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Gasto público gera aumento da carga
DA REPORTAGEM LOCAL
Everardo Maciel, ex-secretário
da Receita Federal do governo
FHC, responsável por um aumento de cerca de sete pontos percentuais na carga tributária do Brasil,
afirma que ""não existe despesa
órfã". "Todas têm pai e mãe."
""Todo mundo diz que o Brasil
tem a maior carga tributária entre
os países emergentes. O que ninguém diz é que o Brasil tem também o maior gasto entre os emergentes", afirma Maciel.
""Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário têm um custo
enorme, e o Brasil optou por ser
um "Estado de bem-estar social"
subdesenvolvido. Essa é a verdadeira razão da carga."
Maciel afirma que se trata de
""uma visão ingênua" do setor
empresarial e da sociedade discutir apenas a redução dos impostos
e sua complexidade, quando a
raiz do problema está nas despesas do setor público.
No ano passado, o governo federal aumentou seus gastos, em
termos nominais, em 18% (de R$
259,3 bilhões, em 2003, para R$
306,7 bilhões). Para compensar,
fez crescer a arrecadação também
em 18% (de R$ 358,8 bilhões para
R$ 423,6 bilhões).
Maciel qualifica como ""quase
impossíveis" as chances de uma
reordenação do sistema tributário no Brasil. ""Seria necessário,
pela primeira vez, um verdadeiro
pacto federativo", afirma.
O ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços), segundo Maciel, é o exemplo
acabado dessa dificuldade.
Cobrado pelos Estados em alíquotas que variam de acordo com
a intenção dos governadores de
atrair negócios, o ICMS é o campeão de arrecadação no setor empresarial, representando quase
22% da carga sobre as empresas.
""O ICMS é um erro de nascença.
Jamais deveria ter sido estadual.
Mas, politicamente, não há a menor chance de federalizá-lo."
Procurado pela Folha durante a
semana passada para responder a
perguntas relacionadas à reportagem, o atual secretário da Receita,
Jorge Rachid, não atendeu a pedidos de entrevista. (FCz)
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