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Intervenções não elevam cotação
DA REPORTAGEM LOCAL
As intervenções do Banco Central no câmbio têm, no máximo,
evitado que o dólar caia ainda
mais. Com a falta de interesse dos
investidores por dólares e a queda
da moeda americana nas principais praças financeiras do mundo
tem sido difícil evitar a valorização do real.
Mesmo com o BC tendo comprado um montante de dólares
maior do que o estimado pelos
analistas desde que começou a
realizar leilões, no dia 6 deste mês,
a moeda dos EUA não tem ganhado força diante do real.
Ontem, o dólar encerrou o dia
estável, vendido a R$ 2,69.
No exterior, o euro bateu mais
um recorde diante do dólar, vendido a US$ 1,3643.
"O dólar só não tem "derretido"
porque o BC tem comprado
[moeda] quase todos os dias", diz
Mário Batisttel, diretor de câmbio
da corretora Novação. Antes de o
BC realizar um leilão ontem, a
moeda chegou a ser negociada a
R$ 2,683 (menos 0,26%).
O volume que o BC já comprou
neste mês surpreendeu Batisttel.
"Nem com esse volume de compras o dólar tem conseguido subir
diante do real", diz.
Apesar das atuações no câmbio,
a média das projeções do mercado -compiladas pelo próprio
BC- para a taxa de câmbio no final do ano recuou de R$ 2,79 para
R$ 2,77. Há cerca de dois meses, a
média das expectativas para o
câmbio no final de 2004 estava em
R$ 2,97.
Recompor reservas
Oficialmente, o BC compra dólares para recompor as reservas
do país. Mas analistas afirmam
que a autoridade monetária também tem atuado preocupada com
os efeitos negativos do real valorizado para as exportações (e, conseqüentemente, para o saldo da
balança comercial).
Com o risco-país brasileiro em
seus menores níveis desde 1997, a
tendência de empresas e o governo captarem recursos no exterior
segue em alta. O fechamento de
operações desse tipo pode resultar em mais dólares entrando no
mercado doméstico, o que dificulta a desvalorização do real.
Ontem, o risco-país subiu um
pouco (1,06%) e encerrou o dia
em 381 pontos. Apesar do baixo
nível, o risco brasileiro segue acima do de outros emergentes: o do
México está em 160 pontos e o do
Peru, em 218 pontos.
Isso significa que esses países
pagam menos na hora de fazerem
empréstimos no mercado internacional. Analisando apenas o indicador, um investidor entenderia que o Brasil tem mais chances
de dar calote em sua dívida do que
outros países.
Neste mês, apesar das intervenções do governo, o dólar acumula
baixa de 1,10%. No ano, a desvalorização da moeda chega a 7,31%.
Recorde na Bolsa
A expectativa de que os juros seguirão em alta no curto prazo não
tem afetado muito a Bolsa de Valores de São Paulo.
Ontem, o Ibovespa (principal
índice do mercado de ações local)
subiu 0,69% e alcançou novo patamar recorde: 26.116 pontos.
Mesmo com o dólar fraco, as
ações de exportadoras seguiram
em alta.
A ação ON (com direito a voto)
da Vale do Rio Doce teve valorização de 2,69%, seguida por Klabin
PNA (2,69%), Braskem PNA
(2,65%) e Companhia Siderúrgica
de Tubarão PN (2,15%).
(FABRICIO VIEIRA)
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