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COMÉRCIO
Reunião acaba em impasse
Indústria têxtil pára de negociar com Argentina
CAROLINA VILA-NOVA
DE BUENOS AIRES
A Abit (Associação Brasileira da
Indústria Têxtil) suspendeu ontem as negociações com industriais do setor têxtil argentino que
pediam uma restrição voluntária
das exportações brasileiras.
O anúncio foi feito pelo presidente da Abit, Paulo Skaf, após
uma reunião de cerca de 4 horas,
no Rio, com representantes argentinos dos segmentos de acrílicos, algodão, tapetes e toalhas.
"Não estou de acordo em continuarmos nessa trajetória sem fim
de reclamações infundadas", disse Skaf à Folha, irritado. "Onde
não há dano não tem conversa",
afirmou. "São setores que estão a
pleno vapor com sua produção."
Empresários têxteis argentinos
reclamam de uma suposta invasão de produtos brasileiros nos
últimos dois anos. Na sexta passada, após mais de três meses de negociação, os empresários chegaram a um acordo preliminar no
segmento de "denim", segundo o
qual o Brasil reduziria as exportações de 20 milhões de metros lineares (registrados em 2003) para
15 milhões neste ano. Ontem seriam discutidos acordos para os
demais segmentos.
O entendimento da semana
passada foi definido depois que o
governo argentino anunciou que
passaria a aplicar um sistema de
licenças não-automáticas para a
importação de produtos têxteis
do Brasil. A medida foi publicada,
mas ainda não entrou em vigor
porque falta ser regulamentada.
"É como uma ameaça", queixou-se Skaf, para quem os empresários argentinos têm apresentado propostas "indecorosas", respaldados pela medida. "Eles [os
argentinos] não estão com a faca e
o queijo na mão, e eu não vou negociar sob pressão", disse.
Skaf afirmou que terá uma reunião hoje com o ministro interino
do Desenvolvimento [Márcio
Fortes] para tratar do impasse.
"Vou solicitar ao governo que
solicite no tribunal de arbitragem
do Mercosul a retirada da medida. Nós não podemos negociar
nada com a faca no pescoço."
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