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ANO DO DRAGÃO
Ata do Copom diz que juros subiram para que seja possível atingir a meta ajustada de inflação de 8,5%
BC descarta queda no preço da gasolina
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na primeira reunião do Copom
(Comitê de Política Monetária)
no governo Lula, o Banco Central
reviu estimativa de queda de 3,8%
no preço da gasolina, divulgada
em dezembro, e agora prevê uma
pequena alta de 0,2% no preço do
produto neste ano.
A ata da reunião do Copom, que
elevou os juros básicos da economia em 0,5 ponto percentual, prevê ainda uma queda de 1,6% no
preço do gás de cozinha -antes
era alta de 2%.
Nos dois casos, a oscilação do
preço internacional do petróleo é
apontada como a principal causa
da mudança nas projeções feitas
quando o BC ainda era presidido
por Armínio Fraga.
A decisão de elevar os juros para
25,5% ao ano foi tomada para evitar que a inflação deste ano fique
acima dos 8,5% perseguidos pelo
BC, segundo a ata da reunião do
Copom.
"A manutenção da taxa de juros
em 25% ao ano e da taxa de câmbio que prevalecia na véspera da
reunião do Copom prevê uma inflação um pouco acima da meta
ajustada de 8,5%", afirma o documento, divulgado ontem.
Oficialmente, a meta do governo para este ano é manter a inflação, medida pelo IPCA (Índice de
Preços ao Consumidor Amplo),
entre 1,5% e 6,5%. Porém, devido
ao impacto que a alta do dólar e os
reajustes esperados para as tarifas
públicas terão sobre os índices de
preços, o BC desistiu de perseguir
essa meta.
Em seu lugar, foi fixada outra
meta, chamada de "meta ajustada". Para 2003, essa nova meta é
de 8,5%. Para 2004, de 5,5%.
Sem nova meta
Na ata do Copom, é dito ainda
que "não haverá modificações na
meta ajustada ao longo deste ano,
exceto no caso de uma significativa alteração nos preços administrados e monitorados".
A principal preocupação do BC,
hoje presidido por Henrique Meirelles, é o efeito que uma alta do
preço do petróleo teria sobre a inflação no caso de uma guerra entre Estados Unidos e Iraque.
O BC eleva os juros quando
acredita que a inflação está acima
do nível desejado. A ata da reunião do Copom divulgada ontem,
porém, afirma que "os índices de
inflação têm mostrado sinais claros de recuo". Mesmo assim, decidiu-se elevar a taxa Selic.
A explicação: "À medida que esse recuo da inflação se materializar, as expectativas de inflação para o ano devem diminuir num
contexto em que a política monetária está firmemente comprometida com a convergência da inflação para as metas".
Em outras palavras, o BC admite que a inflação já dá sinais de
queda, mas diz que esta só vai ser
efetivamente confirmada quando
as expectativas do mercado também se mostrarem mais otimistas. E essa melhora das expectativas, segundo a ata do Copom, só
vai se dar se o BC der sinais claros
-aumentando os juros- de que
está comprometido com o controle da inflação.
Em nenhum momento o documento faz referências ao contexto
político do país. No último sábado, a Folha revelou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi
consultado pelo BC sobre a viabilidade do aumento dos juros.
Na segunda-feira passada, o BC
divulgou uma nota informando
que a condução da política monetária segue "critérios técnicos", e
que "o processo decisório seguiu
os procedimentos já conhecidos".
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