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Filial brasileira captou
US$ 700 mi em 2002
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Parmalat Participações, uma
das holdings que controlam as
operações do grupo italiano no
país, captou cerca de US$ 700 milhões em 2002, por meio da emissão de títulos conversíveis em
ações, no mercado internacional.
A informação foi obtida na Junta Comercial de São Paulo pelo
comitê de fiscalização da Parmalat, nomeado no último dia 16 pelo juiz Carlos Henrique Abrão, da
42ª Vara Cível de São Paulo. A
holding e sua controlada, a Parmalat Brasil S.A. Indústria de Alimentos, pediram concordata preventiva anteontem.
O comitê, entretanto, ainda não
conseguiu descobrir o destino dado ao dinheiro captado. Não se
sabe nem se os recursos chegaram
a entrar nos cofres da empresa.
Segundo um dos integrantes do
comitê, na Junta Comercial consta apenas a autorização do Conselho de Administração para a holding fazer a captação.
Nos documentos levantados até
ontem pelo comitê, foi constatado
que a Parmalat Participações registrou uma subscrição de R$ 3
bilhões em seu capital. Esse pode
ter sido o destino do dinheiro, porém o comitê ainda não localizou
documento que comprove a integralização (aporte na forma de
bens e imóveis) do capital.
O que o comitê desconfia é que
o dinheiro não chegou a entrar na
empresa. "Há movimentações
muito estranhas, a empresa capta
recursos lá fora, registra no seu
capital, mas não tem o capital",
diz o juiz Abrão.
A holding Parmalat Participações, na verdade, resume-se à figura de Andrea Ventura, representante dos controladores italianos -a Parmalat SpA e a Parmalat Food Holdings (UK) Ltd.
É ele quem assina a ata da reunião dos sócios cotistas que decidiu, no dia 27, pedir concordata
preventiva. Ventura é, também,
diretor financeiro da Parmalat
Brasil S.A. Indústria de Alimentos, a empresa operacional do
grupo. Nas últimas semanas, ele
esteve na Itália negociando os
destinos da operação brasileira.
Intimação
O presidente da Parmalat Alimentos, Ricardo Gonçalves, recusou-se anteontem a receber a intimação de Abrão para prestar informações. O oficial de Justiça esteve em sua casa no final do dia,
mas não foi recebido. "A reunião
está mantida para amanhã [hoje]
à tarde, vamos ver se ele desobedecerá à convocação", disse o juiz.
Abrão afirmou que "é grande a
possibilidade de solvência [recuperação] da Parmalat Alimentos,
desde que ela não esteja muito envolvida nos problemas da sua holding local". Segundo Abrão, parte
do endividamento da holding, estimado em US$ 1,4 bilhão, tem o
aval da Parmalat Alimentos.
A extensão dessas relações ainda será apurada pelo comitê fiscalizador, para definir até que ponto
o lado operacional foi contaminado pelas dívidas da controladora.
Para isso, já se cogita ampliar o
raio de ação do comitê cujas investigações limitam-se às operações dos últimos 90 dias da Parmalat Alimentos.
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