimado pelos analistas desde que começou a realizar leilões, no dia 6 deste mês, a moeda dos EUA não tem ganhado força diante do real.
Ontem, o dólar encerrou o dia estável, vendido a R$ 2,69.
No exterior, o euro bateu mais um recorde diante do dólar, vendido a US$ 1,3643.
"O dólar só não tem "derretido" porque o BC tem comprado [moeda] quase todos os dias", diz Mário Batisttel, diretor de câmbio da corretora Novação. Antes de o BC realizar um leilão ontem, a moeda chegou a ser negociada a R$ 2,683 (menos 0,26%).
O volume que o BC já comprou neste mês surpreendeu Batisttel. "Nem com esse volume de compras o dólar tem conseguido subir diante do real", diz.
Apesar das atuações no câmbio, a média das projeções do mercado -compiladas pelo próprio BC- para a taxa de câmbio no final do ano recuou de R$ 2,79 para R$ 2,77. Há cerca de dois meses, a média das expectativas para o câmbio no final de 2004 estava em R$ 2,97.

Recompor reservas
Oficialmente, o BC compra dólares para recompor as reservas do país. Mas analistas afirmam que a autoridade monetária também tem atuado preocupada com os efeitos negativos do real valorizado para as exportações (e, conseqüentemente, para o saldo da balança comercial).
Com o risco-país brasileiro em seus menores níveis desde 1997, a tendência de empresas e o governo captarem recursos no exterior segue em alta. O fechamento de operações desse tipo pode resultar em mais dólares entrando no mercado doméstico, o que dificulta a desvalorização do real.
Ontem, o risco-país subiu um pouco (1,06%) e encerrou o dia em 381 pontos. Apesar do baixo nível, o risco brasileiro segue acima do de outros emergentes: o do México está em 160 pontos e o do Peru, em 218 pontos.
Isso significa que esses países pagam menos na hora de fazerem empréstimos no mercado internacional. Analisando apenas o indicador, um investidor entenderia que o Brasil tem mais chances de dar calote em sua dívida do que outros países.
Neste mês, apesar das intervenções do governo, o dólar acumula baixa de 1,10%. No ano, a desvalorização da moeda chega a 7,31%.

Recorde na Bolsa
A expectativa de que os juros seguirão em alta no curto prazo não tem afetado muito a Bolsa de Valores de São Paulo.
Ontem, o Ibovespa (principal índice do mercado de ações local) subiu 0,69% e alcançou novo patamar recorde: 26.116 pontos.
Mesmo com o dólar fraco, as ações de exportadoras seguiram em alta.
A ação ON (com direito a voto) da Vale do Rio Doce teve valorização de 2,69%, seguida por Klabin PNA (2,69%), Braskem PNA (2,65%) e Companhia Siderúrgica de Tubarão PN (2,15%).
(FABRICIO VIEIRA)

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