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São Paulo, quinta-feira, 30 de janeiro de 2003

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ANO DO DRAGÃO

Ata do Copom diz que juros subiram para que seja possível atingir a meta ajustada de inflação de 8,5%

BC descarta queda no preço da gasolina

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Na primeira reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) no governo Lula, o Banco Central reviu estimativa de queda de 3,8% no preço da gasolina, divulgada em dezembro, e agora prevê uma pequena alta de 0,2% no preço do produto neste ano.
A ata da reunião do Copom, que elevou os juros básicos da economia em 0,5 ponto percentual, prevê ainda uma queda de 1,6% no preço do gás de cozinha -antes era alta de 2%.
Nos dois casos, a oscilação do preço internacional do petróleo é apontada como a principal causa da mudança nas projeções feitas quando o BC ainda era presidido por Armínio Fraga.
A decisão de elevar os juros para 25,5% ao ano foi tomada para evitar que a inflação deste ano fique acima dos 8,5% perseguidos pelo BC, segundo a ata da reunião do Copom.
"A manutenção da taxa de juros em 25% ao ano e da taxa de câmbio que prevalecia na véspera da reunião do Copom prevê uma inflação um pouco acima da meta ajustada de 8,5%", afirma o documento, divulgado ontem.
Oficialmente, a meta do governo para este ano é manter a inflação, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), entre 1,5% e 6,5%. Porém, devido ao impacto que a alta do dólar e os reajustes esperados para as tarifas públicas terão sobre os índices de preços, o BC desistiu de perseguir essa meta.
Em seu lugar, foi fixada outra meta, chamada de "meta ajustada". Para 2003, essa nova meta é de 8,5%. Para 2004, de 5,5%.

Sem nova meta
Na ata do Copom, é dito ainda que "não haverá modificações na meta ajustada ao longo deste ano, exceto no caso de uma significativa alteração nos preços administrados e monitorados".
A principal preocupação do BC, hoje presidido por Henrique Meirelles, é o efeito que uma alta do preço do petróleo teria sobre a inflação no caso de uma guerra entre Estados Unidos e Iraque.
O BC eleva os juros quando acredita que a inflação está acima do nível desejado. A ata da reunião do Copom divulgada ontem, porém, afirma que "os índices de inflação têm mostrado sinais claros de recuo". Mesmo assim, decidiu-se elevar a taxa Selic.
A explicação: "À medida que esse recuo da inflação se materializar, as expectativas de inflação para o ano devem diminuir num contexto em que a política monetária está firmemente comprometida com a convergência da inflação para as metas".
Em outras palavras, o BC admite que a inflação já dá sinais de queda, mas diz que esta só vai ser efetivamente confirmada quando as expectativas do mercado também se mostrarem mais otimistas. E essa melhora das expectativas, segundo a ata do Copom, só vai se dar se o BC der sinais claros -aumentando os juros- de que está comprometido com o controle da inflação.
Em nenhum momento o documento faz referências ao contexto político do país. No último sábado, a Folha revelou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi consultado pelo BC sobre a viabilidade do aumento dos juros.
Na segunda-feira passada, o BC divulgou uma nota informando que a condução da política monetária segue "critérios técnicos", e que "o processo decisório seguiu os procedimentos já conhecidos".


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